"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

VITÓRIA DE PIRRO




É conhecida a história. Depois da batalha em que venceu os adversários, Pirro anunciou que outro embate daqueles exterminaria seu reino. Desde o fim da noite de terça-feira e durante todo o dia de ontem não se registrou uma única comemoração no palácio do Planalto por conta da vitória do governo com a manutenção do veto da presidente Dilma ao aumento dos servidores do Judiciário. 

A razão é simples: a derrota esteve muito próxima. Dos 513 deputados, apenas 132 votaram pela permanência do veto. Abstiveram-se onze e se opuseram 251. Quer dizer, faltaram apenas seis deputados para infligir a Madame o sucesso da rebelião em suas bases.

Esfrangalhou-se a tal maioria de que o governo dispôs desde o primeiro mandato do Lula. Apesar de PT, PMDB, PP e penduricalhos alardearem integrar formidável base governista, só conseguiram reunir 132 seguidores fiéis.


Os detentores do poder encontram-se a um passo de despencar. Imagine-se a tremedeira que irá assolar o conjunto cada vez menor, caso o deputado Eduardo Cunha aceite fazer tramitar o pedido de impeachment da presidente. Bem como durante a votação da nova CPMF, prevista para março.

Por enquanto não se aceitará a afirmação de que o governo acabou, mas é quase isso. Faltam três anos de conflitos e confrontos, se não vingar o afastamento de Dilma, mas será um período de turbulências. 
O PMDB tornou-se inconfiável. Até no PT houve quem se insurgisse contra o veto presidencial. Mesmo com o fisiologismo correndo solto na Esplanada dos Ministérios, o governo balança diante da tempestade que se aproxima. 

Imaginar sua rápida recuperação e a perspectiva do fim da crise econômica virou exercício de fantasia. Não há certeza de nada, exceção de que o país não aguentará muito mais tempo sem uma reforma profunda. Promovida por quem?


19 de novembro de 2015
Carlos Chagas

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