"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

INFLAÇÃO NA VENEZUELA FOI DE 180% - PIB RECUOU

CAOS CHAVISTA
UM DIA APÓS O ANÚNCIO DE MEDIDAS DE MADURO, BCV DIVULGA NÚMEROS
A INFLAÇÃO EM 2015, SEGUNDO CARACAS, FOI DE 180,9% E O PIB TEVE UMA CONTRAÇÃO DE 5,7% (FOTO: MARCOS OLIVEIRA/AG. SENADO)


Um dia depois do pacote econômico anunciado pelo governo chavista, o Banco Central venezuelano fez uma rara divulgação de números oficiais da situação do país. A inflação em 2015, segundo Caracas, foi de 180,9% e o PIB teve uma contração de 5,7%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta para este ano inflação de 700% no país.

Maduro anunciou na noite de quarta-feira o primeiro aumento da gasolina em 20 anos. O litro do combustível agora custará 1 bolívar na octanagem mais baixa e 6 bolívares na mais alta. Antes, custava 6 centavos de bolívar - um valor que a inflação tornou praticamente irrisório.

Maduro também desvalorizou o câmbio usado pelo governo na venda de dólares em 37% e simplificou o modelo de bandas cambiais. O chavista ainda alterou a tabela de preços congelados, reajustou o salário mínimo em 20% e anunciou um plano contra a evasão fiscal e o contrabando de alimentos.

Ontem, os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica, e Lech Walesa, da Polônia, visitaram a Assembleia Nacional venezuelana e criticaram o modelo econômico bolivariano. O plano foi criticado por líderes opositores e entidades patronais.

“A Venezuela atravessa atualmente uma emergência humana que é consequência direta de políticas públicas equivocadas e a saída para essa crise é abandonar esse modelo econômico e não aprofundá-lo”, disse Arias. “A Venezuela pediu uma mudança profunda de rumo nas últimas eleições e só conseguirá isso com a ação conjunta do setor público e privado.”

Ainda de acordo com o ex-presidente costa-riquenho, a medida mais urgente a ser tomada pelo governo é o fim do controle cambial, que, na avaliação dele, enriquece poucos e empobrece muitos. “Se em algum momento a revolução bolivariana foi julgada por suas intenções, agora devemos julgá-la por seus resultados”, acrescentou. “É cinismo falar sobre conspiração e guerra econômica para quem foi testemunha dos erros e abusos das autoridades.”

Para Lech Walesa, a Venezuela está deixando de aproveitar seus vastos recursos naturais por abandonar o livre mercado. “Não há coisa pior que abandonar o livre mercado”, disse o ganhador do Nobel. “Não prendam mais as pessoas e trabalhem porque a sabedoria depende de união.”

Ontem, a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) lembrou o aniversário de dois anos de prisão do líder do partido Voluntad Popular, Leopoldo López. No começo da semana, a Assembleia aprovou uma Lei de Anistia, que deve ser vetada por Maduro.

“Não é nem mais do mesmo. É pior que o mesmo”, disse o deputado Henry Ramos Allup, presidente do Legislativo. “Não vai resolver nada aumentar a escassez de alimentos e remédios. Eles preferem que o país morra de fome a reconhecer que sem ajuda internacional não sairemos do buraco.”

A Fedecámaras, a principal entidade patronal da Venezuela, disse que o governo faz a leitura incorreta da crise econômica e as medidas anunciadas são insuficientes para corrigir os desequilíbrios. “Nos reuniremos nos próximos dias para dar sugestões”, afirmou em comunicado a entidade. (AE)



19 de fevereiro de 2016
diário do poder

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