"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O ETERNO DILEMA DOS MILITARES


 
Encruzilhada na trajetória do profissional das armas, que só se apresenta de forma decisória no nível dos oficiais-generais, o cruzamento da disciplina com a lealdade já foi tema de vários artigos veiculados na mídia por militares de alta patente e reconhecido lastro intelectual. Estudos aprofundados, alguns muito extensos, todos, porém, evidenciando o caminho do dever maior de lealdade para com a Pátria e a sua Instituição, máxime quando o silêncio e a falta de atitude possam vir a causar um mal sem retorno à nacionalidade.
 
Um general, em seu escorço “Uma Decisão de Caráter Moral”, destacou como fundamentais aos comandantes mais graduados as virtudes da franqueza, da coragem moral e o dever de não silenciar, mesmo arriscando o futuro na carreira, diante da má administração de situações extremas com potencial para gerar severas consequências, cujos danos superem os admissíveis em outras situações ainda que não rotineiras.
 
Em outro artigo, “Lealdade e Disciplina”, o mesmo militar ainda assevera: -“O dilema entre disciplina e lealdade é apenas aparente, pois a lealdade à Nação é manifestação de disciplina em seu grau mais elevado, considerando a missão constitucional das Forças Armadas (FA) e o juramento do militar à Bandeira Nacional.”
Como se pode ver, não há como dissociar soldados, marinheiros e aviadores da razão de ser de suas instituições, definida pela Carta Magna e por seu compromisso: ... “dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições defenderei, com o sacrifício da própria vida.”
 
Em assim sendo, por que se calam os competentes chefes militares, profundos conhecedores do perigo de nível estratégico que nos espreita? Em absoluto, não são os comandantes dos escalões subordinados que devem protestar! Por que não se posicionam os grandes comandos contra as políticas que estão levando o País ao caos? Por que, mesmo tendo alcançado o topo hierárquico, constituindo a interface das FA com o Estado e a Nação, nossos condestáveis não se manifestam dentro da cadeia de comando, colocando o “Brasil acima de tudo”?
 
A indignidade no desfazer, quando se diz que “militares ao passarem para reserva ficam inteligentes e valentes”, é lamentável. Deveriam, sim, agradecer pela livre manifestação deles, reivindicando em seus nomes sobre assuntos de interesse geral, inclusive os da profissão.
 
Antes de generalizar a crítica, que se faça justiça, seria conveniente lembrar: “muitos passaram à reserva exatamente por terem primado sempre pela franqueza e coragem moral”. Isto já foi dito alhures e incomoda, mas não há quem desminta esta grande verdade.
 
Cidadãos brasileiros acreditem! Os militares estão sabendo do seu desabafo diuturno, que já se faz repetitivo, constante, mas sempre cheio de razão. Suas expectativas sobre valores pétreos, cultuados por nossos filhos e netos que vestem farda, estão colocando em cheque muitas lideranças adormecidas.
 
Sim porque patriotismo, lealdade, honra, integridade, dever e coragem é tudo o que se espera daqueles que foram forjados por nossas academias militares. São eles, todos, soldados das instituições armadas da nação, da Pátria Brasileira, e não de efêmeros governos temporais.
 
Alerta! Perder o sentido da profissão das armas e do dever militar vai transmudar o soldado em mero burocrata, assimilado e subserviente a um processo revolucionário que já se plotou como sendo o “gramcista” de tomada do poder.
 
O Brasil em transe aguarda uma atitude marcial, de quem deve, frente à governança e “politicalha”, um posicionamento firme sobre questões vitais, ameaçadoras do porvir da nacionalidade, tais como: políticas de governo para a Amazônia, submissas a interesses e pressões alienígenas; desvirtuamento do PNDH3 e da CNV como instrumentos de descrédito, imobilização e humilhação das FA; falta de vontade política de reverter, de fato, a situação caótica das FA, pela sua deletéria participação no PIB; previsão a perder de vista da concretização dos projetos vitais de defesa; gendarmerização progressiva dos efetivos militares pelas mega operações policialescas com viés político eleitoreiro; objetivo de uma “quinta-coluna” em setores poderosos dos três poderes de romper o compromisso das FA com suas tradições, seus dogmas basilares, com a História e o franco processo separatista indígena!
 
15 de dezembro de 2013
Paulo Ricardo da Rocha Paiva - Coronel de Infantaria e Estado-Maior. Originalmente publicado na "REVISTA SOCIEDADE MIILITAR" em 13 de Dezembro de 2013.

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