"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

ELIZIÁRIO GOULART ROCHA: O DESESPERO DO USAIN BOLT DA LAVA JATO

Na impossibilidade de parecer inocente, Sérgio Cabral tenta fazer o magistrado parecer culpado

Sérgio Cabral em depoimento para o juiz Sérgio Moro (//Reprodução)


É de se imaginar o desespero que abate a alma culpada do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Recordista absoluto de processos na Lava Jato, Cabral pode ser condenado a mais de 300 anos de cadeia, número inferior somente às penas recebidas por figuras lendárias do submundo como João Acácio Pereira da Costa, o “Bandido da Luz Vermelha” (351 anos) e Fernandinho Beira-Mar (320). Coisa de gente grande.

A legislação brasileira admite o cumprimento máximo de 30 anos e, com os fatores atenuantes de praxe, a liberdade deverá vir muito antes disso. Mas os números de Cabral impressionam mesmo assim. E a vida atrás das grades é especialmente cruel para quem estava acostumado a promover orgias de gastança nos melhores salões parisienses e a adquirir joias para a mulher como quem comprava um cachorro-quente na esquina.

Na impossibilidade de parecer inocente, o Usain Bolt da Lava Jato tenta fazer o magistrado parecer culpado. Condenado a 14 anos de prisão por Sergio Moro, e réu em outros 14 processos na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, adota o velho discurso de desqualificar o juiz. A defesa de Cabral pede o afastamento por suspeição de Marcelo Bretas, titular da 7º Vara, em função de uma entrevista na qual ele teria feito pré-julgamento de seu tristemente célebre cliente. Tenham ou não razão neste caso, pela lógica dos membros da quadrilha que ocupava palácios os crimes que cometeram são sempre o que menos importa em um processo.

O advogado Rodrigo Rocca pede a absolvição de Cabral “pela ausência de provas nas condutas que lhe foram imputadas”, desconsiderando a montanha de provas das condutas imputadas ao cliente. Ao se referir à atuação do Ministério Público, Rocca abre mão do juridiquês castiço em benefício do palavreado incompreensível: “A genialidade bélica, a fanfarra, tudo apraz à assistência inebriada pelo discurso quase convincente”. Quanto mais confuso o raciocínio, melhor, porque o doutor não pode contar com a lógica para defender seu enroladíssimo cliente.


23 de agosto de 2017
Augusto Nunes, VEJA

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