"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 27 de março de 2017

MANIFESTAÇÕES FRACASSAM, PORQUE OS ORGANIZADORES TENTARAM MANIPULÁ-LAS


Amanda Perobelli/Estadão
Ninguém confia mais nos “líderes” das manifestações
Os grupos que lideraram as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff voltaram às ruas neste domingo, 26, para defender a Operação Lava Jato e o fim do foro privilegiado, além de protestar contra a introdução da lista fechada com financiamento público eleitoral na reforma política. O público, porém, foi consideravelmente o menor de todos os atos que aconteceram na Avenida Paulista entre 2015 e 2016.
Os políticos, que no ano passado disputaram os microfones, dessa vez não apareceram. Entre os poucos que se arriscaram no ato estavam o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o deputado Major Olímpio (SD-SP). Apesar de críticas pontuais, o presidente Michel Temer (PMDB) foi poupado.
GILMAR ATACADO – Já o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, recebeu críticas. “Gilmar Mendes é uma vergonha nacional. Não está fazendo papel de juiz, mas de político”, disse no microfone o advogado Luiz Flávio Gomes, líder do grupo “Quero um Brasil ético”. “Aécio, Lula, Temer. Queremos todos os ladrões fora”, acrescentou.
Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), além do senador Aécio Neves (PSDB-MG), também foram criticados. Eles são acusados por parte dos manifestantes de tentarem provomer um acordo para salvar a classe política diante  das relações da Odebrecht.
Os organizadores não fizeram ainda estimativas oficiais, mas parte deles fala em 10 mil pessoas. A Polícia Militar também não divulgou a quantidade de presentes. O público, porém, não é maior que um dia normal de domingo, quando a Paulista fica fechada aos carros. No trecho de maior concentração, em frente ao Masp, onde está o carro do Vem Pra Rua, o público não lota nem um quarteirão.
“Deve ter umas 10 mil pessoas aqui, o que não é uma derrota. O tema agora é mais técnico”, disse Luiz Philippe Orleans de Bragança, trisneto da princesa Isabel e líder do Acorda Brasil. No dia 13 de março do ano passado, o movimento atingiu seu ápice e reuniu 1 milhão de pessoas na Paulista, segundo os organizadores.
PAUTA COMPLEXA – Líder do Vem Pra Rua, Rogério Chequer concorda que a pauta agora é mais complexa. “A pauta agora não é tão simples e binária como o Fora Dilma e o impeachment”, afirma.
Os oito grupos que levaram carros de som para a Avenida Paulista convergiram sobre a defesa genérica da Lava Jato, o repúdio a qualquer tipo de anistia ao caixa 2, e contra a proposta de adotar lista fechada eleitoral com financiamento público. Mas existem algumas divergências. O NasRuas adotou lema  “Armas pela vida” e espalhou faixas contra o estatuto do  desarmamento.
Os “intervencionistas“, por sua vez, defenderam a intervenção dos militares e os monarquistas pediram a volta da família real ao poder.
REALE EXALTADO – O jurista Miguel Reale, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, esteve presente na manifestação e fez um discurso exaltado no caminhão do Vem Pra Rua. “Vamos apagar tudo para a preservar a política? Querem nos jogar na lama. Anistia e traição”, disse o jurista. Reale também afirmou que “em todos os partidos” há parlamentares envolvidos em propina. “Parlamentares mancomunados com grandes empresas estão gestando um acordo em Brasília”, protestou. A jurista Janaina Paschoal, outra autora do pedido de impeachment, também esteve no ato.
O MBL, como de costume, aproveitou para promover seus líderes e potenciais candidatos em 2018. Camisetas e faixas com o nome e a imagem de Kim Kataguiri foram colocadas em pontos estratégicos.
Em um discurso para um público esvaziado, o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), coordenador nacional do MBL, focou seu discurso contra os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e o PT. “O lugar de Lula não é no palanque. É na cadeia. Lula foi o chefe de quadrilha mais poderoso do país”, disse. Segundo ele, Dilma não pode mais ostentar o título de mulher honrada. “Ela sabia das doações da Odebrecht”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– O protestou fracassou em todo o país. Os motivos são simples. 1) Pauta variada e manipulada, diferente do “Fora Dilma”; 2) Algumas lideranças cooptadas por Moreira Franco; 3) Descrédito da população quanto aos organizadores; 4) Desânimo, porque Dilma e o PT foram derrubados e nada mudou. Bem, se querem encher as ruas, basta fazer um protesto contra a reforma da Previdência, a mudança da CLT e a terceirização. Vai bombar geral, como se diz hoje. (C.N.)

27 de março de 2017
Pedro Venceslau e Valmar Hupsel Filho
Estadão

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