As construtoras Norberto Odebrecht (CNO) e Andrade Gutierrez (AG) pagavam propinas no exterior, num esquema “sofisticado” de desvio de dinheiro da Petrobras. A afirmação foi prestada pelo delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal no Paraná, Igor Romário de Paula, e pelo procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, ambos investigadores da Operação Lava-Jato.
Segundo os investigadores, o operador da Odebrecht é o Bernardo Freiburghaus, que fugiu do país e hoje vive na Suíça, e o da Andrade Gutierrez é Fernando Baiano, preso. As ações de hoje envolvem fechar o ciclo apurado na Lava-Jato. Os crimes de cartel e fraude em licitação estão bem delineados na participação das duas empreiteiras, disse Carlos Fernando, conforme antecipou o Correio nas edições de 24 de março e 1º de junho. Agora, disse ele, foi comprovado documentalmente o esquema de corrupção.
Segundo Carlos Fernando, colaboradores indicaram contas bancárias onde o dinheiro foi transferido, para países como Suíça, Mônaco e Panamá. Os valores foram identificados pela grupo de procuradores e policiais federais que atua em conjunto na Operação Lava-Jato.
SEM PRIVILÉGIOS
Para os investigadores, a ação contra as duas gigantes da construção mostram que não há privilégios para criminosos
O delegado Igor Romário estima que as propinas pagas pela Odebrecht e AG tenham chegado a R$ 700 milhões aproximadamente. Apenas os contratos alvos dessa fase da Lava-Jato somam R$ 26 bilhões (sendo R$ 17 bilhões da CNO). Como a taxa de suborno indicada pelos delatores era de 1% a 3%, a corrupção seria de R$ 510 milhões para a Odebrecht e pouco mais de R$ 200 milhões para a Andrade Gutierrez.
Carlos Fernando lembrou que as duas empresas participaram de esquemas de cartel e fraude em licitação também fora da Petrobras, como nas obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro.
SALVAR AS EMPREITEIRAS…
O procurador Carlos Fernando destacou que “o governo” quer salvar as empreiteiras e punir apenas os executivos. Segundo ele, o Ministério Público, a PF e a Receita Federal pensam diferente. “Devemos punir todos os responsáveis de acordo com sua responsabilidade, seja civil, improbidade e penal”, afirmou. “Devemos punir todos, isso aqui é uma República. A lei deve valer para todos ou não deve valer para ninguém.”
A Odebrecht e a Queiroz Galvão lideravam o cartel e empresas junto com a UTC para combinar licitações, segundo depoimento inédito de um dos donos da Engevix Gérson Almada. Ele afirmou que as obras eram divididas em reuniões marcadas por Márcio Faria, da Odebrecht, Ricardo Pessoa, da UTC, e Othon Zanoide, da Queiroz Galvão.
21 de junho de 2015
Eduardo Militão
Correio Braziliense
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