A conversa foi interceptada pela Polícia Federal e estava sob sigilo até o início deste mês. De acordo com a Gazeta do Povo, os diálogos não deixam claro se o convite teria sido feito pela própria presidente da República ou pelo PP, partido que controla o ministério.
Na primeira mensagem, enviada às 19h34, Argôlo pergunta para Youssef: “Vc sabia q chamaram PR pra assumir o Ministério?? E ele n quis. Aguinaldo [Ribeiro, o ministro] saiu hoje” (sic).
Segundo as investigações, a sigla PR era usada para citar Paulo Roberto Costa. Youssef responde:
“Sabia. Ele já tinha me contado”. E em seguida completa: “Foi a melhor coisa q ele fez [não ter aceitado]” (sic).
COTA DO PP
O Ministério das Cidades faz parte da “cota” do PP, partido que, juntamente com o PMDB indicou Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Além disso, Youssef é apontado como o operador do esquema de desvio de dinheiro da estatal dentro do partido – que também envolveria o PMDB e o PT, segundo a delação de Costa. Antes de entrar no Solidariedade (SD), Argôlo era filiado ao PP. O deputado responde a processo de cassação de mandato pela relação com o doleiro.
A Gazeta do Povo ouviu o advogado João Mestieri, que defende Costa. Ele afirmou que “não acha improvável” que o cliente tenha sido convidado a assumir um ministério. “Ele pediu demissão [da Petrobrás] e saiu com os elogios que merecia. Se mais tarde alguém o convidou [para ser ministro], ele deve ter dado coerentemente a negativa”, disse ele, de acordo com a publicação. Segundo o advogado, Costa não queria mais ter “nenhum tipo de relação com isso, com o governo, com coisas desse tipo”, disse.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse desconhecer qualquer tipo de convite para que o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa tenha sido convidado a assumir em março o Ministério das Cidades, uma semana antes de ser preso pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato. “Nunca soube deste convite e acho difícil, para não dizer impossível, que tenha acontecido”, disse Nogueira.
19 de o outubro de 2014
João Domingos
O Estado de S. Paulo
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