"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 19 de março de 2019

BOLSONARO EXAGERA NAS REDES E OLAVO NÃO ESTÁ FAZENDO BEM AO BRASIL, DIZ ALCOLUMBRE


O presidente do Senado Davi Alcolumbre em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura Foto: Reprodução / Redes sociais
Alcolumbre disse que os filhos de Bolsonaro também atrapalham
Davi Alcolumbre (DEM-AP) disse que o presidente Jair Bolsonaro tem “exagerado” nas manifestações em suas redes sociais e pediu cautela nas falas dos filhos do ex-capitão, durante entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira. O senador ainda afirmou que a influência do ideólogo de direita Olavo de Carvalho no Planalto “não está fazendo bem para o Brasil”.
Eleito presidente do Senado em fevereiro, Alcolumbre pregou diálogo e pacificação na política para a aprovação da reforma da previdência até o recesso do legislativo, em 17 de julho. Ele também disse que, embora já tenha tido a experiência como parlamentar em outros governos desde que foi eleito deputado federal em 2002, “nunca viu nada parecido” com a sucessão de crises, queda de ministros e intrigas na base aliadas em episódios que se somam nos três primeiros meses do governo.
CAUTELA – Alcolumbre ressaltou ainda a importância de Bolsonaro adotar cautela em razão da liturgia do cargo de presidência da república. O senador ponderou, porém, que o presidente sempre conduziu sua vida política falando de temas polêmicos e espinhosos. 
“A gente tem que ser cauteloso com as redes sociais. Eu acho que em alguns momentos o presidente tem exagerado. Algumas postagens têm causado desconforto na sociedade.  Mas ele (Bolsonaro) não inventou agora essas condutas” — disse Alcolumbre, após ser questionado sobre a publicação de um vídeo com cenas obscenas, gravado durante o carnaval, na conta pessoal do Twitter do presidente da República. 
FILHOS DE BOLSONARO – Para Alcolumbre, os filhos do presidente também precisam moderar o tom: “Os filhos têm toda legitimidade de falar o que quiserem como parlamentares. Mas como filhos do presidente precisam ter discernimento e responsabilidade. No momento que estamos vivendo precisamos de diálogo e, no fundo, essas coisas acabam atrapalhando” —  disse Alcolumbre, reiterando que a prioridade é a aprovação da reforma da previdência: 
“Em 17 de julho a gente vai estar com a reforma aprovada. Eu compreendo que a Câmara também está se vendo como parte desse processo de reconstrução do Brasil — disse o senador. No entanto, antes de chegar ao Senado a reforma da Previdência precisa ter o apoio de pelo menos 308 dos 513 deputados, em dois turnos de votação, já que se trata de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). 
O presidente do Senado ainda demonstrou irritação ao ser indagado sobre os elogios feitos por Bolsonaro a Olavo de Carvalho em viagem aos Estados Unidos. Conhecido por sua verve inflamada, o escritor tem feito indicações em pastas estratégicas como o Ministério da Educação e pedido a cabeça de dissidentes e opositores.
ATAQUES DE OLAVO – De sua casa na Virgínia, onde vive nos Estados Unidos, Olavo de Carvalho costuma mandar seus petardos principalmente por sua conta pessoal do Twitter. Nos últimos dias, Alcolumbre se tornou um dos alvos dos ataques virtuais de apoiadores de Bolsonaro e de Olavo.
A ofensiva veio em meio às declarações do senador sobre um pedido de CPI para investigar o Supremo Tribunal Federal. Alcolumbre disse que não prosperaria, sob o risco de criar um embate desnecessário entre o legislativo e o judiciário. 

“Ele (Olavo de Carvalho) tem influenciado muito. E no nosso entendimento esse escritor não está fazendo bem ao Brasil. Não pode uma pessoa que não está no nosso dia a dia fazer essas manifestações. E jogando contra o Brasil não vamos aceitar” — disse o presidente do Senado. 
“PUXADINHO” – Num dos momentos mais exaltados ao tratar do escritor e de suas indicações no governo, Alcolumbre chegou a dizer que o governo precisa entender que o parlamento não é um “puxadinho” do Planalto. 
“A independência do parlamento será colocada a prova todos os dias” — afirmou o senador. 
O presidente do Senado ainda reclamou  do discurso da base governista contra as solicitações de indicações para cargos políticos sob o argumento de que não vão aceitar a velha política do “toma lá dá cá”. Para Alcolumbre, ao indicar pessoas técnicas para cargos no Planalto, Bolsonaro causou uma ruptura, uma mudança no modelo de governar dos últimos presidentes. Para ele, essa mudança tem levado a “desencontros”. 
NOVO MODELO – “Se está havendo esses desencontros eles são frutos desse novo modelo que o presidente está adotando. O presidente tem que aceitar que os deputados querem participar, ajudar o governo, se sentir parte do processo” — concluiu. 
Sobre as denúncias que envolvem as movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Alcolumbre afirmou que o caso “não é um problema do Senado”. Isso porque o episódio aconteceu durante o mandato de Flávio como deputado estadual pelo Rio.
“Existe uma regra no Senado em que atos cometidos fora do mandato não vão para Conselho de Ética. Eu acho que isso é uma pendência judicial. Não é um problema do Senado”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Olavo de Carvalho acertou em cheio na sua previsão de que o governo pode “acabar” em seis meses. Se Bolsonaro continuar obedecendo às sugestões do guru virginiano e de seus filhos, na verdade o governo pode acabar bem antes dos seis meses(C.N.)


19 de março de 2019
Gustavo Schmitt
O Globo

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