“Corrupto bom é corrupto solto”?
“Corrupto bom é corrupto solto”. Este seria o “Teorema do Crime Institucionalizado” no Brasil, não fosse um probleminha essencial: não existe corrupto bom. Igual à lendária e famosa frase do falecido deputado Sivuca - que foi delegado de polícia no Rio de Janeiro, antes de se tornar político: “bandido bom é bandido morto”. O raciocínio é simples: inexiste bandido bom. Portanto, também não é boa a liberdade para bandido (não importa o status dele).
As pessoas comuns entendem que bandido não é bom, principalmente quando fica solto. No entanto, alguns membros da elite do judiciário não comungam da mesma idéia. Não foi surpresa alguma que o ministro Gilmar Mendes tenha mandado libertar a “Dona Baratinha” – a ex-primeira dama fluminense Adriana Anselmo – que advogava para empresários de ônibus do Rio de Janeiro, a turma liderada pelo Barata (também solto por Gilmar). Poderosos de verdade raramente ficam presos no Brasil...
A sensação da impunidade se amplia no Natal, quando o Presidente da República assina um indulto que joga milhares de presidiários nas ruas. Uma boa parte deles não retorna à cadeia por vontade própria. Ontem, a Força Tarefa da Lava Jato fez um apelo inútil para que o “perdão natalino” não beneficiasse os corruptos. O certo seria que não beneficiasse ninguém que cometeu crime. Porém, cabe lembrar, estamos no Brasil da impunidade...
Uma ilustríssima figuraça da Lava Jato vai curtir o Natal em sua luxuosa mansão. Marcelo Odebrecht, finalmente, deixará a cadeia convencional. Porém, permanecerá naquele eufemismo chamado “prisão domiciliar”, em uma mansão situada em um condomínio de luxo. Usará a tornozeleira de luxo e voltará a liderar seu time. Já tem ex-companheiro apavorado. Marcelo ficou, impensáveis, 900 dias puxando cana...
Especula-se que a “soltura” seja o prenúncio de que outros corruptos ilustres podem parar na cadeia. Ainda mais agora que a Lava Jato se vê forçada a finalmente investigar novas denúncias comprovadas de corrupção em novos e manjados alvos, como as obras dos metrôs e trens, sobretudo no Estado de São Paulo governado pelos tucanos...Ontem, a Força-Tarefa soltou um aviso enigmático de que o tempo vai fechar para quem até agora estava poupado: “A formulação dessa primeira acusação no caso de Pasadena revela que ainda há muito a ser feito para a responsabilização de todos os envolvidos no grande esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato. Assim como outras denúncias poderão decorrer da continuidade das investigações no caso de Pasadena, há ainda, na Petrobras e fora dela, diversos contratos, obras e atos de corrupção cuja investigação demanda tempo e esforço”.
Tomara que nenhum corrupto seja poupado... Porém, tal desejo é difícil de se realizar no Brasil. Aqui impera o tal “rigor seletivo” ou “lawfare”. Alguns alvos escolhidos a dedo são cuidadosamente são atacados, enquanto outros são injustamente poupados. Estes são os “corruptos bons” que permanecem inatingidos ou, quando são pegos, acabam rapidamente em liberdade, porque o mesmo regramento excessivo que manda prender também manda soltar, para alegria do Doutor Gilmar...
Enfim, a máquina do crime institucionalizado agora mergulha na fase de acomodação. Ela se reinventa. Como não houve mudança estrutural, a tendência é que os corruptos se readaptem e voltem com tudo, no curto prazo. Sem Intervenção Institucional, os esquemas criminosos continuarão imperando. Veremos, apenas, o enxugamento de gelo que pega alguns bandidos, porém deixa o sistema preservado, para seguir corrompendo e “roubando”...
O Brasil precisa de um choque democrático de (re)arrumação. Sem isso, tudo continuará como dantes no grande hospício penitenciário a céu abero chamado “Brasil”...
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