"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 20 de setembro de 2015

DILMA ROUSSEFF É A MAIOR ADVERSÁRIA DE SI MESMA



Prepotente e arrogante, Dilma tornou-se um fardo
No fundo, o país hesita em ir ao impeachment; percebe que não seria bom: em 23 anos, dois casos, é sinal de imaturidade, incapacidade de construir consensos e reformas, aperfeiçoar instituições e promover o desenvolvimento. O golpismo existe, mas é isolado. Se ocorrer o impedimento, será porque se tornou inevitável.
De modo que os alarmes da presidente Dilma Rousseff são, antes, estratégia de quem não consegue conter os próprios vícios; o alcoólatra que, sabe, caminha para a autodestruição previsível. Dinâmicas assim contam com a colaboração da suposta vítima, que também é cúmplice: perde-se o mandato por incapacidade de se impor ao processo político do qual se é o ator principal. O inferno não está só nos outros.
Eleição legitima, mas não basta. O poder carece de qualidade: rumo, futuro; comunicação; garantia de segurança. Credibilidade é tão importante quanto a eleição. Sem isso, a sensação de caos se alastra, gera intranquilidade, a impaciência e a intolerância.
CONDESCENDÊNCIA
À parte das queixas, Dilma ainda tem contado com a condescendência: o empresariado, preocupado em não piorar o já bastante ruim, reclama, mas alivia. Mesmo o PMDB prefere jogar nos erros do governo. Do TCU, Dilma ganhou o tempo que pediu; do TSE, a procrastinação. Até a oposição, com seus erros, contribui pelo avesso – Lula e o PT são mais ácidos. A presidente dá chance ao azar; sua imperícia é que alimenta o perigo.
Não há o que possa ajudar sem que a presidente, antes, faça algo por de si própria. Seu maior inimigo está no governo: inabilidade, indecisão, omissões; a ambiguidade econômica; a cizânia que se espalha pelo Executivo, como metástase. Orçamentos com déficit, balões de ensaio de reformas e medidas inviáveis; corporativismo, cortes performáticos. CPMF que vem, vai e volta. A presidente precisa olhar para o espelho e ordenar: “Dilma, levanta-te e anda!”

20 de setembro de 2015
Carlos Melo
Estadão

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