"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

LÍDER EMPRESARIAL DENUNCIA "DESINDUSTRIALIZAÇÃO SILENCIOSA"



Pastoriza afirma que a crise mais grave é a do setor industrial
Depois de perder 25 mil empregos no primeiro semestre e sem previsão de novas encomendas para o ano, as indústrias de máquinas devem fechar ainda mais vagas até 2015 acabar, quando esse número pode dobrar. A previsão é do engenheiro Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq, associação que representa 1.535 empresas filiadas, que foi para a rua nesta quinta-feira, acompanhado de trabalhadores representados por três centrais sindicais, em uma manifestação em defesa da indústria e do emprego.
Além da crise econômica, ele diz que o setor de máquinas e a indústria de transformação sofrem os efeitos de uma desindustrialização “silenciosa”. Sem resolver os juros “pornográficos”, o sistema tributário complexo, “com o viés de facilitar a importação”, e um patamar de câmbio adequado, Pastoriza acredita que o país não terá condições de sair da crise.
Confira os principais pontos da entrevista dele.
DIFICULDADES DO SETOR
“O setor de máquinas é que mais sofre na indústria de transformação porque máquina é investimento para quem compra. E a primeira coisa que empresário faz, em época de insegurança e crise, é cortar investimento. Este é o terceiro ano consecutivo de queda real de produção e faturamento. Somados, significa um tombo de 30%, um terço disso só neste ano. Até segmentos que vão relativamente bem, como o de maquinário agrícola, cancelaram pedidos e vão esperar. Na hora que se faz isso, a crise se materializa: sai da cabeça do empresário e vai para o mundo real. Afora a falta de investimento privado e público, que afeta o setor industrial, há oito anos convivemos com o chamado ‘tripé do mal’.”
TRIPÉ DO MAL
“Temos juros pornográficos, os mais altos do planeta, que afetam os custos e, portanto a competitividade, do produto. Nosso sistema tributário, além de complexo, é perverso, burro e irracional, porque penaliza mais quem fabrica no Brasil do quem importa de lá de fora. Ele não permite que uma fabricante de máquinas se credite de insumos indiretos, por exemplo. Uma peça que vai na máquina gera um crédito que posso compensar [na hora de pagar imposto], mas não posso debitar a cândida que uso para lavar o chão da fábrica. Juntos esses resíduos tributáveis que não compensáveis têm impacto de 7% no preço de uma máquina fabricada aqui. Só pelo fato de fabricar aqui pago mais caro que meu concorrente importado, só com esses resíduos. O terceiro ponto é o câmbio desequilibrado. O custo Brasil chegou a bater em 43% dois anos atrás. Mesmo com a alta do dólar, ainda é 25% mais caro produzir a máquina aqui, se compararmos mesma tecnologia e maquinário, com o que se faz na Alemanha ou nos EUA. O falecido ministro Mario Henrique Simonsen dizia: juro alto aleija uma empresa, mas o câmbio alto mata. A indústria está sendo aleijada e morta há pelo menos oito anos.”
DESINDUSTRIALIZAÇÃO MASCARADA
“O Brasil passa por uma desindustrialização silenciosa, mascarada. Não vemos o fechamento em massa das fábricas, mas as indústrias silenciosamente deixam de ser fabricantes para virarem montadoras e, em seguida, importadoras. Fazem isso de uma forma maquiada. Por exemplo, o eletrônico vem acabado da China, a empresa tira a placa do produto xingue-lingue e coloca a de fabricado no Brasil, com uma marca conhecida. Perde o consumidor, perde o trabalhador, perde o país. A empresa faz isso porque quebraria se continuasse produzindo aqui. Isso está disseminado em vários segmentos, de eletrônicos, linha branca, brinquedos, instrumentos musicais a outros. Enquanto isso ocorre, o emprego vai sendo dizimado na indústria. Além desse movimento, a criação de vagas no Brasil ocorreu nos últimos anos em setores de baixo valor agregado, como o de serviços, comércio, que não geraram riqueza ao país. Sofremos as consequências disso tudo.”

14 de agosto de 2015
Claudia Rolli
Folha

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