"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 27 de março de 2017

QUADRILHA DE SÉRGIO CABRAL USAVA CRIPTOGRAFIA PARA DIFICULTAR AS INVESTIGAÇÕES


Ilustração reproduzida de O Globo
Documentos da força-tarefa da Operação Lava-Jato demonstram como os envolvidos no esquema de desvios comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), segundo o Ministério Público Federal (MPF), se preocupavam em dificultar eventuais investigações. Um dos cuidados tomados pelos réus era usar programas de criptografia nas mensagens que trocavam. Outra forma era se comunicar por meio de textos deixados no rascunho de um e-mail a que outros investigados tinham acesso. Como as mensagens não eram enviadas, não seriam captadas pelo servidor.
O doleiro Marcelo Chebar contou em delação premiada os cuidados tomados pela organização. Marcelo e seu irmão, Renato, eram os responsáveis pela ocultação de dinheiro de Cabral, do ex-secretário de Governo Wilson Carlos e de Carlos Miranda, apontado como operador do esquema, no exterior.
TROCA DE E-MAILS – Marcelo disse aos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato que, como ele e o irmão às vezes precisavam se ausentar do país, Carlos Miranda criou um e-mail de endereço (cazaalta@gmail.com). Por meio dele, eram feitos uploads de arquivos na pasta de rascunhos, dispensando, a necessidade de envio das mensagens eletrônicas.
Os irmãos Chebar tinham a senha da conta de e-mail. Ao entrar para ler as mensagens, tomavam ciência dos pagamentos que deveriam ser feitos, ordenados por Carlos Miranda. Em alguns casos, os boletos eram salvos na pasta de rascunho para serem pagos. Os colaboradores contaram que nunca faziam download para o HD e sim para um pen drive, por razões de segurança. Os arquivos eram sempre criptografados, por meio de um programa chamado Steganos. Além de criptografar os arquivos, o Steganos criava um disco escondido em um pen drive. Depois da operação, esses dispositivos móveis eram destruídos.
OUTRO DOLEIRO – Marcelo deu ainda detalhes sobre a comunicação com outro doleiro, Vinicius Claret, o Juca Bala. A conversa era feita por meio do programa Pidgin, que também criptografava as mensagens. Por meio dele, Juca Bala, que ficava em Montevidéu, era acionado pelos irmãos Chebar para fazer os pagamentos e recolhimentos de valores.
“Que a operacionalização do dólar cabo com Juca ocorria da seguinte forma: de posse dos reais enviados por Sérgio Cabral através de Carlos Miranda, entrava em contato com Juca pelo MSN, por meio do programa Pidgin, para fechar a taxa de câmbio; Que foi Juca que sugeriu a utilização do citado programa, em razão do mesmo ser criptografado; Que Juca também utilizava os nomes/apelidos Ana Holtz e Peter”, diz trecho do depoimento de Marcelo Chebar aos procuradores.
OPERAÇÃO EFICIÊNCIA – As investigações sobre a ocultação de recursos da organização no exterior vieram à público com a deflagração da Operação Eficiência, em janeiro deste ano, ocasião em que foi preso também o empresário Eike Batista, acusado de pagar propina ao ex-governador Sérgio Cabral.
A ação ocorreu principalmente diante da delação dos irmãos Chebar, que apontaram as contas onde estavam escondidos US$ 101 milhões (cerca de R$ 340 milhões), que, segundo eles, eram de Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda. Deste total, R$ 270 milhões foram repatriados e R$ 250 milhões, transferidos para o governo do Rio para o pagamento do 13º atrasado de 147 mil aposentados e pensionistas.

27 de março de 2017
Juliana Castro
O Globo

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