Alexandrino Alencar trabalhou na Braskem de 2002 a 2007, quando foi transferido para a holding da Odebrecht. Até a noite de segunda, ele era diretor de Relações Institucionais da empreiteira. Após a empreiteira confirmar a demissão do diretor, sua prisão temporária de cinco dias foi prorrogada por mais um dia pelo juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava Jato, em Curitiba.
Segundo Costa, ele, Alexandrino Alencar e o ex-deputado José Janene (morto em 2010) negociaram o pagamento das propinas da Braskem em um encontro em hotel na capital paulista. De acordo com o delator, o esquema de propinas teria perdurado de 2006 a 2012 com a atuação de Freiburghaus no exterior.
“Um percentual deste montante (propina) era destinado a sua pessoa (Paulo Roberto Costa), tendo recebido valores junto a suas contas mantidas na Suíça por meio do operador Bernard Freiburghaus”, relatou Costa no seu depoimento.
PEÇA-CHAVE
Freiburghaus, que mora na Suíça é tratado pelos investigadores como peça-chave para a descoberta do suposto envolvimento da Odebrecht no esquema de cartel e corrupção na Petrobrás. Ele é considerado foragido pela força-tarefa (mais informações no texto ao lado) e foi apontado por pelo menos três delatores como o responsável pelas movimentações da empreiteira fora do País.
O próprio Alexandrino Alencar, em depoimento prestado aos investigadores na segunda-feira, admitiu que tratou de doações da Braskem ao PP em encontros com Janene, o doleiro Alberto Youssef e Costa em hotéis de São Paulo. De acordo com o executivo, as “tratativas” foram interrompidas após Janene ser citado no escândalo do mensalão, que veio à tona em 2005.
ALEXANDRINO NEGA
Alexandrino Alencar, contudo, nega que tenha tratado de propinas nas reuniões. Ele afirmou que cuidava de doações eleitorais da empreiteira e admitiu que, a partir de 2007, participou de reuniões na casa de Janene, em São Paulo para “tratar de assuntos políticos” e “inclusive quanto a quem a Odebrecht iria apoiar politicamente”.
Ainda segundo o executivo, as doações ao PP e a “alguns candidatos”, que ele não detalhou no depoimento, em 2008 e 2010 foram definidas a partir destes encontros. O executivo já admitiu queRafael Ângulo Lopes, o “carregador de malas” de Youssef, foi à sede da Odebrecht em “quatro ou cinco oportunidades”.
Conhecido pelo bom trânsito entre os políticos, Alexandrino Alencar chegou a acompanhar Luiz Inácio Lula da Silva em uma viagem do ex-presidente a países da América Central e do Norte em 2013.
25 de junho de 2015
Ricardo Brandt, Mateus Coutinho e Julia Affonso
Estadão
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