Com a conclusão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, pondo fim a uma hegemonia de mais de 13 anos do PT no poder, o Senado cumpre seu papel dentro de uma visão jurídica, legal e democrática. A surpresa com a manutenção dos direitos políticos da dirigente cassada e os inevitáveis questionamentos a serem suscitados a partir da decisão são questões secundárias diante de um aspecto essencial: o de que o presidente Michel Temer tem um desafio considerável ao assumir o comando do país no auge de uma crise política e econômica de proporções inéditas na história recente.
Na condição de titular do cargo, e mesmo registrando baixos índices de popularidade nas pesquisas de opinião pública e nas ruas, o presidente não tem mais como adiar as mudanças necessárias para definir um rumo imediato para o país, assegurando perspectivas para a redução do desemprego e da taxa de juros. É promissor que, já em sua primeira reunião ministerial, o presidente tenha se comprometido ontem com algumas das reformas emergenciais para "colocar o Brasil nos trilhos".
Sob o ponto de vista econômico, o presidente conta com um trunfo considerável para transmitir confiança na retomada da estabilidade: uma equipe reconhecidamente qualificada, que deixou evidente, desde o início, seu compromisso com o rigor fiscal. Por isso, a prioridade imediata, num período eleitoral e de tensões acirradas pelo impeachment, é garantir um mínimo de diálogo com o Congresso, que assegure a aprovação de uma proposta de contenção dos gastos oficiais, condicionando sua expansão à inflação do ano anterior. Não é missão fácil num setor público habituado a dispêndios sem limite — e há ainda questões mais complexas. Entre elas, estão a reforma da Previdência, que mobiliza sempre corporações influentes, e a política, diante das quais os parlamentares costumam se mostrar reticentes.
Não basta ao governo do PMDB manter uma equipe econômica renomada para transmitir segurança aos brasileiros em geral e ao mercado em particular. É importante que, a partir de agora, não venha a repetir equívocos da interinidade, como a nomeação de ministros que precisaram ser substituídos ante denúncias de envolvimento com corrupção. Daqui para a frente, é preciso também evitar idas e vindas como as que, no início, transmitiram incômodos sinais de hesitação. Entre as contradições, estão a volta atrás na redução do número de ministérios e o aval manifestado a reajustes salariais de elites de servidores que, na prática, impactam ainda mais as já deterioradas contas públicas.
Os brasileiros anseiam por estabilidade política e econômica, mas esperam também que o necessário ajuste nas contas acabe acenando com melhorias em serviços essenciais como saúde e educação. O presidente Michel Temer, que assume em condições econômicas adversas, devido à crise, e criticado por opositores, aos quais transmitiu ontem um recado duro, precisa agir rápido para recuperar o tempo perdido e pacificar o país.
O Brasil não pode esperar mais para se reerguer.
04 de setembro de 2016
Editorial Zero Hora, RS
Na condição de titular do cargo, e mesmo registrando baixos índices de popularidade nas pesquisas de opinião pública e nas ruas, o presidente não tem mais como adiar as mudanças necessárias para definir um rumo imediato para o país, assegurando perspectivas para a redução do desemprego e da taxa de juros. É promissor que, já em sua primeira reunião ministerial, o presidente tenha se comprometido ontem com algumas das reformas emergenciais para "colocar o Brasil nos trilhos".
Sob o ponto de vista econômico, o presidente conta com um trunfo considerável para transmitir confiança na retomada da estabilidade: uma equipe reconhecidamente qualificada, que deixou evidente, desde o início, seu compromisso com o rigor fiscal. Por isso, a prioridade imediata, num período eleitoral e de tensões acirradas pelo impeachment, é garantir um mínimo de diálogo com o Congresso, que assegure a aprovação de uma proposta de contenção dos gastos oficiais, condicionando sua expansão à inflação do ano anterior. Não é missão fácil num setor público habituado a dispêndios sem limite — e há ainda questões mais complexas. Entre elas, estão a reforma da Previdência, que mobiliza sempre corporações influentes, e a política, diante das quais os parlamentares costumam se mostrar reticentes.
Não basta ao governo do PMDB manter uma equipe econômica renomada para transmitir segurança aos brasileiros em geral e ao mercado em particular. É importante que, a partir de agora, não venha a repetir equívocos da interinidade, como a nomeação de ministros que precisaram ser substituídos ante denúncias de envolvimento com corrupção. Daqui para a frente, é preciso também evitar idas e vindas como as que, no início, transmitiram incômodos sinais de hesitação. Entre as contradições, estão a volta atrás na redução do número de ministérios e o aval manifestado a reajustes salariais de elites de servidores que, na prática, impactam ainda mais as já deterioradas contas públicas.
Os brasileiros anseiam por estabilidade política e econômica, mas esperam também que o necessário ajuste nas contas acabe acenando com melhorias em serviços essenciais como saúde e educação. O presidente Michel Temer, que assume em condições econômicas adversas, devido à crise, e criticado por opositores, aos quais transmitiu ontem um recado duro, precisa agir rápido para recuperar o tempo perdido e pacificar o país.
O Brasil não pode esperar mais para se reerguer.
04 de setembro de 2016
Editorial Zero Hora, RS
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