"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

EMPRESÁRIO LIGADO A DIRCEU E AO PT NEGOCIA DELAÇÃO



Fernando de Moura operava desde os tempos do mensalão
O empresário e lobista Fernando Antonio Guimarães Hourneaux de Moura, elo do PT e do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) na Petrobras, negocia delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Os investigadores acreditam que as revelações de Moura fecham de vez o cerco a Dirceu.
Moura e Dirceu foram presos preventivamente dia 3 de agosto na Operação Pixuleco, 17.º capítulo da Lava Jato, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro desviado da estatal em contratos bilionários com o cartel formado pelas maiores empreiteiras do País.
A primeira sondagem para a delação do empresário ocorreu no início da semana. Moura demonstrou interesse, inicialmente, mas tem receio de sofrer retaliações. Por isso, as tratativas estão sendo realizadas com discrição e sob sigilo. Um dos principais investigadores da Lava Jato, peça central nos procedimentos de delação, viajou repentinamente. Quando retornar da viagem o acordo deverá ser retomado.
OS INTERESSES DE DIRCEU
Fernando Moura seria um operador de propina que representava os interesses de Dirceu na Petrobras. Foi ele o responsável por indicar o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque como cota do PT, no esquema de corrupção na estatal. Duque foi preso na Operação ‘Que País é esse?’ e já decidiu fazer delação premiada.
O nome de Duque, funcionário de carreira da estatal, foi apresentado por Fernando Moura a Silvio Pereira, então indicado por Dirceu para preencher cargos de primeiro escalão no governo que se iniciava, em 2003.
Desde então, a relação entre Moura e Dirceu se estreitou. Ficaram amigos. Todos os negócios relativos à Petrobras que envolviam algum interesse do grupo de Dirceu na estatal passavam por Moura. Era ele o encarregado de fazer a ligação entre a Petrobras, os operadores e os empresários.
VETERANO NA CORRUPÇÃO
“(Moura) já vem de muito tempo, desde o escândalo envolvendo o ex-tesoureiro do PT Silvinho que recebeu uma Land Rover (de empresa contratada pela Petrobras)”, diz o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato. “Através de Fernando Moura, Renato Duque chegou à Diretoria de Serviços da Petrobrás. Esse esquema passa pela compra de apoio parlamentar, talvez seja o primeiro ponto. Passa por uma facilitação do núcleo das empreiteiras, pelo enriquecimento de algumas pessoas, caso de José Dirceu, enriquecimento pessoal, não mais do partido (PT).”
Segundo o Ministério Público Federal, o lobista Milton Pascowitch, um dos delatores da Lava Jato que incriminou o ex-ministro-chefe da Casa Civil, afirmou que ele e o irmão José Adolfo Pascowitch efetuaram pagamentos tanto a Fernando Moura ‘como a pessoas a ele ligadas, como seu irmão Olavo, seu filho Leonardo, suas filhas Lívia e Anitta e o sobrinho Tiago’.
A Procuradoria afirma que os pagamentos ocorreram na forma de ‘doações’, em um valor global de cerca de R$ 5,3 milhões, no período de 2009 a 2010. “A origem dos recursos, segundo o colaborador (Pascowitch), consistiu em propina de contratos da (empreiteira) Engevix para obras em Cacimbas II.”, destacou a força-tarefa da Lava Jato no pedido de prisão do ex-ministro José Dirceu.

14 de agosto de 2015
Ricardo Brandt e Julia Affonso
Estadão

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