"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

EL PAÍS: CASO PETROBRAS RESPINGA EM OBRAS NA AMÉRICA LATINA

 


O jornal espanhol El País publicou nesta sexta-feira (12/12) um artigo em que fala de uma maior abrangência do já enorme escândalo da maior empresa brasileira.

“Quando o primeiro ex-diretor da Petrobras detido na Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa, afirmou que a corrupção investigada ‘se dá em todo Brasil’, pode ter sido pouco”, escreve o correspondente Pedro Cifuentes.

Ele continua:

“O documento que a Polícia Federal encontrou no domicílio do cambista arrependido Alberto Youssef, com registros de mais de 700 contratos, ameaça  ampliar mais, se cabe, o âmbito do maior sumário de corrupção da história brasileira. O já célebre juiz de Paraná Sergio Moro reconheceu que as revelações são “perturbadoras” e sugeriu que “o esquema criminoso de fraude e licitação, superfaturamentos e subornos poderia ir muito além” da petroleira estatal. Não se refere só ao resto do país. O citado documento inclui obras públicas realizadas em vários outros países latino-americanos como Argentina e Uruguai (sócios do Brasil no Mercosul) ou Equador e Colômbia”. 

As listas apreendidas de Alberto Youssef, preso desde março e acusado de lavagem de dinheiro, especificam (como divulgou a TV Globo no fim de semana) detalhes sobre 747 obras realizadas por 170 empresas, a maioria de empreiteiras, em uma folha de pagamento que guarda grande semelhança com as empresas investigadas na enorme operação desencadeada pela Polícia Federal há 18 meses.

A soma total desses projetos é de 11.500 milhões de reais (4.600 milhões de dólares); talvez uma quantidade modesta em comparação com a gigantesca trama de subornos, lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de partidos políticos descoberta no entorno da Petrobras, “mas que poderia ser apenas a ponta do iceberg de outro escândalo enorme”, fontes próximas ao caso contam ao jornal El País.

PROFUNDA INVESTIGAÇÃO

“Das obras que aparecem na lista apreendida com Youssef, 59% tinham a Petrobras como cliente final. Os principais projetos eram de infraestrutura de transporte (portos, aeroportos, metrôs), assim como refinarias e obras de mineração e saneamento. O juiz Moro pediu explicitamente uma “profunda investigação” para confirmar as suspeitas sobre as novas irregularidades. Rodrigo Janot, procurador-geral da República, confirmou que as novas revelações já estão sendo analisadas pelo Ministério Público.

Entre as obras contempladas na lista destaca-se a ampliação do porto de Mariel, a 50 quilômetros de Havana (Cuba), ambicioso projeto de nova zona franca comercial realizado com financiamento brasileiro cujo primeiro desenvolvimento foi inaugurado em janeiro com a presença da presidenta Dilma Rousseff e foi criticado durante a recente campanha pelo opositor Aécio Neves.

Construído pela gigante Odebrecht (investigada na operação Lava Jato, embora seja uma das poucas empresas do suposto clube de empreiteiros corruptores que não teve nenhum diretor preso), sua cotização alcança os 7 bilhões de euros. No documento aparece citado com um valor de 3,6 milhões de reais (1,5 milhões de dólares), sem maior explicação. A construtora negou o pagamento de suborno”, escreve Cifuentes
.
“Nas listas explosivas de Youssef aparece também um gasoduto argentino da província de Córdoba que teria recebido em 2008 ajuda no valor de 60 milhões de reais (28 milhões de dólares) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o principal banco de desenvolvimento latino-americano, que na última década concedeu empréstimos no valor de bilhões de dólares a seu vizinho austral para a expansão da rede de gás. Porta-vozes do BNDES se apressaram a negar qualquer participação no esquema.”

A espiral do ‘caso Petrobras’ é dificilmente tangível. Em seu auto do fim de semana, o juiz assinala que não só o setor do petróleo deve ser objeto de investigação. A três semanas do segundo mandato de Dilma Rousseff como presidenta da República, a oposição poderia pressionar para que a investigação alcance o setor elétrico e a maioria das obras federais.

No entanto, a hipotética participação de partidos opositores nos delitos poderia esfriar este ímpeto. Neste cenário tão complicado, uma pedra de toque poderia ser a empresa pública Cemig (radicada em Belo Horizonte), uma das maiores elétricas da América Latina, algumas de cujas operações suscitam suspeitas judiciais”, conclui o artigo do El País.

(artigo enviado por Guilherme Almeida)

18 de dezembro de 2014
Deu no Jornal do Brasil

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