"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

BC DOS EUA REDUZ INJEÇÃO DE RECURSOS NA ECONOMIA DE US$ 85 BILHÕES PARA US$ 75 BILHÕES

O Federal Reserve (banco central americano) anunciou nesta quarta-feira (18) o início da redução dos estímulos econômicos nos EUA. A autoridade monetária reduziu de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões o volume de recursos que injeta mensalmente na economia desde 2009 por meio da recompra de títulos.
 
A autoridade já havia afirmado que 100% do incentivo será retirado até o fim de 2014, mas a principal aposta no mercado financeiro era que o corte só começaria no início do ano que vem, embora dados recentes da atividade dos EUA tenham mostrado o fortalecimento da economia --abrindo a possibilidade de o Fed começasse a redução hoje.
 
No Brasil, o efeito do anúncio não foi sentido pelos mercados, que estavam prestes a ter os negócios encerrados. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, fechou em alta de 0,94%, a 50.563 pontos. Analistas atribuíram o avanço ao vencimento de opções sobre índice, quando terminam o prazo de papéis que apostam na pontuação futura de índices da Bolsa, o que aumentou o volume de negócios no dia.
 
Nos EUA, os índices de ações mostravam alta após a decisão do Fed, com Dow Jones subindo 1,22%, às 17h45, enquanto S&P 500 tinha ganho de 0,63% e o Nasdaq, de 0,45%.
 
O principal indicador positivo recente sobre a economia americana foi o relatório de emprego de novembro, quando a taxa de desemprego naquele país caiu para 7% ao ano. A última vez que o desemprego nos EUA havia ficado abaixo desse patamar foi em novembro de 2008, no auge da crise financeira, quando a taxa chegava a subir 0,5 ponto percentual de um mês para o outro.
 
O crescimento econômico dos EUA também reforça a tese de que o país já consegue andar com suas próprias pernas, dando base para um corte no estímulo em breve. No início deste mês, foi divulgado que o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA cresceu à taxa anual de 3,6%, bem acima das projeções do mercado, em torno de 3%.
 
IMPACTOS
 
Um corte tende a prejudicar a Bolsa brasileira e os demais mercados internacionais. O dólar também tende a subir mais em relação ao real.
 
Isso porque, com a diminuição do estímulo, cai o volume de recursos disponíveis para investimento fora dos EUA, como no Brasil. O peso dessa perspectiva é sentido no mercado brasileiro desde o início do ano, contribuindo para a queda acumulada em torno de 17,8% do Ibovespa, principal índice da Bolsa nacional, em 2013. Já o dólar sobre, no ano, cerca de 14% em relação ao real.
 
"A retirada do estímulo (nos EUA) também afeta as taxas de juros americanas. Após cortar o programa de recompra mensal de títulos, o próximo passo do Fed seria aumentar o juro básico do país, o que tornaria mais atraentes os títulos públicos dos EUA, remunerados por essa taxa e considerados investimentos seguros", diz Bruno Gonçalves, analista da Wintrade Corretora.
 
CÂMBIO
 
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou esta quarta-feira em alta de 0,93% em relação ao real, cotado em R$ 2,343 na venda. Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançou 0,90%, a R$ 2,343. A decisão do Fed deve repercutir no câmbio amanhã.
 
Hoje, a oscilação da moeda americana, segundo operadores, refletiu a notícia de que o Brasil registrou, em novembro, deficit de US$ 5,145 bilhões em transações correntes com outros países, superando a previsão do Banco Central para o mês: rombo de US$ 4,4 bilhões. No ano, o saldo negativo chegou a US$ 72,693 bilhões.
 
"O resultado das contas externas é horrível. O rombo é enorme e as perspectivas são de que ele aumente ainda mais em 2014", diz Paulo Petrassi, sócio operador da consultoria Leme Investimentos.
 
Segundo Petrassi, a desvalorização do real em relação ao dólar se acentuou depois que a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil está preparado para enfrentar um eventual cenário de redução dos investimentos dos Estados Unidos no mercado mundial.
 
"A presidente não pode dizer que está tudo bem. Pior do que errar é não reconhecer o erro. Estamos com muitos problemas internos e o governo admite publicamente que está tudo bem, ou seja, não vai fazer nada", afirma Petrassi.
 
As atuações do Banco Central no câmbio não conseguiram frear a alta da moeda americana hoje. O BC deu continuidade pela manhã ao seu programa de intervenções diárias e, pela tarde, a autoridade realizou o oitavo leilão de swaps cambiais tradicionais, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, para rolar contratos que vencem em 2 de janeiro de 2014.

18 de dezembro de 2013
Folha de São Paulo

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