"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 17 de maio de 2015

DEUS-REI NUM MUNDO SEM REIS


Antes de enveredar pelo assunto desta crônica, conferi em fontes confiáveis o conceito de realidades envolvidas no texto. E para não derrapar nos comentários, copiei esses conceitos e os tenho ao meu alcance enquanto escrevo. Não complicarei a sua leitura, transcrevendo tudo o que anotei. Tanto mais que, somando e subtraindo, cruzando e descruzando dados e conceitos, são definições não muito definitivas.

Definições não definitivas – não lhe parece contraditório isso? De um ponto de vista, sim, mas não de outros. Explico-me por meio de um desafio. Tente delimitar (definir) com precisão, sem superposições nem imbricamentos, três realidades do nosso dia a dia: Estado,país, nação. Estou mesmo pensando em instituir o Prêmio Jacinto (talvez uma flecha de ouro) para quem consiga definir essas três realidades de modo imutável (definitivo), que exclua confusões na linguagem. Não ignoro que Nação refere-se mais à população, e Paísidentifica mais o território; mas não existe país sem população, nem nação sem território. O conceito de Estado é ainda mais complexo. Pode ser entendido como a estrutura administrativa de um país ou nação, mas não tem limites claros nem é fixo, perene (definitivo). Como encontrar definições delimitadoras, imutáveis, perenes, precisas, seguras?


Não é de estranhar essa imprecisão de linguagem, pois o homem é composto de corpo e alma, uma realidade ao mesmo tempo material e espiritual. E mutável, muito mutável, bem mais do que países, nações, estados. Corpo e alma agem em conjunto, não se pode atribuir uma ação humana exclusivamente ao corpo ou à alma. Também as realidades organizativas da sociedade envolvem o homem inteiro, portanto corpo e alma, ora predominando o corpo, ora a alma.

Cada um de nós se lembra de exemplos e cenas que nos emocionaram, nas quais geralmente predominou a alma. O esforço heroico de uma pessoa para salvar a vida de outra; o modo carinhoso e desinteressado da mãe ajudando o filho; a dedicação do professor ao aluno menos inteligente, que lhe dá mais trabalho; o irmão cedendo ao outro um órgão para transplante e prolongando-lhe a vida; operários sacrificando-se para solucionar a situação financeira da firma onde trabalham; o soldado arriscando a vida para os outros transporem um obstáculo. Há sempre aspectos materiais, mas predomina uma atitude de alma e servem de exemplos para outros.

Quando o exemplo parte de um chefe de estado, influencia uma população muito ampla – toda a nação, ou mesmo além das fronteiras – e pode mover uma multidão a agir do mesmo modo. Os atos de um governante são acompanhados pelo povo, daí sua maior influência sobre a sociedade. Para não ficar só em teorias, basta examinar a origem histórica do militarismo alemão, com todas as consequências de ordem, rigor, disciplina, seriedade. Se o governante é exemplo de honestidade, dedicação, bondade, essas virtudes crescem naturalmente na população. E crescem os vícios, quando eles predominam nos governantes. Não nos faltam exemplos.

Um aspecto pouco divulgado é que as próprias formas de governo influenciam para o bem ou para o mal a nação. Cada forma de governo produz efeitos pessoais e sociais diferentes, maiores até do que os resultados materiais da ação governativa.

Nos antigos regimes monárquicos, o chefe da nação era vitalício, confiável, estável, sólido. O chefe de família era também vitalício, confiável, estável, sólido, daí ser voz corrente: O rei é o pai dos pais, o pai é o rei dos filhos.

Pais e reis eram ótimas referências e símbolos de Deus, contribuindo assim para o povo conhecê-lo, amá-lo e servi-lo. Os atributos de pai e de rei sempre foram reconhecidos em Deus, e não é raro afirmar que Deus é o rei dos reis. Mas chegamos à situação lamentável em que pais e reis se tornaram uma espécie em extinção.

Os governos democráticos modernos não têm estabilidade e representatividade suficientes. A começar pelo presidente (a palavra identifica quem está presidindo): não é vitalício, não é o eleito de todos, não é o dono do cargo.

Seguindo o modelo dos governos, as famílias também se fragmentaram, instabilizaram, perderam a coesão. O chefe de família é hoje uma sombra do que foi, tornou-se o presidente de uma entidade transitória, frágil, instável, tanto quanto os governos. 

Como consequência, chefes de governo e de família contribuem pouco ou quase nada para entendermos o verdadeiro significado de Deus – eterno, bondoso, estável, majestoso.


A pessoa do rei, cercada de respeito, honra, pompa e majestade, possibilitava percebermos algo do que existe e acontece no Céu.

Imaginar Deus-Rei com coroa, manto real, majestade, era muito esclarecedor, estimulante, enriquecedor.

Será que a sua fé e a minha sairiam fortalecidas, imaginando-O como um deus-presidente? Com faixa presidencial, paletó e gravata?! Não, não pense que estou fazendo piada...

Não lhe parece muita ingenuidade atribuir ao acaso a proliferação de governos democráticos em todo o mundo? E a consequência disso nas famílias lhe parece mera coincidência?

Não, prezado leitor, há muitos interesses e interessados nisso. E os maiores interessados são exatamente os inimigos de Deus.

Sem reis governando como pais, sem pais respeitáveis como reis, como entender e adorar a Deus, pai e rei?


17 de maio de 2015
Jacinto Flecha

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