"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SENADOR LINDBERGH DIFAMA CARLOS HEITOR CONY, AMOROSO LIMA E ANTONIO CALLADO


Por ignorância, Lindbergh ofendeu três grandes jornalistas
















Na sessão de terça-feira, transmitida pela TV Senado e Globonews, quando foi aprovada por 59 a 21 a aceitação do julgamento definitivo do impeachment da quase ex-presidente Dilma Rousseff, o senador Lindbergh Farias, discursando pelo PT, cometeu um atentado contra a verdade histórica, difamando os jornalista e escritores Carlos Heitor Cony, Alceu Amoroso Lima e Antônio Callado, ao ponto inverídico de dizer da tribuna do Senado que os três intelectuais, no início da revolução de 64, apoiaram o movimento político-militar que derrubou o presidente João Goulart.
Agrediu a história moderna do Brasil, porque Cony, no antigo Correio da Manhã, onde eu também trabalhava, foi o primeiro a contestar a legitimidade da ação revolucionária, já no dia seguinte a 31 de março, com o primeiro de uma série de artigos foi sobre a tomada do Forte Copacabana.
Numa sequência constante, publicou uma série de crônicas, cujo título foi exatamente “A revolução de Caranguejos”. Irritou o governo Castelo Branco, ao ponto de motivar uma resposta pública do então ministro da Justiça, Milton Campos.
CONY E TRISTÃO – Carlos Heitor Cony não parou aí. Continuou e foi processado pelo General Costa e Silva, ministro do Exército. Sofreu prisões, ameaças, constrangimentos.
Alceu Amoroso Lima, no Jornal do Brasil, sob o pseudônimo de Tristão de Athayde, opôs-se ao regime ditatorial, comparando-o à ditadura de Getúlio Vargas, de 37 a 45, que em novembro de 1937 fechara o Congresso Nacional e se autodenominara de Estado Novo. Filinto Muller era o chefe de Polícia, com presos políticos nas masmorras, torturas nas salas da Rua do Lavradio, separadas por corredores sinistros.
Alceu Amoroso Lima chamou a revolução de 64 de “Estado Novíssimo”, fixando a analogia entre os dois períodos. Lindbergh Farias desconheceu tudo isso.
CALLADO, TAMBÉM – Antônio Callado, que na Segunda Guerra Mundial foi correspondente do Correio da Manhã em Londres e editor da BBC para a América Latina, enfrentou os bombardeios nazistas durante mais de três anos e desde a primeira hora se opôs frontalmente ao golpe de 64. Em artigos na imprensa, em conferências e debates, em manifestações de rua e nos protestos que tiveram como cenário o Teatro Opinião, em Copacabana.
O senador Lindbergh nasceu em 69. Deveria ter pesquisado e estudado os fatos antes de proferir absurdos. Carlos Heitor Cony foi preso várias vezes. Callado recusou o asilo político oferecido pela Inglaterra.
Lindbergh Farias entrou em luta com os fatos, deslocou-se para o plano da fantasia mentirosa e agressora, na tentativa inútil de defender Dilma Rousseff. Deve corrigir a inverdade que flagrantemente praticou.
EDITORIAIS DO CORREIO – Aproveito o tema para destruir a versão de que Cony foi o autor dos artigos “Basta” e “Fora” no Correio da Manhã, antevéspera e véspera da queda de João Goulart. Não é fato. Eu estava na redação. O autor dos dois artigos foi Edmundo Moniz, que décadas depois, por uma questão do destino, foi Secretário de Cultura do governo Leonel Brizola no Rio de Janeiro.
Um terceiro editorial, sob o título “Basta e Fora”, teve como redatores o mesmo Edmundo Moniz e o crítico de cinema Antônio Muniz Vianna, lacerdista exaltado. Devo lembrar um quarto artigo, omitido pelos historiadores, este do grande Otto Maria Carpeaux: “Basta, Fora a Ditadura”.
Ela se desenhava e só acabou em 85. Na década de 30, na Áustria, na lista de morte escrita por Adolf Hitler, Carpeaux, superintelectual, editorialista notável, adquirira sensibilidade para antever o perigo antes da tragédia.
Lindbergh Farias necessita informar-se antes de falar asneiras.

11 de agosto de 2016
Pedro do Coutto

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