"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 15 de março de 2015

BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA




Em seu primeiro discurso após tomar posse no segundo mandato, a presidente Dilma, falando da maneira confusa como costuma se expressar, dedicou várias partes de sua fala a autoelogios e promessas impossíveis de cumprir. O que não é novidade.

Lançou, também, o lema de seu novo governo: “Brasil – Pátria Educadora”. Perfeito. Ninguém pensa em contestar a necessidade premente de grande esforço para melhorar nosso padrão educacional, motivo de vergonha em todos os testes nacionais e confrontos internacionais em que os estudantes brasileiros são avaliados.

Que bom se fosse verdade!

Poucos dias depois, a prioridade do governo federal para a educação começou a ser demonstrada.

Iniciou com um corte de sete bilhões de reais no orçamento da educação.
Prosseguiu com o fechamento do Museu Nacional, da UFRJ, a mais antiga instituição científica do Brasil e o maior museu de história natural e de antropologia da América Latina, criado por D. João VI em 1818. O Museu Nacional ficou fechado durante todo o Carnaval, quando centenas de turistas procuravam aproveitar a estada no Rio de Janeiro para visitar a renomada instituição.  Motivo do não funcionamento: falta absoluta de verbas para pagamento das empresas contratadas para os serviços de higiene e de segurança.

O mesmo problema atinge a totalidade das universidades federais, a maioria das quais ainda não começou seu ano letivo. Algumas pretendem fazê-lo em abril, se for possível. Todo o primeiro trimestre terá sido desperdiçado e as aulas serão condensadas ou substituídas por trabalhos de pesquisa que, em tempos de Internet, resumem-se a um copiar-colar sem nenhum efeito no aprendizado.

Como costuma acontecer em nossa Pátria mãe tão distraída, nenhum organismo representativo dos alunos, de seus pais, dos professores, faz qualquer pronunciamento sobre este desrespeito criminoso, este descaso com o futuro dos jovens e do país.

Mas somos uma Pátria educadora – belo mote.

Para demonstrar cabalmente a preocupação do governo Dilma com a educação, temos, finalmente, o caso do FIES – Fundo de Financiamento Estudantil, destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas.

Novos estudantes não conseguem inscrever-se no programa, pois o processo pela Internet é bloqueado antes do registro do candidato.

E os membros já participantes do FIES não receberam, até agora, a importância relativa às primeiras mensalidades do ano, estando inadimplentes em suas faculdades e sendo ameaçados de cobrança de multas e juros pelo atraso.             Também eles não conseguem nenhuma explicação sobre a situação, seja através do portal do MEC na Internet ou da central de atendimento telefônico.

As diversas bolsas e fundos beneficentes criados pelo governo nos tempos das vacas gordas começam a não funcionar na atual situação delicadíssima das finanças públicas.

E ainda vem nossa suprema mandatária proclamar majestosamente, do alto de seu trono de semideusa no Olimpo, que somos uma Pátria educadora.

Ainda bem que suas palavras merecem cada vez menos crédito, o que se reflete nas estrondosas vaias com que tem sido recebida, até mesmo em locais preparados para saudá-la.

Tristes tempos estes em que vivemos: a esperança em melhores dias desmorona, adiada cada vez mais para longe, a situação econômica, política e social degringola, a cada dia somos surpreendidos com novos escândalos, corrupções e falcatruas e as falas de nossas autoridades não merecem o menor crédito.

Só mesmo dizendo como o MEC autoriza: nóis merece, nóis votemo…

15 de março de 2015
Clovis Purper Bandeira, General na reserva, é Editor de Opinião do Clube Militar.

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