"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

ESPERANDO JANOT

BRASÍLIA - O plenário da Câmara estava praticamente vazio, às 9h20 desta quinta, quando Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediu a palavra para um discurso de improviso.

"A Câmara não pode mais conviver com episódios como o de ontem, sobretudo no Conselho de Ética. O que ocorreu foi uma verdadeira excrescência, uma imoralidade, uma indecência, um escárnio", disse.

O peemedebista se referia à manobra que afastou o relator Fausto Pinato (PRB-SP) no dia em que o Conselho votaria a abertura de processo contra o presidente da Câmara. Pinato já havia relatado uma ameaça de morte após divulgar seu parecer.

"Não podemos ficar calados diante disso. A nação inteira quer a saída do deputado Eduardo Cunha, porque se ele não reúne condições para presidir esta Casa e muito menos de conduzir um eventual episódio de impeachment", prosseguiu Jarbas.

"Ele fez e faz chantagem. Chantageou a oposição. Chantageou o PT. Chantageou a presidente da República", afirmou o deputado.

Jarbas não pode ser acusado de governismo. Dissidente no PMDB, apoiou o tucano Aécio Neves em 2014 e é um dos maiores defensores do impeachment de Dilma Rousseff.

O peemedebista terminou o discurso às 9h23. Em menos de 40 minutos, o Conselho de Ética voltaria a produzir cenas vexatórias. Dois deputados trocaram tapas, um a favor e outro contra o presidente da Câmara.

Os ânimos se exaltaram porque a tropa de Cunha havia iniciado outra manobra para blindá-lo. Um dia depois da derrubada do relator, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) pediu o afastamento do presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA).

Denunciado por corrupção há quase quatro meses, Cunha já demonstrou que é capaz de tudo para obstruir o processo no Conselho de Ética. Só será parado se o procurador Rodrigo Janot pedir a intervenção do Supremo Tribunal Federal. "Até agora a PGR não se pronuncia sobre esse escárnio", cobrou Jarbas.



11 de dezembro de 2015
Bernardo Mello Franco

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