O ex-presidente Lula disse a aliados que a prisão dos presidentes da Odebrecht e da Andrade Guiterrez é uma demonstração de que ele será o próximo alvo da operação Lava Jato. Lula também reclamou que chamou de inércia da presidente Dilma Rousseff para contenção dos danos causados pela investigação.
Um dos presos é Alexandrino Alencar, diretor da Odebrecht que acompanhava Lula nessas viagens patrocinadas pela empreiteira. Integrantes dizem que “querem pegar Lula”. Lula também se encontrou com executivos da Odebrecht no exterior.
Desde o fim de 2014, a informação, que circulava no meio empresarial e político, era de que Marcelo Odebrecht não “cairia sozinho” caso fosse preso.
A empresa sempre negou ameaças. Entre executivos e políticos, contudo, as supostas ameaças eram vistas como um recado ao PT dada a proximidade entre a Odebrecht e Lula – a empresa patrocinou viagens do ex-presidente ao exterior, para tentar fomentar negócios na África e América Latina.
CHEGARÁ NO PSDB?
A estratégia adotada pelo PT e pelo governo foi a de afirmar que, dada influência das duas empreiteiras, a investigação atingirá as demais siglas, incluindo o PSDB.
Nessa linha, um ministro citou o nome da operação “Erga Omnes” (expressão em latim que significa “para todos”) para afirmar que não só o PT será afetado.
Durante a campanha presidencial de 2014, segundo esses interlocutores do governo, ambos executivos fizeram chegar reservadamente ao Planalto a sua intenção de votar na oposição.
Apesar do argumento de que outros partidos serão afetados, a tensão é maior entre petistas. Para petistas, os desdobramentos podem afetar o caixa do partido e por em xeque a prestação de contas da campanha da presidente. A detenção de Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo colocou a cúpula do PT em “estado de alerta” e preocupa o Palácio do Planalto pelos efeitos negativos na economia. Para assessores do ministro Joaquim Levy (Fazenda), o “ritmo da economia, que já está fraco, ficará mais lento”.
QUEIXAS DE MERCADANTE
Ainda segundo seus interlocutores, Lula se queixa da atuação do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que teria convencido Dilma a minimizar o impacto político da operação.
Nas conversas, ele se mostra preocupado pelo fato de não ter foro privilegiado, podendo ser chamado a depor a qualquer momento. Por isso, expressa insatisfação que o caso ainda esteja sob condução do juiz Sérgio Moro.
24 de junho de 2015
Deu na Folha
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