"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 6 de março de 2017

PROPINAS "TRICOLORES" ERAM ENTREGUES PELA ODEBRECHT AO PDT EM DINHEIRO VIVO


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Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)Parece enredo de filme de ficção. Segundo depoimento de Fernando Cunha Reis, tesoureiro e o ex-diretor da Odebrecht Ambiental ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral e relator do processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff/Michel Temer, foram pagos R$ 4 milhões ao PDT para que o partido ingressasse a coligação da chapa presidencial nas eleições de 2014.
Pelo relato de Reis, como ‘Fluminense’ era senha para repasse ao PDT, uma pessoa de confiança da Odebrecht, tinha de memorizar a escalação da equipe do tricolor carioca, antes de se dirigir ao escritório de Marcelo Panela, tesoureiro do partido, na Avenida Nilo Peçanha,região central do Rio de Janeiro.
O emissário levava a quantia, em espécie, de R$ 1 milhão, que era entregue depois que perguntava e ouvia como resposta, o nome de um jogador do time, que era a senha e a contra-senha, acertadas entre a empreiteira e o PDT e usadas para fazer repasses ao partido.
JOGADA ENSAIADA – O código foi definido pelo tesoureiro e o ex-diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, responsável pela adesão do partido na chapa presidencial de Dilma Rousseff/Michel Temer em 2014.  A primeira reunião entre eles foi numa cafeteria em São Conrado, no Rio de Janeiro. A partir de então, ele passou a ter o codinome Canal. A escolha do nome de um jogador do Fluminense foi feita por Carlos Lupi e por Panela, torcedor do clube carioca.
Panela foi chefe de gabinete quando Lupi era ministro do Trabalho, durante o segundo mandato de Lula e no primeiro governo de Dilma Rousseff.
Os “tijolaços” foram entregues nos dias 4 e 11 de agosto e 1 e 9 de setembro de 2014. Cada entrega foi de R$ 1 milhão, proveniente de caixa 2, sempre em espécie.
NEM RECLAMARAM – Segundo Reis declarou ao ministro Herman Benjamin, a quantia poderoa ter alcançado a R$ 7 milhões, valor acertado com os membros do PDT, mas estacionou em R$ 4 milhões, pois depois de entregues apenas R$ 4 milhões, não houve cobrança do restante. A quantia era para garantir, além do apoio político do partido, o horário na televisão, de cerca de 51 segundos. No acordo, cada segundo adicionado pela legenda à chapa presidencial do PT custou R$ 78 mil.
O delator disse que o pedido para que negociasse a adesão do PDT na chapa foi feito por Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht, e foi ultimado depois de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, ter lhe declarado que Guido Mantega, ex-ministro do governo Lula,cobrava repasses para outros partidos da base aliada.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que as declarações de Reis ao TSE não passam de calúnias e “é importante esclarecer que o ônus da prova cabe ao acusador. O PDT vai agir no âmbito da Justiça.”
OUTROS PARTIDOS – Em seu denso depoimento, Fernando Cunha Reis afirmou que os acertos de Alexandrino Alencar faziam parte da compra do apoio envolvendo outros partidos – PCdoB, PP, PRB e PROS. Como se vê, só deixaram de participar os “CONTRAS”, já que até os “PRÓS” aderiu à bandalheira generalizada.
A Odebrecht disponibilizou cerca de R$ 30 milhões neste esquema de mútuos favores, que aparece em diferentes fases das delações de Marcelo Odebrecht e dos executivos Fernando Cunha Reis e Alexandrino Alencar.
Além de Cunha Reis, também prestou já depoimento o ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, responsável pelas intermediações entre a construtora e os políticos, que participaram do mega-esquema
MARCELO EM AÇÃO – Ele disse que não sabia das negociações da Odebrecht com os candidatos à Presidência e que esta incumbência era desenvolvida pessoalmente por Marcelo Odebrecht. Benedicto Jr. afirmou ao ministro relator Herman Benjamin que Marcelo era o interlocutor junto aos candidatos e que as quantias repassadas em 2014 às campanhas de Dilma Rousseff, do PT, Aécio Neves, do PSDB, Eduardo Campos, do PSB, e Marina Silva, da Rede, foram definidas por ele.
Benedicto Jr. afirmou que foi comunicado por Marcelo Odebrecht a respeito a doação de R$ 6 milhões ao candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014, Paulo Skaf. O valor era uma parcela dos R$ 10 milhões que foram negociados com o partido. Na doação estariam envolvidos Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, além de Eliseu Padilha, atual ministro da Casa Civil. E confirmou que o caixa 2 foi acertado por Marcelo Odebrecht num jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do então vice-presidente Michel Temer, durante a campanha de 2014.

06 de março de 2017
José Carlos Werneck

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