Quando o centro da cidade está vazio, isto é, somente com os seus habitantes naturais, curto umas andanças, observando as casas, o patrimônio histórico quase invisível na agitação do dia a dia, com sua multidão anonima, ansiosa, parecendo caminhar desnorteadamente em busca de algo indefinido... Assemelham-se as tontas formiguinhas, (tontas aos nossos olhos, pois sabem bem para onde querem ir) em busca dos tesouros adocicados, migalhas espalhadas descuidadamente no banquete dos mortais.
Mas curto sobretudo a criatividade de alguns "pichadores", anarquistas no bom sentido do termo, que manifestam suas opiniões e insatisfações, com escritas nas paredes de muros, de fachadas de casas, onde encontram lugar para mandar suas mensagens.
Não estou falando dos presunçosos e narcisistas que picham garatujas e inundam a cidade de rabiscos indecifráveis, emporcalhando e poluindo a paisagem urbana, numa disputa pelos mais inacessíveis pontos...
Refiro-me a singularidade de alguns "filósofos" que deixam esparsas e raras pérolas, talvez não perceptíveis a muitos.
Alguns ficam intrigados com frases propositadamente 'misteriosas', com palavras obscuras e desconhecidas, que muitas vezes não fazem sentido na frase em que as colocam. Dentre elas, uma ficou notoriamente conhecida, já faz muitos anos, e que dizia: "Celacanto provoca diarréia".
Gerou muitas polêmicas, pois a tal palavrinha "celacanto" carregava idescritível ameaça. Apenas um jogo de palavras...
Infelizmente, porém, predomina mesmo é o abuso agressivo do prazer de sujar, de depredar a propriedade, muitas vezes com suas pinturas recém renovadas. Esconjuro esses vândalos...
Gerou muitas polêmicas, pois a tal palavrinha "celacanto" carregava idescritível ameaça. Apenas um jogo de palavras...
Infelizmente, porém, predomina mesmo é o abuso agressivo do prazer de sujar, de depredar a propriedade, muitas vezes com suas pinturas recém renovadas. Esconjuro esses vândalos...
Não confundi-los com os grafiteiros, artistas desconhecidos que vestem com suas fantasias a paisagem árida dos muros. Alguns expõem verdadeiras obras de arte, que não fariam feio numa tela.
Porém, há um impulso que os move em direção ao espaço público, como um manifesto que pretende se apropriar da cidade em que moram.
Detenho-me, muitas vezes, diante de trabalhos - alguns verdadeiramente fantásticos - com aquela habilidade de usar as cores, demonstrando singular perícia de pintor. Como desenhos de crianças, que intuitivamente usam as cores com uma competência que muitas vezes fico pensando de onde arrancam com tanta inteligência, intensidades multicoloridas...
Mas são os "filósofos", como inicialmente escrevia, que me chamam mais a atenção...
Uma frase, que eu diria ser um verdadeiro provérbio, pleno de sabedoria, razão desta pequena crônica, que pretendo revelar.
Modestamente rabiscado com spray preto, numa parede branca, estava lá, como um alerta aos mais conscientes:
"O LOBO É MAU, PORQUE AS OVELHAS SÃO MANSAS".
Assim falaria um profeta...
Maktub...
15 de março de 2015
m.americo
15 de março de 2015
m.americo
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