Os gênios do Planalto até passaram alguns dias mais aliviados, apesar da expansão das investigações da Operação Lava Jato para o setor elétríco. Eles julgam que conseguiram colocar o deputado Eduardo Cunha nas cordas, como se diz no linguajar do box, e agora a tendência é o presidente da Câmara ir perdendo força. Sonhar ainda não é proibido. A força de Cunha está justamente no seu cargo, que ele recupera semana que vem, com o final do recesso parlamentar, e ainda ganhará ainda mais visibilidade ao assumir a presidência da CPI do BNDES, que vai ter resultados estarrecedores.
Em Brasília, especula-se que o Planalto estaria pressionando o procurador-geral Rodrigo Janot para que apresente ao Supremo as denúncias contra Cunha e o senador Fernando Collor (PTB-AL) antes das manifestações de 16 de agosto, para arrefecer a campanha pelo impeachment de Dilma, como se uma coisa dependesse da outra, vejam até onde vai a incompetência dessa gente.
O Planalto faz um cálculo primário e diz que Cunha só tem 255 votos. Na hora do impeachment, os partidos de oposição e os indecisos se bandeiam para a parte vencedora, isso é mais do que sabido.
MÃOS À OBRA
Denunciado ou não por Janot, Cunha colocará mão à obra de demolir o governo Dilma para que o PMDB chegue logo ao poder. Ele aproveitou esses dias para fazer contatos políticos e preparar a pauta de votações da Câmara, garantindo que a organizou exclusivamente com base no interesse público, que nada tem a ver com o interesse do Planalto, muito pelo contrário.
Realmente, vai colocar em votação um projeto da maior relevância, destinado a aumentar os juros do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, para eliminar prejuízos diretos sofridos pelos trabalhadores há pelo menos 25 anos.
A Lei 8.036/1990 determina que todo dia 10 haja atualização monetária mensal, além de juros de 3% ao ano. À primeira vista, nada mal, pois haveria rendimento acima de inflação. Mas a atualização monetária é uma peça de ficção. Em 2013, por exemplo, o rendimento do FGTS foi de apenas 3,19% e em 2012, de 3,39%, sempre muito abaixo da inflação. Portanto, não é um investimento criado para o trabalhador, mas um prejuízo programado. Isso tem de acabar, e Cunha vai faturar mais essa em cima do governo, com apoio de todos os sindicatos e centrais.
Outro projeto a ser votado é uma emenda à Constituição que permite ao poder público o uso de 30% dos depósitos judiciais privados, para quitação de precatórios. A proposta é importantíssima. Uma das maiores vergonhas brasileiras é justamente o atraso no pagamento de precatórios. O cidadão ganha uma ação contra o poder público, mas o dinheiro fica retido por décadas e só é recebido por seus netos. Isso também precisa acabar, e Cunha tem faro para esse tipo de iniciativa.
IMPEACHMENT
Quanto ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, Cunha mandou serem atualizados os 12 pedidos encaminhados à Mesa Diretora. Ou seja, já ligou o forno crematório da Câmara, onde pretende assar as batatas presidenciais, embora saiba que vingança é prato que se deve comer frio. Saboreando.
30 de julho de 2015
Carlos Newton
Nenhum comentário:
Postar um comentário