"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 8 de setembro de 2013

O CASO ROSEMARY: O PESADO SILÊNCIO DA CORRUPÇÃO

No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, VEJA acrescenta outra pergunta sem resposta ao caso Rose: quem paga o milionário exército de advogados mobilizado para defender a amiga de Lula?


Neste sábado, Lula completou 288 dias de mudez sobre o escândalo que protagonizou ao lado de Rosemary Noronha. Ele continua tentando acreditar que o Brasil acabará esquecendo as bandalheiras que reduziram a esconderijo de quadrilheiros o escritório da Presidência da República em São Paulo. No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, VEJA tratou de reiterar que a memória da imprensa independente é imune a surtos de amnésia conveniente.
 
As revelações contidas na reportagem de Robson Bonin tornaram mais encorpada e mais cinzenta a pilha de perguntas que exigem respostas e repelem álibis mambembes. Por exemplo: quem está bancando os honorários do exército de advogados incumbido de livrar de punições judiciais a vigarista de estimação do ex-presidente?
A defesa de Rose inclui três grandes escritórios que têm na carteira de clientes banqueiros, figurões da República e patifes milionários dispostos a desembolsar qualquer quantia para manter o direito de ir e vir.
 
“Ela cercou-se de um batalhão de quase quarenta advogados para defendê-la”, informa um trecho da reportagem de quatro páginas. “São profissionais que, de tão requisitados, calculam seus honorários em dólares americanos, mas que, nesse caso, não informam quanto estão cobrando pela causa, muito menos quem está pagando a conta”.
Rose foi indiciada por formação de quadrilha, tráfico de influência, corrupção passiva, e também acabou processada pelo próprio governo por suspeita de enriquecimento ilícito. Graças à tropa de bacharéis, continua impune.

VEJA apurou que, “nas estimativas mais conservadoras de especialistas, uma estrutura semelhante não assinaria uma única petição por menos de 1 milhão de dólares”. No ano passado, em depoimento à Polícia Federal, Rosemary Noronha declarou que sua única fonte de renda era o salário de 12 000 reais. Ao perder o emprego na representação paulista da Presidência, a fonte secou de tal forma que, para sobreviver, Rose reiterou a ameaça de contar tudo o que se sabe se fosse abandonada pelos amigos dos bons tempos.
 
Deu certo. “Para necessidades mundanas do dia a dia”, revela a reportagem, “ela costuma sacar o celular e telefonar para o “P.O.”, como prefere se referir a Paulo Okamotto, braço-direito e faz-tudo de Lula no instituto que leva seu nome”.
Encarregado de resolver emergências financeiras, é provável que P.O. tenha providenciado os R$ 20 mil que permitiram à ex-Primeiríssima Amiga distrair-se, nas últimas semanas, com a redecoração do apartamento em São Paulo. Falta saber quem patrocina a multidão de doutores.
 
Lula sabe. Não vai demorar a saber também que, no Dia da Independência, ficou ainda mais dependente do silêncio cúmplice de Rosemary Noronha.

08 de setembro de 2013
Augusto Nunes, Veja

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