A ELITE não sabe o que fazer do governo quase zumbi de Michel Temer. É o que transparecia até sexta-feira (19), fosse entre donos do dinheiro ou políticos.
Percebia-se muita má vontade com a tarefa talvez incontornável de substituir o governo e muito medo de desastre econômico renovado.
Percebia-se muita má vontade com a tarefa talvez incontornável de substituir o governo e muito medo de desastre econômico renovado.
Havia desorientação e reticência, até porque o restante dos políticos ainda não tivera tempo ou informação para calcular o dia depois de amanhã. Ainda não há canoas para embarcar.
Mesmo PSDB e DEM estão perdidos e rachados. Combinaram de amar ou deixar Temer em decisão conjunta, mas temem que o aliado fuja, deixando um partido ou o outro a segurar a alça do caixão. Devem discutir neste domingo o que fazer.
O buraco fica mais abaixo dos sete palmos dessa cova, porém. O governo está à beira de não ter mais sentido algum.
Partidos menores já se bandearam, talhando em um décimo a coalizão meio fictícia de 400 parlamentares de Temer.
Além disso, pedaços de PSDB e DEM na prática também já se foram. Se não tem votos para aprovar o programa econômico, de que serve a regência Temer? Por que, de resto, chegar à eleição de 2018 na companhia de um zumbi em um país em recaída recessiva?
O governo era apenas delegado da coalizão liberal, antipetista, antilavajatista e anti-impostos que liderou o impeachment. Mas não há por ora nem um substituto imperfeito desse arranjo.
Mesmo PSDB e DEM estão perdidos e rachados. Combinaram de amar ou deixar Temer em decisão conjunta, mas temem que o aliado fuja, deixando um partido ou o outro a segurar a alça do caixão. Devem discutir neste domingo o que fazer.
O buraco fica mais abaixo dos sete palmos dessa cova, porém. O governo está à beira de não ter mais sentido algum.
Partidos menores já se bandearam, talhando em um décimo a coalizão meio fictícia de 400 parlamentares de Temer.
Além disso, pedaços de PSDB e DEM na prática também já se foram. Se não tem votos para aprovar o programa econômico, de que serve a regência Temer? Por que, de resto, chegar à eleição de 2018 na companhia de um zumbi em um país em recaída recessiva?
O governo era apenas delegado da coalizão liberal, antipetista, antilavajatista e anti-impostos que liderou o impeachment. Mas não há por ora nem um substituto imperfeito desse arranjo.
De que vale trocar um governo inerte por outro, a não ser para evitar tumulto social?
Um motivo maior da resistência de boa parte da cúpula do PMDB e de ministros de outros partidos é o medo da cadeia.
Um problema a resolver é como PSDB, DEM e agregados farão para concertar uma nova regência que seja liberal, que proteja PMDB e eles mesmos da cana e que não cause escândalo tumultuário "nas ruas".
Além disso, políticos medem a temperatura do mundo aqui fora, as reações sociais, e consultam oráculos do Supremo sobre a queda e a sucessão de Temer. Mas os sinais do mundo exterior estão confusos.
Muito grande empresário ou financista se recolheu ou deixou como está para ver como é que fica. Quase nenhum meio de comunicação importante pediu a cabeça de Temer. As ruas estão mornas.
Outro motivo do desnorteio, além da falta de acordo político mais geral, é a indefinição sobre o próximo regente.
Alguns tucanos especulam com o senador Tasso Jereissati ou com Nelson Jobim, o homem dos Três Poderes, ex-deputado federal, ex-ministro do Supremo, ex-ministro de FHC e Lula e agora sócio de banco, do BTG, um estorvo.
Mas o muro do PSDB é comprido. Pode abrigar até Henrique Meirelles, também ideia de parte do PMDB para "recompor" a regência liberal, além de preferência maciça de empresários, muitos desinformados sobre o que é a montagem política de um governo, ainda mais neste rolo.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara, é um candidato do baixo clero, portanto da maioria do Congresso, mas é tido em geral como limitado em todos os sentidos e está respingado de escândalo.
Cármen Lúcia seria solução para a falta geral de acordo. Mas, além de detestada pelos tantos fichas sujas, parece não ter força para lidar com o covil dos leões parlamentar.
Sim, até o atrabiliário e, pois, improvável Gilmar Mendes está nas cogitações.
21 de maio de 2017
Vinicius Torres Freire, Folha de SP
Um motivo maior da resistência de boa parte da cúpula do PMDB e de ministros de outros partidos é o medo da cadeia.
Um problema a resolver é como PSDB, DEM e agregados farão para concertar uma nova regência que seja liberal, que proteja PMDB e eles mesmos da cana e que não cause escândalo tumultuário "nas ruas".
Além disso, políticos medem a temperatura do mundo aqui fora, as reações sociais, e consultam oráculos do Supremo sobre a queda e a sucessão de Temer. Mas os sinais do mundo exterior estão confusos.
Muito grande empresário ou financista se recolheu ou deixou como está para ver como é que fica. Quase nenhum meio de comunicação importante pediu a cabeça de Temer. As ruas estão mornas.
Outro motivo do desnorteio, além da falta de acordo político mais geral, é a indefinição sobre o próximo regente.
Alguns tucanos especulam com o senador Tasso Jereissati ou com Nelson Jobim, o homem dos Três Poderes, ex-deputado federal, ex-ministro do Supremo, ex-ministro de FHC e Lula e agora sócio de banco, do BTG, um estorvo.
Mas o muro do PSDB é comprido. Pode abrigar até Henrique Meirelles, também ideia de parte do PMDB para "recompor" a regência liberal, além de preferência maciça de empresários, muitos desinformados sobre o que é a montagem política de um governo, ainda mais neste rolo.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara, é um candidato do baixo clero, portanto da maioria do Congresso, mas é tido em geral como limitado em todos os sentidos e está respingado de escândalo.
Cármen Lúcia seria solução para a falta geral de acordo. Mas, além de detestada pelos tantos fichas sujas, parece não ter força para lidar com o covil dos leões parlamentar.
Sim, até o atrabiliário e, pois, improvável Gilmar Mendes está nas cogitações.
21 de maio de 2017
Vinicius Torres Freire, Folha de SP
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