"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 27 de abril de 2014

CAVANDO A COVA DA CPI

 
BRASÍLIA - A estratégia governista para deixar a CPI da Petrobras para lá está bem clara: Lula diz que está "por fora", Dilma continua olimpicamente em campanha, o PT jura que não tem nada contra investigações e todos juntos ameaçam abrir CPIs contra a oposição.

Enquanto os petistas se preservam, o senador Renan Calheiros mata no peito e assume o papel mais impopular. É ele quem vai entrar com recurso, junto ao plenário do Supremo tribunal Federal, contra a decisão da ministra Rosa Weber pela CPI exclusiva da Petrobras --que é tudo que os governistas não querem.

A abnegação de Renan tem vários motivos. Ele tem a posição institucional de presidente do Senado, é gato escaldado, acostumado a apanhar, e sabe apostar e investir. Quanto mais críticas a Dilma, mais ele exibe sua fidelidade ao projeto.

CPIs são típicas da luta política, mas nem governo nem oposição trabalham de fato para que a da Petrobras vingue, e menos ainda uma da Alstom, ou do cartel de trens de São Paulo ou da refinaria pernambucana. Se alguém quer CPI neste momento é a sociedade. E daí?

Para a oposição, o que interessa é manter as perdas, as dívidas e os prejuízos da Petrobras em pauta até a campanha eleitoral, para desgastar Dilma e o PT. Para o governo, o importante é aguentar o tranco da melhor forma possível até a Copa, emendando com o recesso.

Depois disso, os senadores estarão muito mais preocupados com suas eleições do que com investigações sobre o que quer que seja em Brasília. Aliviados, claro, por não caírem na rede de alguma CPI.

Como previsto, a CPI da Petrobras é mais instrumento de luta política do que uma comissão de inquérito para valer. Não por falta de motivos.

Aliás... após Petrobras, BB, Ipea e IBGE, a crise é na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), onde três dos cinco conselheiros renunciaram. Por quê? Ora, por causa da mão pesada do governo do PT.

27 de abril de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

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