"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O ELDORADO VIROU PÓ

O Brasil acreditou na propaganda do PT. Milhares de incautos caíram na pegadinha do ex-presidente Lula

Nove anos depois do anúncio de que Itaboraí seria a terra prometida, escolhida para sediar o Comperj, maior polo petroquímico do país, assistimos estarrecidos ao sonho virar pesadelo.

De polo petroquímico, o Comperj virou refinaria. O que inicialmente deveria terminar em 2013, agora só em 2017. Vieram as greves dos trabalhadores, primeiro sinal de que alguma coisa ia mal. Na sequência, o escândalo do petrolão e a queda do preço do barril de petróleo para menos da metade do que valia há dez anos, ameaçando seriamente inviabilizar o pré-sal e a própria Petrobras.

Não será surpresa se a nossa refinaria virar em breve um posto de gasolina.

Desde que foi feito o anúncio, em 2006, pelo então presidente Luís Inácio Lula da Silva, o melhor vendedor de ilusões que a história recente já produziu, de que Itaboraí era a terra prometida, escolhida para sediar o empreendimento da Petrobras, a cidade nunca mais foi a mesma.

Até então, éramos um município de pouco mais de 180 mil habitantes, onde as pessoas se cumprimentavam pelo nome e dormiam de janelas abertas. Uma cidade dormitório, mais conhecida por suas laranjas, cerâmica e quebra- molas do que pelo fato de ter abrigado um dos portos mais importantes do Império, o Porto das Caixas. Sim, o IDH era baixo, mas as expectativas também.

A partir daquele dia, o Fusca virou Ferrari. A cidade acelerou de zero para 200 km. A população cresceu rapidamente, com a chegada de trabalhadores e suas famílias, pressionando por serviços públicos que já não eram lá um modelo de eficiência. Juntos, vieram a inflação e a especulação imobiliária que deixaram os aluguéis cobrados em Itaboraí em meados de 2012 comparáveis aos do Leblon, Zona Sul do Rio.

Os moradores mais antigos se assustaram com tamanha confusão e com tantas caras novas que chegaram à cidade; já os mais jovens se encheram de esperança. Era mesmo excitante viver numa cidade tão próspera que assistia à chegada de hotéis de grandes redes, centros comerciais, prédios de luxo e shopping centers, entre outras novidades.

Hoje, a realidade é outra. O cenário é de desolação: os trabalhadores que vieram atrás do Eldorado agora estão desempregados, e vagam sem rumo pelas ruas da cidade sem poder retornar para casa; os aluguéis reduzem e a violência grassa na mesma velocidade em que a economia despenca. Recentemente, uma grande rede hoteleira anunciou a suspensão da construção da segunda unidade no município. Há investidores que sequer vieram buscar as chaves dos imóveis que compraram.

Os cofres públicos sofrem o impacto. A arrecadação de ISS, que já foi de R$ 30 milhões/mês, está em R$ 18 milhões e deverá cair em breve para menos da metade. Como atender à demanda por serviços públicos de uma população que cresceu, segundo o IBGE, mais de 20% em tão pouco tempo? A matemática não fecha. O Brasil acreditou na propaganda do PT. Milhares de incautos caíram na pegadinha do ex-presidente Lula. Agora é preciso responder: quem arca com tamanho prejuízo?


14 de fevereiro de 2015
Hélio Cardozo, O Globo

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