"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

SE TEMER CAIR, AS ESQUERDAS TERÃO UMA ABSOLVIÇÃO MORAL E PARTIRÃO COM TUDO PARA A DISPUTA DE 2018


Não é uma questão de vontade, mas de fato: a forma como Janot e seus fanáticos conduziram a Lava Jato empurra o país para os braços das esquerdas; todo cuidado é pouco

Vamos a algumas constatações inevitáveis.

Caso o presidente Michel Temer caia, como prevê — e luta para que aconteça — Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, as esquerdas terão uma absolvição muito mais importante do que a judicial: tratar-se-á, aos olhos de muitos brasileiros, de uma absolvição moral. O discurso já está em todo canto. Lula, Dilma, José Dirceu, Gleisi Hoffmann (a ré buliçosa) e caterva, com a colaboração dos esquerdistas da imprensa, sintetizam: as principais figuras que concorreram para o impeachment de Dilma eram, na verdade, os verdadeiros bandidos. Nessa versão, como sabemos, os mocinhos são os petistas.

Para isso nos arrastou Rodrigo Janot. Essa é a verdade que os fanáticos da Lava Jato ajudaram a consolidar. Sim, Reinaldo Azevedo — eu mesmo! — tinha razão, não é? Quando afirmei que a destruição da política a que nos conduziam esses valentes e o esforço para igualar os desiguais acabariam por ressuscitar o PT e as esquerdas, fui acusado de estar tentando proteger bandidos. Lembram-se disso?

Foram sete meses debaixo de porrada intensa! Mas as agressões vêm de mais tempo. A cada vez que apontava uma ilegalidade da operação, diziam-me “inimigo da Lava Jato e de Sérgio Moro”. E os ataques partiam de setores da direita, os mesmos que acabaram colaborando para ressuscitar o PT.

Dizia eu: “Não há nada de errado com o projeto que muda lei que pune abuso de autoridade”. E a malta de vigaristas gritava: “Você quer acabar com a Lava Jato!” Dizia eu: “É preciso distinguir, sim, o caixa dois com contrapartida (corrupção passiva) do caixa dois sem contrapartida”. E o coro dos canalhas berrava: “Você quer acabar com a Lava Jato!” Dizia eu: “Não podemos dar ao Ministério Público o prerrogativa de primeiro condenar para depois investigar”. E a súcia de pilantras fazia o coro: “Você quer acabar com a Lava Jato!”

Escrevi eu: “Se todos são iguais, então Lula é melhor!” E tive de aguentar ofensas de especuladores, bucaneiros e safados, que esperam lucrar os tubos com a eventual queda de Temer. E, por óbvio, meus caros, os pobres pagarão o pato. Quando, em fevereiro, eu me insurgi contra uma manifestação que se dizia “em favor da Lava Jato”, escrevi aqui: “A Lava Jato não está em risco; estão querendo transformar o governo Temer em alvo”. Eis aí.

Ora, é claro que acho que tudo tem de ser investigado. O que faço aqui — e o que tenho feito nos 11 anos de existência deste blog — é defender que as ações de combate à corrupção sigam os marcos do Estado de Direito. Fui alvo de piadas por isso. De achincalhe. Notórios falastrões, que defendem abertamente a impunidade para um bandido como Joesley Batista, acusaram-me de estar me alinhando com a impunidade. E, sim!, não tive receio, quando achei correto, de apontar as vezes em que o próprio Lula foi alvo de arbitrariedades. Apanhei mais um pouco por isso. Passei a ser assediado moralmente em um dos meus empregos.

A realidade está aí, aos olhos de todos.

Lula será eleito?
Eu não me atrevo a fazer previsões desse tipo. Esse não é o ponto. A minha tese central, desde o começo, é que a forma como a Lava Jato, com destaque para Janot, conduzia as coisas submetia o processo político a um deslocamento para a esquerda. E ele está aí, aos olhos de todos. A prova, diga-se, de que os esquerdistas estão no comando da guerrilha contra Temer, em parceria com a Globo (sei lá o que o grupo teme ), está no fato de que temos uma, como vou chamar?, “revolução sem povo”. Afinal, os vermelhos detêm os aparelhos políticos, mas não conseguem mobilizar a população.

“Ah, Reinaldo, mas será preciso do povo para dar votos às esquerdas”. Sim, é verdade! Depois do resultado pífio que elas obtiveram nas urnas em 2016, essa possibilidade seria hoje remota. Mas notem o que aconteceu de lá para cá. Lula passou, por incrível que pareça, por uma reabilitação, e as lideranças antipetistas foram fulminadas. Segundo a história contada hoje pelos ficcionistas Joesley e Janot, o maior criminoso do Brasil era Michel Temer, secundado por Aécio Neves. Como é notório, essa dupla mandava na Petrobras, no BNDES, nos fundos de pensão, nos Correios, na CEF, nas demais estatais, nos ministérios, nas grandes obras de infraestrutura…

É uma piada grotesca.

Certamente vamos encontrar erros cometidos pelas forças que se opunham ao PT, mas é evidente que o projeto político da Lava Jato é que determinou esse resultado.

Se Lula estiver no gozo de seus direitos políticos, é evidente que entra na disputa de 2018 como favorito. Mas ainda que assim não seja; ainda que ele decida ungir um nome — Ciro Gomes, por exemplo —, o risco é gigantesco. Já é hoje, dado o estado das artes. Tanto pior será se Temer for deposto. Aí, meus caros, ainda que petistas sejam condenados às pencas, a redenção moral estará dada.

“Ah, Reinaldo, e se Lula for preso? A Lava Jato recupera o eu prestígio?”

Tratarei disso em outro post. Eis aí um outro tema em que os vigaristas rolam felizes, mais do que porcos na lama.

Não tenho nada mais a lhes oferecer do que meus acertos e erros honestos


13 de julho de 2017
Reinaldo Azevedo

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