"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 2 de janeiro de 2016

AMEAÇADO DE MORTE, YOUSSEF PREFERIU PASSAR NATAL NA CADEIA


Youssef, marcado para morrer
Em dezembro, a Justiça permitiu que dois dos principais delatores da operação Lava Jato passassem em casa as festas do final de ano. Foram beneficiados o doleiro Alberto Youssef, que está preso desde 17 de março de 2014, e o engenheiro Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, preso desde 14 de janeiro de 2015.
A saída temporária estava prevista nos acordos de delação premiada firmados com a Justiça. No caso de Youssef, porém, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, só homologou o aditamento no acordo de delação do doleiro no último dia 16.
O alvará de soltura temporária determinou que, durante o período de soltura, entre os dias 23 de dezembro e 2 de janeiro, os dois seriam monitorados por tornozeleira eletrônica e teriam escolta policial.
YOUSSEF NÃO ACEITOU
Cerveró não cabia em si de contente, foi hostilizado durante o voo de Curitiba ao Rio de Janeiro, mas para ele tudo era festa, ia passar o Natal e o Ano Novo em casa, com a família, parecia um sonho.
Mas o doleiro Youssef estranhamente desistiu de usufruir do benefício. Ele levava uma vida de milionário antes de ser preso. Morava num apartamento comprado por R$ 3,5 milhões na Vila Nova Conceição –um dos bairros mais caros de São Paulo. Estava tudo pronto para a viagem dele, mas às vésperas do Natal, no dia 23, surgiu a notícia de que ele iria continuar na cadeia.
Segundo o advogado de defesa, André Luis Pontarolli, seu cliente achou excessivamente rigorosos os critérios para a saída. “Ele entendeu que haveria um rigor excessivo na forma que se interpretaram as cláusulas contidas no acordo e que esse rigor acabaria inviabilizando e tornaria mais complexa, mais complicada sua saída, seus contatos com familiares”, disse o defensor, acrescentando que Youssef se sentiu injustiçado: “Essa é a posição que ele repassou e, em função disso, não vai mais sair.”
SOFRENDO AMEAÇAS
A justificativa de Youssef não pode ser levada a sério. Depois de quase dois anos na cadeia, onde já perdeu 16 quilos, quem se recusaria a passar as festas de Natal e Ano Novo com a família?
O fato real e concreto é que o doleiro está sofrendo graves ameaças, que envolvem não somente ele, mas também sua família. Outros presos da Lava Jato estão ameaçados, mas a situação é diferente em relação a Youssef, porque ele foi o único a ter afirmado que Lula e Dilma Rousseff tinham conhecido do esquema de corrupção institucionalizado na Petrobras e em outras estatais e setores do governo. Por isso, o doleiro se considera um homem marcado para morrer.
Por fim, ficou claro também que Youssef não acreditou que a escolta da própria Polícia Federal pudesse garantir sua segurança e da família. O resto é folclore, como diz meu grande amigo Raul Ferreira Galo.

02 de janeiro de 2015
Carlos Newton

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