"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de abril de 2014

GRILO FALANTE


Diante da rápida queda de popularidade do governo Dilma Rousseff, Lula decide cobrar ações para melhorar a economia brasileira

Já não constituíam novidade a deterioração das expectativas econômicas e o desconforto de empresários e investidores com relação a um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). A velocidade com que tem caído a aprovação do governo, entretanto, parece ter sido a senha para o ex-presidente Lula voltar à ribalta.

Foi numa entrevista concedida a nove blogueiros na sede do Instituto Lula, em São Paulo. Com sua verborragia característica, o petista asseverou que o país poderia estar melhor e cobrou de sua afilhada política manifestações mais claras a respeito do que fará para reanimar a economia brasileira.

Não há como imaginar que Dilma tenha se sentido confortável com tais declarações. Primeiro, porque Lula, a despeito das negativas explícitas, mantém implícita e muito viva a possibilidade de ele se candidatar, caso isso seja necessário para os planos do PT.

Além disso, o conselho de Lula não é daqueles que podem ser postos em prática sem mais considerações. Afinal, será difícil para Dilma explicar -se o fizer sinceramente- como pretende arrumar a casa sem com isso deixar claro que muitos dos problemas presentes foram causados por erros dos próprios governos petistas.

Vale lembrar, a propósito, que a guinada desenvolvimentista que está na raiz das dificuldades atuais teve início na administração de Lula. Foi a reação à crise financeira de 2008 que desencadeou a receita de aumento dos gastos do governo, uso dos bancos públicos para estimular a economia e crescimento do intervencionismo setorial.

Pode-se identificar, ademais, alguma leniência com a inflação já em 2010, quando o Banco Central evitou corrigir os juros com o vigor necessário. E assim continuou. A escalada dos preços é hoje uma das grandes preocupações da população, sentimento generalizado em todos os segmentos sociais.

À luz das pressões nas mais variadas frentes -alimentos, serviços, itens importados-, não surpreenderá se o teto da meta de inflação, de 6,5%, for rompido justamente no período eleitoral.

O PIB, por sua vez, patina. O FMI, por exemplo, pela terceira vez rebaixou a previsão de crescimento da economia neste ano, para 1,8%. O Brasil destoa dos emergentes, que crescem mais.

Pressionado pela eleição, o Planalto conta agora com pouca margem de manobra para fazer os ajustes de que o país precisa. Ao adiar decisões difíceis, porém, o governo pinta um 2015 preocupante, com tintas recessivas mais fortes do que o necessário caso tivesse começado a misturar as cores mais cedo.

Em outros carnavais, Dilma Rousseff seria exibida na campanha como a gestora ideal para lidar com o cenário conturbado. Esse tempo passou, e Lula parece saber disso melhor do que ninguém.
12 de abril de 2014
Editorial Folha de SP`
 
É natural que ex-ocupantes de cargos públicos se manifestem sobre questões políticas controversas, desde que estejam dispostos a submeter suas afirmações também a discordâncias. No caso das recentes declarações do petista, em entrevista a blogueiros simpáticos ao governo, mereceu destaque a referência direta à imprensa. Disse o entrevistado que “os meios de comunicação no Brasil pioraram muito do ponto de vista da neutralidade”.

Afirmou ainda o ex-presidente, numa referência às notícias sobre indícios de irregularidades na Petrobras, que “a gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo”.
Há uma evidente preocupação com a divulgação de fatos desfavoráveis ao Executivo e que colocam em xeque as exaltadas virtudes de gestora de sua sucessora. Ao se referir a inverdades, o ex-presidente tem como alvo fatos que já vêm sendo investigados por Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas da União e serão objeto de sindicância de CPI no Senado.

Observe-se que, ao contrário do que defende, o ex-presidente sentou-se à mesa com pessoas que não têm como oferecer a neutralidade reclamada. Seus ouvintes eram responsáveis por blogs assumidamente governistas, muitos dos quais sustentados por verbas oficiais.
A manifestação reproduz o comportamento de líderes políticos que, ao orientar a reação de seguidores a acusações, desqualificam o trabalho dos jornalistas.
O ex-presidente seria mais efetivo se contribuisse para que a presidente da República esclarecesse por que, quando chefiava o conselho de administração da estatal, teve informações sonegadas pelos que conduziam as tratativas para aquisição da refinaria. Esta é uma das verdades que não podem ser sonegadas.
 
12 de abril de 2014
Editorial Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário