O doleiro Alberto Youssef prestou ontem novo depoimento em Curitiba, onde não apenas confirmou, mas enfatizou a acusação à presidente Dilma, ao Lula, a Graça Foster, José Dirceu, Ideli Salvatti, Edison Lobão e outras altas figuras do governo sobre terem tido conhecimento das falcatruas verificadas à sombra da Petrobras e de poderosas empreiteiras.
Convenhamos, é barro no ventilador, ainda que o criminoso, como tal, possa não merecer crédito. Mas como abafar a denúncia se formulada sob o risco e a proteção da delação premiada? Youssef sabe muito bem que se for flagrado em mentiras, perderá os benefícios do recurso e poderá transformar-se num condenado a vinte anos de prisão em regime fechado. Ousaria arriscar seu futuro inventando mentiras?
Importa afirmar que as figuras relacionadas não foram acusadas de participar da lambança, mas apenas de saber de sua existência, coisa que não configura participação, mas omissão. Crime, quando praticado por governantes.
QUAL A CONCLUSÃO?
Fica difícil, a partir dessa renovada denúncia, evitar suas consequências. Que conclusão devem tirar os integrantes da CPI da Petrobras? Complicado, mas não impossível, será ouvir a presidente da República e seu antecessor, até pela falta de materialidade na acusação, limitada ao depoimento prestado por um bandido. Sem provas além de sua palavra.
Será, no entanto, possível aos acusados manter o silêncio verificado até agora? Ignorar a afirmação de que sabiam da corrupção reinante em importante setor da administração pública seria desastroso para o grupo hoje impedido até de sair às ruas sem manifestações populares de rejeição. Alguma coisa precisa ser feita com urgência pelos acusados, porque o barro lançado sobre o ventilador começa a atingir indiscriminadamente culpados e inocentes.
12 de maio de 2015
Carlos Chagas
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