"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 12 de junho de 2016

O RESET RUSSO DE HILLARY, O TERRORISMO E A AMEAÇA A ISRAEL

ARTIGOS - GLOBALISMO

Sergei Lavrov e Hillary Clinton


Em seu recente discurso sobre política externa, aclamado pela mídia, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton disse: "Se Donald [Trump] conseguir, eles vão comemorar no Kremlin. Não podemos deixar que isso aconteça". Mas como o correspondente veterano David Satter aponta, as comemorações começaram quando a senhora Clinton lançou um "reset" (1) nas relações russas em 2009, que ignorou a natureza criminosa do regime de Moscou e levou à invasão da Ucrânia.

"Começou, como sabemos, com um erro de tradução da palavra ’reset' e acho que a partir de então foi por água abaixo", disse Satter, referindo-se a sessão de fotos dela com o chanceler russo, Sergei Lavrov.

O novo livro de Satter, The Less You Know, the Better You Sleep (Quanto Menos Você Souber, Melhor Você Dorme), é o resultado de anos de pesquisa que revelaram alguns dos segredos de Estado mais bem guardados do regime de Vladimir Putin. Putin chegou ao poder "como resultado de um ato de terror levado a cabo contra seu próprio povo", explicou.

Ele discutiu suas descobertas dramáticas em um recente discurso na Heritage Foundation.

O livro tem implicações importantes para a forma como as agências de inteligência analisam o terrorismo islâmico que ocorre também fora da Rússia, e aquele patrocinado por regimes como o da Síria ou do Irã.

Primeiro jornalista americano a ser expulso da Rússia desde o fim da Guerra Fria, Satter investigou o papel da antiga KGB em incidentes terroristas tais como os atentados em apartamentos de Moscou de 1999, o cerco do Teatro Dubrovka de 2002, bem como a tomada de reféns de Beslan de 2004. Em todos estes casos, diz ele, há fortes evidências de ligações entre os terroristas (às vezes rotulados como chechenos) e a KGB (agora conhecida como FSB). Ou a FSB realizou o atos de terrorismo através de seus agentes ou permitiu que ocorressem, disse ele, para justificar a criação de uma nova ditadura, em Moscou.

No caso dos atentados dos apartamentos, que mataram cerca de 300 pessoas e levaram a uma invasão brutal da região russa da Chechênia, Satter disse: "Este evento histórico central na minha opinião foi a maior provocação política desde o incêndio do Reichstag. E estabeleceu o regime que agora temos de enfrentar, tanto na Ucrânia como potencialmente em outras partes do mundo".

O incêndio do Reichstag solidificou a ditadura de Hitler na Alemanha, o que levou à Segunda Guerra Mundial.

Ao longo dos anos, Satter reuniu evidências do papel da inteligência russa em vários incidentes terroristas dentro da Rússia. Ele discutiu algumas das provas em depoimento perante o Comitê de Relações Exteriores em 17 de maio de 2007, explicando como Putin e outros agentes da ex-KGB haviam se tornado a "nova hierarquia dominante" na Rússia.

Mas ele disse que a administração Obama chegou ao poder em 2008 com a atitude de quem "não queria ouvir" sobre nada disso e em vez disso atribuia os problemas nas relações EUA-Rússia a George W. Bush. Isto levou ao "reset" desastroso da Sra. Clinton com o regime de Putin.

Russos que investigam o papel da KGB em terrorismo doméstico na Rússia geralmente acabam mortos, Satter apontou. Entre estes se incluem Sergei luchenkov e Yuri Shchekochikhin, membros de uma comissão independente criada para investigar os atentados dos apartamentos, Anna Politkovskaya, jornalista, e Alexander Litvinenko (2) , ex-oficial da KGB / FSB que tinha fugido para Londres e co-autor do sucesso de vendas Blowing Up Russia: The Secret Plot to Bring Back KGB Terror (Explodindo a Rússia: O Complô Secreto para Trazer de Volta o Terror da KGB).

"Como resultado desta série de assassinatos", disse Satter, "me tornei, literalmente, a única pessoa que restou levantando esta questão publicamente, protegido pelo fato de que eu sou um cidadão americano e também participar no processo político em Washington."

Ele disse: "Não posso dizer que tive grande sucesso em chamar a atenção do mundo político em Washington. Mas escrevo sobre isso no The Wall Street Journal. Já testemunhei sobre isso no Congresso e escrevi sobre isso no meu segundo livro, Darkness at Dawn: The Rise of the Russian Criminal State (Escuridão no amanhecer: A ascensão do Estado Criminoso Russo). E certamente trato disso com muito mais detalhes neste [novo] livro ".

Em seu mais recente livro, Satter escreve sobre como autoridades do Ocidente não conseguiam aceitar a ideia de que o regime russo iria "matar centenas de seus próprios cidadãos e aterrorizar a nação para se manter no poder." Ele acrescentou: "Esta recusa em acreditar no inacreditável, porém, veio com um custo. Aleijou a política ocidental em relação à Rússia, tornando-a ingênua e ineficaz. A partir do momento em que Putin assumiu o poder, o Ocidente manteve uma imagem da Rússia que não tinha qualquer relação com a realidade".

Durante o período de perguntas e respostas, um indivíduo chamado Karl Golovin, que se descreveu como um agente especial federal aposentado, tentou mudar o assunto para alegações de que os incidentes terroristas nos Estados Unidos estavam sendo levados a cabo por agentes do governo dos EUA. Essas alegações figuram proeminente na teoria do "trabalho interno" dos ataques terroristas do 11/9 nos Estados Unidos que tem sido popularizada por figuras como o radialista Alex Jones. Tal teoria é popular na mídia russa, Satter observou.

Mas ele disse que a diferença entre os EUA e a Rússia é que os EUA são um país democrático com uma imprensa independente e instituições livres do controle ou intimidação do governo. Por outro lado, não houve audiências independentes sobre o terrorismo dentro da Rússia, e investigadores que viam cumplicidade oficial foram assassinados.

Para agravar a tragédia, a política externa pró-Rússia e pró-iraniana do presidente Obama colocou Israel pra escanteio, levando a relatos de que o Estado judeu está sendo forçado a voltar-se para a Rússia para assegurar a sua sobrevivência em um cada vez mais perigoso Oriente Médio. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que está em Moscou para uma visita oficial, tem de saber que, se Putin pode matar o seu próprio povo através do terrorismo que ele culpa aos muçulmanos, então ele certamente pode organizar ataques a Israel por meio de grupos terroristas palestinos que haviam se conectado à antiga União Soviética e agora trabalham com a Síria ou o Irã, ambos estados clientes dos russos.

Netanyahu deve saber que o que tem sido chamada de "Jihad Vermelha", que mata russos para fins políticos domésticos, pode facilmente atingir Israel e o Ocidente.


Notas do tradutor, William Uchoa:

(1) "RESET” – Incidente que ilustrou a total incompetência, irresponsabilidade e má fé de Hillary Clynton na política externa americana no qual ela erra palavra e causa riso em reunião com ministro russo: Reuter 06 de março de 2009 – Para simbolizar melhora nos laços, secretária de Estado deu de presente a Lavrov uma caixa com um botão vermelho de “reset” (reiniciar, restaurar) mas o tradutor automático ou humano imperito traduziu por “sobrecarga”.

(2) Quem quiser saber mais detalhes vide reportagem da revista Època seguindo este link.

Do Accuracy in Media - www.aim.org

Divulgação: Papéis Avulsos - www.heitordepaola.com


12 de junho de 2016
CLIFF KINCAID

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