"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

PROVA OLÍMPICA SEM MEDALHAS, NUMA DESNECESSÁRIA MARATONA



A sessão se prolongou, em busca de um resultado óbvio
















Na sessão que começou na manhã de terça-feira e entrou pela madrugada de ontem, horas preciosas de sono foram desperdiçadas pelos 81 senadores empenhados em degolar Dilma Rousseff. Não todos, é claro, pois 21 tentaram salvar o pescoço de Madame. Depois da aprovação do relatório de Antonio Anastasia, durante a apreciação do terceiro de um dos quatro destaques derrotados, já quase no fim da reunião, um dos governistas amarelou, quase reduzindo a maioria para 58 senadores e ampliando a minoria para 22. No final, Renan Calheiros se absteve e foi praticamente definido o placar da novela a ser encerrada no fim do mês: 59 a 21, ainda que certeza, só no fim da derradeira votação.
Faz muito que todo o plenário e a torcida do Flamengo sabiam desses números, tornando-se um desperdício ficarem os senadores por mais de 17 horas amontoados no plenário. Engana-se quem supuser que permaneceram em recatado silêncio, ouvindo os discursos e intervenções. Sob o olhar vetusto do ministro Ricardo Lewandowski, que presidia a sessão como presidente do Supremo Tribunal Federal, Suas Excelências conversavam, riam, contavam piadas e brincavam com os abomináveis joguinhos de telefones celulares.
Um discurso foi elogiável: do ex-ministro da Justiça e Advogado Geral da União, Eduardo Cardoso, na defesa do Dilma Rousseff. Não adiantou nada, pois todos já tinham opinião formada.
NADA DE NOVO – A trinca do barulho, Gleisi Hoffmann, Vanessa Graziotin e Lindbergh Farias, marcou a mesma presença de sempre, tumultuando e procurando protelar os trabalhos, mas dessa vez esbarrou na inflexibilidade do ministro  Lewandowski, que extremamente polido e  educado, impediu excessos.
A senadora Vanessa teve tempo, em função dos dois intervalos na longa reunião, de se dirigir ao seu gabinete e trocar duas vezes de roupa.
Agora que se inicia o julgamento da presidente afastada, com oitiva de testemunhas e arrazoados finais, a expectativa  é de mais uma olímpica sessão do Senado para o afastamento definitivo de Dilma. Só que não haverá medalhas a distribuir. A grande dúvida é saber se haverá tempo para o presidente Temer deixar de ser interino para poder viajar para a China.

11 de agosto de 2016
Carlos Chagas

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