"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O DIABO NA RUA, NO MEIO DO REDEMUNHO

              

 
O filme divulgado pela revista Veja é claro e explícito: quem montou a “cola” com as perguntas e as respostas passada a Maria das Graças Foster, José Sergio Gabrielli e Nestor Cerveró, os mais altos diretores da estatal “investigados” pela CPI da Petrobras que o governo foi obrigado a montar diante das sucessivas ondas de lama que emanam da “maior empresa do Brasil”, foram o assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Paulo Argenta, o assessor da liderança do governo no Senado, Marcos Rogério de Souza e o assessor da liderança do PT no Senado, Carlos Hetzel.
 
O senador Delcídio Amaral, tido como o padrinho de Nestor Cerveró, o homem que esteve no comando da operação de compra da refinaria de Pasadena adquirida por investidores belgas por 280 milhoes de dolares e vendida à Petrobras por 1,2 bilhão de dolares no espaço de um ano quando Dilma Rousseff era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras, foi mencionado como um dos articuladores da fraude.
Já a CPI, propriamente dita, é presidida pelo senador Vital do Rego, do PMDB da Paraiba, e relatada pelo senador Marco Maia, do PT do Rio Grande do Sul, tudo para garantir que nada fosse descoberto nessas “investigações”.
 
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É tão impossível, portanto, que a presidente Dilma Rousseff, "chefa" direta dos fabricantes da “cola”, estivesse alheia a mais esta armação, quanto é impossível que a compra de Pasadena tivesse sido feita à sua revelia enquanto ela presidia o Conselho da Petrobras, único titulado para aprová-la, que foi o que "concluiu" a investigação do governo a respeito.
 
É a hierarquia quem o diz. E se ha alguém que tem senso de hierarquia neste país, é a “presidenta” que se tornou tristemente célebre por não aceitar ordens nem conselhos de ninguém.
E no entanto, está aí o filme que mostra até onde vai a desfaçatez desse pessoal que governa o Brasil hoje e levou a Petrobras à condição financeira periclitante em que se encontra.
 
Mesmo a CPI cercada de PT por todos os lados para “investigar” chefões do PT que, por isso mesmo, já nasceu eivada de pecados originais, não passou de um suporte para uma farsa encenada em cima de outra farsa, cuidadosamente ensaiada para ser levada às telas das televisões e fazer o povo brasileiro duplamente de idiota às vésperas da eleição.
 
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E como reagiram os caras-de-pau a mais este flagrante da sua infindável má fé?
O presidente da CPI fraudada, que preside também a segunda CPI sobre o mesmo assunto, esta “mista” de senadores e deputados, apressou-se a dizer que qualquer favorecimento que possa levar à mitigação do poder investigatório é (por óbvio) prejudicial ao trabalho desenvolvido pelo colegiado e que, por isso, hã-hã, determinará procedimento próprio para o necessário esclarecimento dos fatos registrados em filme, diga-se de passagem, por alguém alto o suficiente na hierarquia para estar na reunião que urdiu a falcatrua, mas que tudo indica, ainda teme a deus o bastante para usar uma camera disfarçada numa caneta com todos os riscos que sabe que corre quem vive por dentro das armações do partido que tragou Celso Daniel.
Mas sua excelência não se faz de rogado. Segundo ele, isso não tem nada a ver com a sua outra CPI, a “mista”, sobre a qual nada, ainda, foi filmado.
 
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O nobre senador não se sente absolutamente em conflito para continuar a presidir a segunda CPI sobre os mesmos crimes apenas por ter sido flagrado fraudando a primeira.
 
A exposição do filme em circuito nacional não resultou, até agora, em qualquer tropeço que fosse para qualquer dos envolvidos. Nem na mais remota ameaça de...
Continuam todos – os fornecedores e os tomadores da “cola”; os que redigiram as falsas perguntas e as falsas respostas e os que as decoraram e encenaram com caras de santo no Senado da República – refestelados nos seus postos regiamente remunerados da maior empresa de um governo em crise aguda de credibilidade; tão aguda que ameaça a estabilidade da economia nacional.
 
De modo que dizer com o imortal jagunço Riobaldo Tatarana, de Guimarães Rosa, que o Brasil nas juntas se desgovernou e que hoje o Cujo, o Carantonho, o Que Diga anda à solta, e vivemos todos com “o diabo na rua no meio do redemunho”, deixou de ser ficção.
É a mais pura realidade!
 
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05 de agosto de 2014
vespeiro

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