"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 12 de outubro de 2014

VENCER É UM DETALHE

BRASÍLIA - O técnico de futebol Carlos Alberto Parreira disse uma vez que o gol era só um detalhe. Foi crucificado. Mas ele estava certo. Sem treinamento, jogo coletivo, talentos individuais, esforço constante e uma defesa que recupere a bola e saiba sair jogando, é difícil um time marcar um gol e ganhar a partida.

A metáfora vale também para a política e eleições. Quando um prefeito, governador ou presidente da República perde uma eleição, é raro a derrota se dar por causa de um fato fortuito. Às vezes, pode acontecer (como um gol contra no futebol). Mas o mais lógico é a soma do trabalho durante quatro anos acabar se refletindo nas urnas.

A presidente Dilma Rousseff chega a este momento, faltando duas semanas para o segundo turno da corrida presidencial, com 49% de intenções de voto e 43% de rejeição. Numa conta simples, conclui-se que pode pescar apoios em apenas 8% do eleitorado. Não é impossível, mas tampouco é fácil ou simples.

Pior para Dilma é o clima de país partido que ela e o PT estimularam nas últimas décadas. Na narrativa petista, o Brasil hoje se divide entre ricos contra pobres, regiões Norte e Nordeste contra as demais. Nesse clima beligerante --apesar da roupa azul clara na sua primeira propaganda de TV-- não é fácil em duas semanas estender a mão, dizer que o "governo novo" terá "ideias novas".

Pode ser que no dia 26 de outubro a contabilização dos votos pela Justiça Eleitoral dê mais quatro anos para Dilma. Nesse caso, estará validada toda a tática usada até agora, o discurso do medo, o estímulo ao ódio e ao combate em áreas nas quais seria melhor buscar convergências.

No caso de Aécio Neves, o PSDB portou-se como aquele jogador que ficou quase parado, perto da área adversária. Uma bola parece ter sobrado e há boas condições para marcar o gol. Mas, como dizem os comentaristas esportivos, nessas horas, o chute não precisa de força. É só jeito.

 
11 de outubro de 2014
Fernando Rodrigues, Folha de SP
 

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