Sem dúvida, o dia de ontem, sexta-feira, foi muito ruim para o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff: os depoimentos de João Santana e Mônica Moura, liberados pelo ministro Edson Fachin, expuseram muito mal os comportamentos dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sabiam de tudo, em matéria de caixa 2 e de corrupção consentida. Tinham pleno conhecimento. Ficaram expostos agora ao julgamento da opinião pública e também da Justiça. Não podem, assim, alegar inocência, uma vez que participavam das tramas arquitetadas nos bastidores onde se decidia a distribuição e aplicação dos recursos faturados ilegalmente. São muitos milhões, talvez até bilhões de reais injetados em suas campanhas políticas e fornecidos por empreiteiras, que por sua vez superfaturavam os contratos para realização de obras públicas.
O esquema tinha por base a liberação de recursos públicos para Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez, entre outras empresas que forneciam o dinheiro destinado à injeção nos quadros políticos. Esta é uma face do esquema. A outra face, essencial no processo, materializava-se no que as empreiteiras cobravam da Petrobrás e de outras fontes do poder público.
EXEMPLO DE PASADENA – Complicou-se a situação do ex-presidente e também da ex-presidente da República. Afinal de contas as contas da Petrobrás eram acrescidas de fatores capazes de duplicá-las pelo menos. Não espanta assim que a refinaria de Pasadena tenha custado à Petrobrás o triplo de seu valor. O governo pagou 900 milhões de dólares por uma unidade que agora está colocando a venda aproximadamente por 1/3 do valor desembolsado. Um escândalo sob todos os aspectos agora exposto ao conhecimento geral pela própria Petrobrás.
A partir desta sexta-feira torna-se mais que possível, provável, a condenação pelo menos de Lula tal seu grau de comprometimento na sombras do esquema batizado de Petrolão. A partir de ontem, nem Lula tampouco Dilma Rousseff podem alegar que desconheciam a teia implantada entre o governo e o esquema de empresas privadas através do qual realizava-se uma onda de corrupção até então inédita no Brasil.
SABIAM DE TUDO – Tornou-se difícil, como destaquei há pouco, a absolvição dos ex-presidentes, pois agora não podem mais alegar desconhecimento completo do que acontecia às margens do Palácio do Planalto. O comprometimento espúrio prolongou-se durante os 8 anos de Lula e os 6 anos de Dilma Rousseff. Soma-se assim um total de 14 exercícios anuais, através dos quais o poder central era ao mesmo tempo autor e executor de normas financeiras contrárias profundamente às leis do país.
Vê-se agora que não só João Santana e Mônica Moura são as testemunhas da verdade, como também Renato Duque não está mentindo quando veio a público sustentar que Luis Inácio da Silva tinha lhe determinado ocultar de qualquer maneira a existência de conta na Suíça abastecida por estranhas e indevidas transações.
O que Lula e Dilma Rousseff pretendiam? Eles próprios não sabem ao certo, a não ser que as cascatas de dólares energizavam as fortunas e bens pessoais dos agentes do poder. O depoimento de João Santana e Mônica Moura tornou-se sem dúvida uma explosão que culminou com uma condenação a eles próprios.
SÃO CULPADOS – Não podem mais alegar desconhecimento nem tampouco colocarem-se no papel de vítimas de uma engrenagem ao mesmo tempo sinuosa e tenebrosa. Eles sabiam de tudo e agora foi rasgada a cortina que os ocultava como personagens principais de um esquema do qual tentavam se apresentar como vítimas.
Os dois não são vítimas. Seus vultos projetam-se como atores principais do mar de corrupção que tragou a administração pública e foi tão intenso que cobriu de espanto e vergonha o próprio país. Parece difícil – e é – achar-se a possibilidade de um ex-presidente da República vir a ser condenado. Era difícil, mas agora, examinando-se o conjunto de fatos e fatores, conclui-se que não é tão difícil assim.
João Santana e Mônica Moura comprometeram profundamente os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.
13 de maio de 2017
Pedro do Coutto
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