Líderes de sete partidos governistas e de um da oposição acertaram ontem pauta de votação incômoda ao Planalto
Insatisfeitos com o governo, sete partidos da base aliada e um oposicionista formalizaram ontem a criação de um "blocão" de deputados "independentes" para atuar na Câmara dos Deputados. O novo grupo fechou uma pauta incômoda ao Planalto e acabou travando as votações da Casa.
Capitaneadas pelo PMDB, principal aliado do PT no âmbito federal, as bancadas escolheram como alvo a Petrobras, uma prioridade da presidente Dilma Rousseff.
O "blocão" decidiu apoiar a aprovação de uma comissão externa para investigar denúncias de pagamento de propina a funcionários da petroleira estatal pela fornecedora holandesa SBM.
A discussão do tema elevou a tensão entre governo e deputados. O Planalto chegou a oferecer explicações da presidente da Petrobras, Graça Foster, mas o novo grupo rejeitou e tentou derrotar o Executivo.
Durante a sessão para discutir a criação da comissão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), conversou por telefone com o vice Michel Temer, com ministros e teria até discutido com Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Em meio à pressão do governo e manobras regimentais do PT, a sessão foi encerrada sem definição sobre a criação da comissão. Alves ainda tentou acordo para discutir outros temas, mas aí foi a vez do "blocão" se recusar a registrar presença.
Segundo os aliados, a ideia era mostrar que o "blocão" --formado por PMDB, PSC, PP, Pros, PDT, PTB, PR e o oposicionista Solidariedade-- não está "blefando". Ao todo, ele reúne mais de 250 dos 513 deputados.
A estratégia de colocar em pauta uma matéria sensível ao governo foi discutida em almoço na casa do líder do PMDB. No encontro, os líderes analisaram o pacote do Planalto para tentar neutralizar o "blocão".
O governo havia prometido a mobilização de ministros para atender demandas dos deputados além de cumprir liberação de verbas para obras apadrinhadas por congressistas e elaborar pauta de votações de consenso.
Para líderes do "blocão", as ações não resolvem insatisfações motivadas pela falta de diálogo com o governo, pelo rompimento de acordos para pagamento das emendas e pela interferência do Planalto na pauta da Casa.
Ontem, as principais queixas foram dirigidas ao ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil). Segundo líderes, ele aumentou a irritação dos aliados porque teria dito que a reeleição de Dilma está pavimentada e que lhe sobra sustentação nos Estados.
Em outra frente, o Planalto terá de trabalhar para evitar que a instabilidade resulte numa CPI no Congresso para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. A oposição já começou a recolher assinaturas.
27 de setembro de 2014
MÁRCIO FALCÃO E RANIER BRAGON - Folha de São Paulo
Após forte pressão do governo, sessão que propôs comissão para apurar propina em petroleira foi encerrada
Insatisfeitos com o governo, sete partidos da base aliada e um oposicionista formalizaram ontem a criação de um "blocão" de deputados "independentes" para atuar na Câmara dos Deputados. O novo grupo fechou uma pauta incômoda ao Planalto e acabou travando as votações da Casa.
Capitaneadas pelo PMDB, principal aliado do PT no âmbito federal, as bancadas escolheram como alvo a Petrobras, uma prioridade da presidente Dilma Rousseff.
O "blocão" decidiu apoiar a aprovação de uma comissão externa para investigar denúncias de pagamento de propina a funcionários da petroleira estatal pela fornecedora holandesa SBM.
A discussão do tema elevou a tensão entre governo e deputados. O Planalto chegou a oferecer explicações da presidente da Petrobras, Graça Foster, mas o novo grupo rejeitou e tentou derrotar o Executivo.
Durante a sessão para discutir a criação da comissão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), conversou por telefone com o vice Michel Temer, com ministros e teria até discutido com Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Em meio à pressão do governo e manobras regimentais do PT, a sessão foi encerrada sem definição sobre a criação da comissão. Alves ainda tentou acordo para discutir outros temas, mas aí foi a vez do "blocão" se recusar a registrar presença.
Segundo os aliados, a ideia era mostrar que o "blocão" --formado por PMDB, PSC, PP, Pros, PDT, PTB, PR e o oposicionista Solidariedade-- não está "blefando". Ao todo, ele reúne mais de 250 dos 513 deputados.
A estratégia de colocar em pauta uma matéria sensível ao governo foi discutida em almoço na casa do líder do PMDB. No encontro, os líderes analisaram o pacote do Planalto para tentar neutralizar o "blocão".
O governo havia prometido a mobilização de ministros para atender demandas dos deputados além de cumprir liberação de verbas para obras apadrinhadas por congressistas e elaborar pauta de votações de consenso.
Para líderes do "blocão", as ações não resolvem insatisfações motivadas pela falta de diálogo com o governo, pelo rompimento de acordos para pagamento das emendas e pela interferência do Planalto na pauta da Casa.
Ontem, as principais queixas foram dirigidas ao ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil). Segundo líderes, ele aumentou a irritação dos aliados porque teria dito que a reeleição de Dilma está pavimentada e que lhe sobra sustentação nos Estados.
Em outra frente, o Planalto terá de trabalhar para evitar que a instabilidade resulte numa CPI no Congresso para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. A oposição já começou a recolher assinaturas.
27 de setembro de 2014
MÁRCIO FALCÃO E RANIER BRAGON - Folha de São Paulo
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