"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

ROUBOS GIGANTESCOS LEVAM PETROBRAS A UMA PRIVATIZAÇÃO PARCIAL



Charge do Nani (reprodução de nanihumor.com




A excelente reportagem de Ramona Ordonez e Bruno Rosa, O Globo, edição de segunda, 04, deixa absolutamente claro que a Petrobrás está ingressando numa fase de privatização parcial, consequência da falta de recursos para sustentar o plano de investimentos da empresa, decorrência do maremoto de corrupção que a atingiu dura e profundamente ao longo dos últimos anos. A matéria acrescenta que a companhia pretende colocar a venda ativos menos rentáveis, pois terá de reduzir em 2016 seu plano de investimentos – de 27 bilhões de dólares para 19 bilhões, um corte na escala de 30%.

A Petrobrás, cujo balanço de 2014 apresenta uma perda de 6,2 bilhões de reais em consequência da corrupção que a alcançou, teve sua credibilidade abalada inclusive no plano internacional. Terá que enfrentar, em setembro, o julgamento das ações na Justiça de Nova York movidas principalmente por fundos de investimentos e investidores particulares que se sentiram prejudicados pelos motivos que levaram os papeis da empresa à queda registrada no mercado acionário.

Por aí se constata o poder destruidor da corrupção desencadeada em conjunto por grandes empresas, ex-dirigentes, intermediários e doleiros, além dos atores encarregados de transferir os lucros dos roubos para o exterior. Isso tudo sem esquecer a evasão de divisas e a sonegação de impostos. Ramona Ordonez e Bruno Rosa acrescentaram que o volume de privatização colocado à venda prevê uma escala de 15,1 bilhões de dólares. O processo de privatização parcial encontra-se, portanto, em pauta e vai passar do projeto a consequências concretas. Uma delas, é claro, a participação nos empreendimentos programados e, na sequência, na rentabilidade que apresentarem a médio prazo, pelo menos.


SEM RECURSOS


A publicação da reportagem, plena de dados objetivos, sinaliza no sentido dessa privatização. Pois sem recursos para investir, empresa alguma pode sobreviver, especialmente na área do petróleo e derivados, marcada por alta e ao mesmo tempo pesada tecnologia. Tanto assim que o mercado está apostando, segundo o texto, na venda de ativos do pré-sal como forma de gerar caixa rapidamente.

E, neste ponto, Ramona e Bruno transcrevem comunicado divulgado pela própria estatal reconhecendo que estuda oportunidades de desinvestimento em suas diversas áreas de atuação, apesar de negar estar em seu projeto negociar a venda da participação que possui na área de Libra do pré-sal, considerada o mais valioso ativo da estatal.

Entretanto, para manter o nível de produção na altura de 2 milhões e 185 mil barris por dia, há necessidade de a Petrobrás permanecer com a participação hoje de 30% em todos os campos do pré-sal. Porém, segundo especialistas, a Petrobrás não possui condições financeiras de assumir investimentos elevados ao longo dos próximos anos. Isso porque se descapitalizou e deverá partir em busca da economia perdida.


MONOPÓLIO JÁ ERA


Dentro desse panorama, parece cada vez mais distante a visão do monopólio estatal contida na lei 2004 de 1953, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas. Vale lembrar, contudo, que o monopólio estatal não constava da mensagem original de Vargas ao Congresso. Resultou de emenda incluída no projeto pelo deputado Bilac Pinto, grande figura política da UDN de Minas Gerais, partido que fazia oposição ao presidente. Mas este aspecto pertence à história, portanto ao passado.


No presente, a ideia do monopólio dilui-se diante de uma nova realidade, que aí está.



05 de janeiro de 2016
Pedro do Coutto

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