"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

FILMADO COM A MALA DOS R$ 500 MIL, DEPUTADO CÚMPLICE DE TEMER ESTÁ SUMIDO


O deputado , em 2016; ele teria sido filmado pela PF com mala de R$ 500 mil
Loures entra na história como o “homem da mala”
A Polícia Federal filmou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, segundo delações de executivos do grupo. Loures teria sido o indicado pelo presidente Temer para resolver uma questão de interesse do grupo, segundo Joesley. A afirmação, publicada pelo jornal “O Globo”, foi confirmada pela Folha. O Planalto divulgou nota negando. Procurado em seus dois telefones celulares, o deputado não foi encontrado. Sua secretária também não atendeu a reportagem. A prisão dele foi pedida pela Procuradoria, mas o relator Fachin não a autorizou.
Segundo a delação de Joesley, ele pediu ao presidente Temer uma ajuda para resolver uma pendência de seu grupo no Cade, órgão de controle da liberdade de concorrência. O empresário disse à Procuradoria que Temer lhe sugeriu procurar Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
ASSESSOR ESPECIAL – Loures foi assessor especial da Presidência até março, quando voltou à Câmara no lugar do ministro da Justiça, Osmar Serraglio. No governo Dilma Rousseff, foi chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência quando o cargo era ocupado por Temer.
Segundo o jornal “O Globo”, Joesley se encontrou com Loures e pediu ajuda em questão que envolve o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE, usina do grupo J&F.
O empresário afirma na delação que Loures ligou para o presidente em exercício do Cade e pediu solução para o caso, em troca de R$ 500 mil semanais por 20 anos.
A entrega do dinheiro, feita por Ricardo Saud, diretor da JBS e um dos sete delatores, foi filmada pela PF.
AÇÃO CONTROLADA – A filmagem do pagamento de propina faz parte do que se costuma chamar de “ação controlada”, uma forma excepcional de investigação policial. Esse tipo de ação ocorre quando um criminoso, réu ou mero suspeito aceita coletar provas para a polícia, com a supervisão direta, apoio tecnológico e eventual intervenção das autoridades policiais no processo.
A coleta de provas faz parte de um acordo de delação no qual o investigado terá benefícios, como um tempo menor de prisão ou mesmo a extinção da pena.
A ação controlada está prevista na nova lei de organização criminosa, a de número 12.850 de 2013. É a mesma lei que criou regras mais bem definidas para os acordos de delação premiada. É a primeira vez que a Operação Lava Jato recorre a esse tipo de ação para produzir provas.
ENVOLVE RISCOS – A ação controlada é pouco utilizada pela polícia porque há riscos óbvios para o investigado, há temor de que a prova seja anulada pela Justiça e exige um aparato tecnológico e um grau de conhecimento que, talvez, só a Polícia Federal tenha no Brasil.
No caso da JBS, a Polícia Federal colocou chip no pacote de cédulas que integravam o pacote dos R$ 2 milhões supostamente pedidos pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) para pagar seu advogado e seguiu as notas eletronicamente.
Como os chips emitem sinais, a PF conseguiu monitorar o caminho das malas de São Paulo até Belo Horizonte, onde as cédulas foram depositados em uma empresa do senador Zezé Perrela (PMDB-MG), aliado político e amigo de Aécio.
OUTRAS GRAVAÇÕES – Já ocorreram outras gravações, como as feitas pelo filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, e pelo ex-senador Delcídio do Amaral, mas não havia a participação da polícia que caracteriza o controle sobre a ação.
Também foi ação controlada a gravação de conversa entre Joesley e o presidente Michel Temer, na qual se discute o pagamento de suborno ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, segundo executivos da JBS.
Em sua delação, Joesley também envolve o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Guido Mantega, que seria o interlocutor para entrega de recursos ao PT.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – No caso da propina ao senador Aécio Neves, o mais interessante é o fato de a propina ter sido entregue numa empresa do senador aéreo Zezé Perrela, aquele do helicóptero com 450 quilos de pasta-base de cocaína, que indica produção industrial, digamos assim, porque depois das “misturas” seria transformada em várias toneladas. A menção a Perrela faz lembrar o famoso poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, que ao final cita um certo “J. Pinto Fernandes, que não tinha entrado na história”. Da mesma forma, Perrela não tinha nada a ver com o Cade e acabou entrando na história. (C.N.)

19 de maio de 2017
Deu na Folha

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