"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

AFINAL, O QUE PRETENDE JOAQUIM LEVY?

 

Será que o ministro Joaquim Levy também já está de olho no poder

Há quase quatro meses no comando do Ministério da Fazenda, Joaquim Levy tem mostrado desenvoltura política impressionante para quem foi apresentado como um técnico tímido e compenetrado, não muito afeito aos salamaleques da Corte que habita Brasília. A forma como vem transitando dentro do governo e no Congresso Nacional tem chamado a atenção de parlamentares astutos, que veem em Levy um projeto de poder que pode desaguar em uma tentativa de se lançar candidato à Presidência da República em 2018.

Como o PT está desgastado, por causa das gravíssimas denúncias de corrupção, nem mesmo o ex-presidente Lula apresenta hoje condições de manter o partido no poder, como mostram as mais recentes pesquisas de intenção de votos. A única chance de a legenda que comanda o país desde 2003 se mostrar competitiva na disputa pela sucessão de Dilma Rousseff seria lançar um nome novo, fora do círculo tradicional de políticos. Por que não Levy?

Ambições o ministro tem de sobra. Quem o viu circulando pela Tecnoshow Comigo, feira agrícola realizada em Rio Verde, interior de Goiás, tinha a certeza de se tratar de um político-candidato. Vestindo camisa com as mangas dobradas, chapéu de palha e distribuindo beijinhos, Levy estava muito distante do técnico que assumiu com a missão de promover um forte ajuste nas contas públicas, usando um linguajar muito longe da compreensão do povão.

LEVY E PALOCCI
É possível associar os primeiros meses de Levy aos do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, com o qual o atual ministro trabalhou como secretário do Tesouro Nacional. Ao comandar um programa para resgatar a credibilidade da economia, no início do primeiro governo Lula, Palocci tornou-se referência na administração petista.

À medida que ia colhendo bons resultados na economia e se mostrando articulador perspicaz e sensato, Palocci passou a ser visto como um provável sucessor de Lula. Sua visibilidade foi tão expressiva, que passou a despertar inveja dentro do governo. Acabou tendo todas as chances de chegar à disputa presidencial atropeladas pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Auxiliares próximos a Levy garantem que, neste momento, não há nenhuma intenção por parte do ministro de enveredar para a política. Mas destacam que o ministro não economiza esforços para ganhar relevância dentro do governo. Ele sabe que, se conseguir levar adiante o programa de ajuste fiscal que prometeu, arrumar a casa destruída no primeiro mandato de Dilma, ganhará musculatura para projetos mais ambiciosos. Quem sabe o Palácio do Planalto.

EM TRÊS PARTIDOS
Não se pode esquecer de que Levy tem conexões com os três maiores partidos do país.
Está num governo PT, trabalhou para o PSDB, durante a administração de Fernando Henrique Cardoso, e fincou raízes no PMDB ao comandar a secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro.
Os próximos passo do ministro da Fazenda vão mostrar suas reais intenções.
Sobretudo quando 2017 chegar. Lá, acredita ele, o Brasil estará redondinho, crescendo a uma taxa superior a 2%, com inflação próximo do centro da meta, de 4,5%, e contas públicas ajustadas.
Levy será apontado como o salvador da Pátria, título que cabe muito bem numa campanha eleitoral.

17 de abril de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense

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