"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

DEPOIMENTO DA MULHER DE CUNHA É "HECATOMBE NA DEFESA DELE" - DIZ RELATOR


Ao depor, Cláudia complicou ainda mais a situação do marido



















O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo de cassação do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o depoimento dado pela mulher de Cunha, Cláudia Cruz, à força-tarefa da Lava-Jato desmonta a tese da defesa e confirma as conclusões que apresentou em seu relatório: que ele era o garantidor da conta e era quem abastecia com recursos. O relator lembra que perguntou a Cunha, no depoimento ao conselho, quem pagava a conta dos cartões de crédito, e o presidente afastado disse que era sua mulher.
— Eu sabia que a fonte era uma das contas dele e agora ela confirma que quem pagava as contas era ele mesmo. O dinheiro que abastecia essa conta, a Kopek, saía da conta Netherton, uma conta que ele chama de trust. Esse depoimento escancara o que eu coloquei no parecer, o que constatei nos documentos. Como é que é trust, que não é dele, mas pagava a conta dele e dela? — diz Marcos Rogério, acrescentando:
— O depoimento dela desmonta a tese da defesa, de que ele não pagava conta, de que a fonte era ela e de que ele não tem conta. Foi uma hecatombe na defesa dele — afirmou.
ELA NÃO SABIA NADA
Cláudia Cruz prestou depoimento em 28 de abril deste ano, em Curitiba (PR), à força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava-Jato. Segundo o termo de declarações, ela disse que “não tinha conhecimento do saldo da conta” e não a declarou às autoridades brasileiras “porque quem era o responsável por isso era Eduardo Cunha”.
Ela alegou ainda que “perguntava a Eduardo Cunha se poderia fazer aquisições de luxo e ele autorizava”. Cláudia disse ainda que “nunca se interessou em perguntar a Eduardo Cunha de onde era a origem do dinheiro utilizado no exterior”.
Para o relator, pode ser uma estratégia da defesa de Cláudia Cruz para sair do centro da investigação, mas é a verdade:
— Todo mundo sabe que quem abriu foi ele, ele é o garantidor da conta, ela não tem fonte. Ela fez um depoimento para se separar dessa coisa, sair do centro da investigação, mas joga para cima dele. É prova material, não tem saída.
REFORÇA O PARECER
Outros integrantes do Conselho de Ética também avaliam que o depoimento de Cláudia Cruz reforça o que Marcos Rogério trouxe em seu relatório e voto ontem.
— A própria mulher dele e a filha dizem que era ele que abastecia a conta. Elas estão dizendo que era ele o responsável pela conta, quem abastecia a conta — disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que é a favor da cassação de Cunha.
VER O CONTEXTO
O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que votou contra dar andamento ao processo contra Cunha no conselho, afirmou que quer analisar melhor o depoimento delas para se posicionar. Para ele, á primeira vista, a impressão é de que o depoimento aconteceu para tentar escapar de uma possível prisão.
— Minha impressão é que a mulher dele, ao falar isso, tenta escapar de possível prisão. Mas não li o depoimento, tem que ver o contexto em que ela disse isso. Ainda não tenho definição sobre meu voto no conselho, não sei se esse depoimento irá prejudicar (Cunha). Vou ler atentamente o voto do relator e aguardar os votos que deverão ser apresentados pelos que pediram vista — disse Moraes.
MARUN MINIMIZA
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) minimiza a influência do depoimento de Cláudia Cruz na votação do Conselho de Ética:
— Isso está no processo? Não. Então, abram um outro processo. Eu não posso fazer qualquer ilação em cima do que não está no processo.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) diz que a “prova cabal” de que as movimentações nas contas de Cunha no exterior foram efetivas são confirmadas por pessoas ligadas a ele.

03 de junho de 2016
Isabel Braga
O Globo

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