Depois de romper formalmente com o governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que vai tratar “de forma técnica e jurídica” os pedidos de impeachment que foram protocolados na Câmara e que, nos casos em que houver fundamento, os pareceres serão acolhidos.
O discurso do peemedebista aos empresários reunidos pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) marca uma mudança de tom em relação às suas intervenções sobre o tema. Durante um evento organizado pelo mesmo grupo em abril, na Bahia, Cunha rechaçou prontamente a ideia de acolher os pedidos de impeachment contra a presidente.
Naquela ocasião, o PSDB ensaiava apresentar um pedido em conjunto com as demais siglas de oposição. “O que vocês chamam de pedalada é a má prática de se adiar investimento para fazer superávit primário. Isso vem sendo praticado nos últimos 15 anos sem nenhuma punição”, afirmou.
MUDANDO O DISCURSO
Na segunda-feira, diante da mesma plateia, o discurso foi outro. “Vamos tratar tudo e todos de forma técnica e jurídica. Havendo fundamento, o processo será analisado.” Em um sinal de que poderia usar o impeachment como mais uma forma de desgastar o governo, Cunha encaminhou ofício para que todos os responsáveis pelos pedidos apresentados até o começo do recesso adequassem seus documentos às normas do regimento. O procedimento não é usual. Normalmente, os pedidos fora do formato exigido são imediatamente arquivados.
Aos empresários, entretanto, o deputado afirmou que não pretende “incendiar” o cenário político. “Eu vou separar muito bem isso. Vou ter até uma cautela, para não antecipar meu julgamento, ou parecer que qualquer tipo de posicionamento tem a ver com a mudança do meu posicionamento político, que eu anunciei publicamente”, disse. “O impeachment não pode ser tratado como recurso eleitoral”, concluiu.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – E para enlouquecer (ainda mais) a senhora Dilma Rousseff, o presidente da Câmara disse aos empresários de que não há a menor dúvida de que o TCU vai dar parecer contra a aprovação das contas do governo. Tradução simultânea: com isso, configura-se o crime de responsabilidade necessário para haver o impeachment. (C.N.)
30 de julho de 2015
Deu no Estadão
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