Uma pergunta recorrente entre advogados e políticos: qual a chance de Marcelo Odebrecht fazer delação premiada? “Zero”, disse um dos advogados da equipe do empreiteiro. E pouco antes de ser preso, Marcelo Odebrecht não escondia sua contrariedade com Dilma Rousseff. Ele afirmou a mais de um interlocutor que a presidente teria, digamos, se desinteressado do caso, acreditando que ao juiz Sergio Moro só interessaria punir as empreiteiras, poupando o governo.
Na visão de Odebrecht, Moro evita aprofundar o envolvimento de políticos para que o caso não saia de suas mãos quando alguma pessoa com mandato federal ou governador é citada, a investigação tem que ser encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ao juiz restaria condenar as empreiteiras por cartel, em que o governo é vítima.
FORA DE CONTROLE
Neste raciocínio, só um fio estaria até então “desencapado”: o do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, que fez acordo de delação premiada em Brasília. Ele, sim, poderia envolver políticos do mais alto escalão do governo no escândalo da Lava-Jato.
A tensão no governo Dilma, por sinal, já vinha aumentando nos últimos dias justamente por causa da delação premiada de Pessoa. De acordo com versões que circulam no alto escalão do governo, ele teria citado ministros da cota pessoal da presidente. A informação não é confirmada.
No STJ (Superior Tribunal de Justiça) circulava também a informação de que Pessoa teria envolvido novos governadores e ex-governadores na Lava-Jato.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A jornalista Mônica Bergamo tocou no ponto central da questão. Ninguém sabe o que já declarou Ricardo Pessoa. Seus depoimentos estão sob sigilo, porque certamente se referiu a parlamentar federal, governador ou ministro. Mas é uma grande coincidência que os presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez tenham sido presos depois dos depoimentos de Pessoa, que não era chefe do cartel, mas apenas coordenador. E em todo cartel o chefe é sempre o mais poderoso – no caso, seria o presidente da Odebrecht.(C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A jornalista Mônica Bergamo tocou no ponto central da questão. Ninguém sabe o que já declarou Ricardo Pessoa. Seus depoimentos estão sob sigilo, porque certamente se referiu a parlamentar federal, governador ou ministro. Mas é uma grande coincidência que os presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez tenham sido presos depois dos depoimentos de Pessoa, que não era chefe do cartel, mas apenas coordenador. E em todo cartel o chefe é sempre o mais poderoso – no caso, seria o presidente da Odebrecht.(C.N.)
21 de junho de 2015
Mônica Bergamo
Folha
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