"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

ELE MAIS QUE SABIA

‘NEGÓCIO ESTAVA ABENÇOADO POR LULA’, DIZ SALIM SCHAHIN

BUMLAI E VACCARI INFORMARAM QUE LULA ESTAVA A PAR DA LADROAGEM



SEGUNDO SALIM SCHAHIN, JOSÉ CARLOS BUMLAI E EX-TESOUREIRO DO PT DISSERAM QUE LULA ESTAVA A PAR DE EMPRÉSTIMO DE R$ 12 MILHÕES TOMADO PELO PECUARISTA EM 2004 CUJO BENEFICIÁRIO SERIA O PARTIDO (FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO)


O empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, afirmou em sua delação premiada que o pecuarista José Carlos Bumlai levou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em reunião na sede da empresa durante as tratativas para empréstimo de R$ 12 milhões, concedido em 2004, que teria como destino final os cofres do PT. 
Todo negócio estaria “abençoado” pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que nega.

A operação de empréstimo, um dos motivos que levou Bumlai para a cadeia nesta terça-feira, 24, como alvo central da Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobrás. 
Ele relatou em outubro aos procuradores da força-tarefa que Bumlai junto com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano teriam dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão – para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 – como compensação a uma dívida de “R$ 60 milhões” do PT com a Schahin. 
O empresário confirma a contratação como pagamento pelo empréstimo nunca pago feito pelo pecuarista amigo de Lula.

“Bumlai chegou a dizer a Fernando (Schahin) que o negócio estava ‘abençoado’ pelo presidente Lula”, registrou a Lava Jato, na delação de Salim. “O depoente e seu irmão Milton (Schahin) também receberam de (João) Vaccari (ex-tesoureiro do PT) a informação de que o presidente estava a par do negócio.”

Alvo da Lava Jato, Salim Schahin contou o que sabia no início do mês e relatou que o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu – preso pela Lava Jato e condenado no mensalão -, ligou pessoalmente para ele, após encontro com Bumlai e Delúbio. 
“A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de José Carlos Bumlai, mas a mensagem estava entendida.”

“Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin por Sandro Tordin um executivo do Banco na época, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões de reais”, contou Salim, em depoimento prestado no dia 12, para procuradores da força-tarefa da Lava Jato. 
“Na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do Partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente”, registra a força-tarefa.

Em 2004, o PT participaria das primeiras disputas eleitorais nos municípios, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, em 2002. 
“O empréstimo foi concedido porque abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo empresarial junto ao governo.”

O empresário, que decidiu fazer delação premiada, após membros da família terem sido citados por delatores da Lava Jato como envolvidos no esquema de propinas na Petrobrás, disse que o encontro com Delúbio ocorreu numa segunda reunião para tratar do assunto do empréstimo milionário. 
Ele havia ficado “incomodado com duas questões: a primeira era a de que o valor era muito grande para ser concentrado em apenas uma operação a uma pessoa física; e o segundo era que essa pessoa física estava sendo intermediário de empréstimo para o Partido dos Trabalhadores”.

Mesmo assim, Salim Schahin concordou com o empréstimo pois “poderia ser útil aos interesses do Grupo, aproximando-o efetivamente ao governo do PT e abrindo a possibilidade de retorno em negócios e oportunidade futuras”.Ligação do ministro. “Dias depois foi realizada uma nova reunião na sede do Banco Schahin”, conta Salim. 
“Como novidade, Bumlai veio acompanhado de Delúblio Soares.” A presença do ex-tesoureiro do PT – que foi condenado em 2012 no processo do mensalão – “trouxe um pouco de mais de conforto”, disse Schahin. 
“Tendo em conta que ele, diferentemente de Bumlai, tinha relação direta com o PT.” 
No novo encontro, o empresário afirmou que Bumlai e Delúbio insistiram na necessidade de urgência no empréstimo.

“Nessa ocasião o próprio Delúbio Soares confirmou o interesse do Partido para que a operação fosse concluída o quanto antes.”

Schahin conta que nesse segundo encontro, Bumlai e Delúbio informaram que como “evidência adicional” a Casa Civil procuraria um dos acionistas do Banco Schahin. 
“Dias depois o depoente (Salim Schahin) recebeu um telefonema de José Dirceu. A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de Bumlai, mas a mensagem estava entendida.” (AE)


25 de novembro de 2015
diário do poder

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