Se houve um vitorioso na votação da medida provisória 665 foi o vice-presidente Michel Temer. Afinal, mesmo por margem reduzida, a Câmara aprovou a maldade inicial da equipe econômica. Todos os demais perderam, e muito.
Começa pela presidente Dilma, objeto das mais grosseiras porém justas acusações de haver traído promessas expostas na campanha, ao tomar a iniciativa de cortar direitos trabalhistas. Se Madame não podia mais sair à rua por conta da indignação popular, agora precisa evitar assistir pela televisão as sessões da Câmara.
O PT também disputa a pole-position da rejeição nacional, demonstrando que se continua partido, não é mais dos trabalhadores. Os oito deputados que saltaram de banda e não compareceram, mais o único que votou contra, foram derrotados pelos 55 traidores do passado, algozes das prerrogativas sociais.
Perdeu também o PMDB, demonstrando estar sempre trocando convicções por cargos no governo. O partido que já foi do dr. Ulysses agora parece entregue ao doleiro Alberto Youssef, na medida em que faz tudo por dinheiro. Mesmo assim, alguns de seus deputados rejeitaram o projeto.
As oposições também entram na fila. Não conseguiram maioria para rejeitar a proposta celerada que reduz o seguro-desemprego e o abono salarial. Tudo indica que fracassarão na defesa das pensões das viúvas. No DEM, colheram-se oito votos favoráveis ao governo, imaginando-se quais teriam sido as benesses prometidas ou já concedidas pelo vice-presidente.
TRABALHADOR DERROTADO
Grande derrota, podendo ser calculada em milhões de reais, sofreu o trabalhador. Precisará ralar quando estiver desempregado, perderá parte substancial do abono capaz de minorar as agruras do salário mínimo, além do risco de punição por ser jovem e viúvo. Ficará sem as pensões, mesmo mantendo os filhos.
Em suma, nada de novo sob o sol, desde que o governo do PT aderiu ao neoliberalismo, coisa vinda dos tempos do Lula no poder. Suas Excelências continuarão faturando, sem fazer caso dos sete milhões de desempregados existentes no país, lamentando, talvez, que a Força Sindical os tivesse bombardeado com dólares falsos. Se fossem verdadeiros, muito melhor.
REPATRIAR, NUNCA!
Calcula o Banco Central que pelo menos 520 bilhões de dólares pertencentes a brasileiros ou estrangeiros aqui estabelecidos encontram-se em paraísos fiscais, lá fora. Tivesse o governo vontade e instrumentos e boa parte dessa quantia poderia ser repatriada. Bastaria para resolver a crise econômica e serviria para a retomada do desenvolvimento, tanto faz se com ameaças e punições ou mediante promessas de anistia.
08 de maio de 2015
Carlos Chagas
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