"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A CÚPULA DA QUINTA-COLUNA EURASIANA

Artigos - Globalismo

Um encontro em Viena passou despercebido pela grande mídia mundial. Os líderes do Movimento Eurasiano russo, a extrema-direita populista européia, aristocratas e homens de negócios reunidos para “salvar” a Europa contra o liberalismo norte-americano e seus lobbies.

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 Palácio do Príncipe de Liechtenstein

Em abril de 2014, em torno da prefeitura de Viena, dezenas de milhares comemoravam o Life Ball, o maior evento de apoio aos portadores de HIV e Aids na Europa. No palco, Conchita Wurst junto com dançarinos gays e lésbicas dançavam em trajes burlescos o tema do evento em 2014, o “Jardim das Delícias”. Ao mesmo tempo era realizado a apenas alguns metros de distância, no Palácio do Príncipe de Liechtenstein, uma conferência com “cristãos” nacionalistas e fundamentalistas russos e europeus, sobre como salvar a Europa do liberalismo e seu lobby “satânico”, e das possibilidades de reversão da situação. A reunião foi realizada a portas e cortinas fechadas, sob o mais estrito sigilo. Foi no entanto confirmado pela imprensa suíça por duas fontes independentes.
 
O tema oficial foi o Congresso Histórico de Viena, que foi realizado exatamente 200 anos antes, com a criação da chamada Santa Aliança Continental, que proporcionou um século de relativa calma e equilíbrio geopolítico na Europa. Era esse o principal tema descrito no convite do evento. Na verdade, na reunião realizada no suntuoso salão de banquetes do palácio, pouco foi dito sobre o passado, mas muito sobre o futuro. Hoje existem as mesmas condições históricas e geopolíticas para reviver o espírito da Santa Aliança.
 
Um visitante suíço
 
kmO oligarca russo Konstantin Malofeev (foto) e sua fundação São Basílio Magno, também participou do evento. Outros convidados russos foram o principal ideólogo do Movimento Eurasiano, Aleksandr Dugin, bem como o pintor nacionalista Ilya Glazunov. Da França, a representante do Front Nationale, Marion Maréchal-Le Pen (neta do fundador do partido e sobrinha de Marine Le Pen), e o historiador Aymeric Chauprade. Da Espanha esteve o príncipe Sixto de Bourbon-Parma Henri, líder do movimento monarquista carlista e católico. Da Suíça, Serge de Pahlen, diretor de uma empresa financeira de Genebra e marido da herdeira da FIAT, Margherita Agnelli Fiat de Pahlen. Da Áustria, o presidente do partido populista de extrema-direita, Heinz-Christian Strache e seu vice, John Gudenus, assim como Johann Herzog do FPÖ. Da Bulgária, o presidente e fundador do partido de extrema-direita Ataka, Volen Siderov. Extremistas da Croácia, nobres da Geórgia e da Rússia, assim como um padre católico estiveram presentes.
 
A imprensa e o público não foram informados da reunião, e os participantes se empenharam em um sigilo absoluto. Seguranças do palácio mantiveram as entradas fechadas, e mesmo os participantes não puderam tirar fotos do evento. O líder do FPÖ tirou uma foto da mesa e foi imediatamente repreendido por Malofeev, organizador do congresso.
 
O convidado especial do encontro foi Aleksandr Dugin, co-fundador do Partido Nacional Bolchevique e principal ideólogo do Movimento Eurasiano. Dugin tem propagado uma aliança euro-asiática, sob a liderança da Rússia. Suas idéias tiveram tamanha repercussão que resultaram na criação da União Eurasiana, com a Rússia, Bielo-Rússia e Cazaquistão, no final de maio de 2014, logo após a invasão e anexação da Criméia por tropas russas-eurasianas.

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Aleksandr Dugin
 
Em um discurso na televisão em abril de 2014, Dugin propôs tornar a Europa um protetorado russo, e portanto, contra o casamento gay e as “modernidades ocidentais”. 
 
“Temos que conquistar e unir a Europa” disse Dugin, “e apoiamos uma quinta coluna pró-russa na Europa, composta pelos intelectuais europeus que pretendem reforçar a sua identidade”.
 
Elogios ao governo Putin
 
O historiador Roberto de Mattei falou sobre o terremoto e o tsunami do Japão, explicando ser um castigo de Deus, sobre a tolerância no mundo com a homossexualidade. O búlgaro Siderov exaltou o seu partido Ataka como baluarte europeu contra o avanço islâmico e judeu na Europa. A liderança do partido da Liberdade austríaco manteve bons contatos com o governo russo. Johann Gudenus foi recebido em 2012 por Vladimir Putin e Ramzan Kadyrov, presidente da Chechenia, em Grozny. Em 2014 Gudenus viajou como observador no referendo do território ocupado da Criméia. Lá, ele disse não ter visto “nenhuma pressão ou coerção”. Perguntado sobre a reunião em Viena, Gudenus disse ao jornal suíço Tages-Anzeiger não ter nada a declarar, por ter sido um evento privado.

de MatteiRoberto de Mattei
 
Aos 39 anos, Konstanti Malofeev fez a sua fortuna com um fundo de investimentos Marshall Capital Partners. Ele também fundou um fundo de caridade para ajudar hospitais e escolas da Igreja Ortodoxa Russa. Ele considera importante os ensinamentos dos valores russo-cristãos tradicionais. Um retrato feito pelo “Financial Times”, ele foi considerado como um “Rasputin moderno”, que fez amizade com um monge que tem acesso direto ao Presidente Vladimir Putin. A imprensa russa suspeita que Malofeev está financiando os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. Konstantin não respondeu as perguntas enviadas pelo Tages-Anzeiger. Em uma entrevista para a edição russa da Forbes, Malofeev confirmou que o auto-nomeado primeiro-ministro da “República Popular de Donetsk”, Alexander Borodai, foi seu ex-funcionário o qual desejou boa sorte para o futuro trabalho, pois o que se passa hoje na Ucrânia “deve ser um alerta para quaisquer russos”.
 
O menos preocupado de todos os participantes da conferência, era Ilya Glazunov. Quando recebeu a notícia da anexação russa da Criméia, ele ficou com os olhos cheios de lágrimas. Em uma entrevista para a televisão estatal russa, ele mostrou suas pinturas com heróis e santos russos, e que ninguém poderia deixar a “Nova Rússia” de joelhos. Ele disse que a vontade de ferro de Putin é um milagre: “Eu sinto um prazer profundo sobre a sua fé inabalável e suas ações para a unidade do povo russo”.

 
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O ex-funcionário padrão de Konstantin Malofeev, Aleksandr Borodai, acusado de ser membro do FSB/KGB.
 
Reunião planejada em Moscou
 
Os outros convidados no salão de festas do palácio elogiaram Putin. Um dos participantes viu no presidente da Rússia o “salvador” e a re-encarnação de Alexandre, O Grande. O czar realizou a “Santa Aliança” em 1815 lutando contra Napoleão, que derrotou a França para devolver ao povo francês. Por isso esse evento não foi nenhum problema para os participantes do Front Nationale. 
 
O historiador e deputado francês Aymeric Chauprade, de 45 anos, é um intelectual ao gosto de Aleksandr Dugin. Chauprade representa os ideais de uma Europa de nações com fortes laços com a Rússia. A herdeira política da família Le Pen, Marion, alertou sobre a importância da “Marcha da Vida” (pró-vida, contra o aborto)  e contando com um apoio direto do Vaticano. 
 
O encontro terminou com um concerto clássico nacionalista e uma recepção de gala (com o uso obrigatório de smokings pelos cavalheiros). A próxima reunião ocorrerá em janeiro de 2015, provavelmente em Moscou. 
 
O organizador sugeriu na Criméia, mas outros participantes rejeitaram. O inverno na península sob disputa entre Rússia e Ucrânia estará muito úmida e desconfortável.


Sobre o Congresso de Viena (1815) e a “Santa Aliança”
 
A Santa Aliança (em alemão: Heilige Allianz; em russo: Священный союз, Svyashchennyy soyuz) foi uma coalizão criada pelas potências monarquistas da Europa: Império Russo, Império Austríaco e Reino da Prússia. Sua criação foi uma conseqüência da derrota final de Napoleão Bonaparte pelo czar Alexandre I da Rússia e selada em Paris no dia 26 de setembro de 1815.

Motivação e criação

Assim que o Império Napoleônico ruiu, as grandes potências se reuniram no Congresso de Viena para reorganizar o mapa político da Europa. Surgiu a Santa Aliança, tratado que tinha por objetivo conter a difusão do ideário revolucionário francês, semeado por Napoleão Bonaparte. A Santa Aliança foi inicialmente forjada entre Rússia, Prússia e Áustria, as 3 (três) potências vencedoras da Guerra contra Napoleão Bonaparte, como forma de garantir a realização prática das medidas que foram aprovadas pelo Congresso de Viena, bem como impedir o avanço nas áreas sob sua influência das ideias liberais e constitucionalistas, que se fortaleceram com a Revolução Francesa e que haviam desestabilizado toda a Europa. O bloco militar, que durou até as revoluções europeias de 1848, combateu revoltas liberais e interferiu na política colonial dos países ibéricos, já que era a favor da recolonização. Esta aliança foi proclamada no Congresso de Viena (reunido entre 1814 e 1815) como a união dos 3 (três) ramos da família cristã europeia: os ortodoxos russos, os protestantes prussianos e os católicos austríacos. Surgiu por inspiração do czar da Rússia Alexandre I, que propôs aos outros príncipes cristãos reunidos em Viena governarem seus países de acordo com os “preceitos da Justiça, Caridade Cristã e Paz” e a formação de um bloco de potências, cujas relações seriam reguladas pelas “elevadas verdades presentes na doutrina de Nosso Salvador”. O czar teria sofrido influência da Baronesa de Krüdener e de Nicolas Bergasse (antigo constituinte francês). Bourquin observa, entretanto, que a influência da senhora de Krüdener teria sido pequena e que na realidade a Santa Aliança teria nascido do misticismo de Alexandre. Todavia, com a interferência do chanceler austríaco Metternich, a Santa Aliança foi apenas um instrumento da restauração monárquica. Estabelecida entre os soberanos europeus que pretendiam propagar os princípios da fé cristã e, no fundo, manter o absolutismo como filosofia do Estado e sistema político dominante na Europa, a Santa Aliança foi firmada a partir dum tratado definido pelo czar russo, sendo posteriormente assinado em 26 de Setembro de 1815, em Paris, por Francisco I, imperador da Áustria, Frederico Guilherme III, rei da Prússia, e o próprio Alexandre I. O tratado da Santa Aliança só foi assinado por chefes de Estado, sem ser submetido a ratificação.
 
Evolução

A Inglaterra, embora tenha participado de todas as coligações formadas para combater Napoleão Bonaparte, nunca aderiu à Santa Aliança em razão da ideologia antiliberal que estava no centro do grupo, bem como pelo fato de ter interesses no comércio com as jovens nações (colônias). O negociador inglês Lord Castlereagh, por entender que a aliança tinha por finalidade última colocar a Inglaterra à margem das questões políticas europeias, garantindo a proeminência da Rússia na Europa, propôs a criação da Quádrupla Aliança, reunindo a Inglaterra e as três potências signatárias da Santa Aliança, com o objetivo de realizar consultas quando a situação política do continente exigisse. Ela foi assinada em 15 de novembro de 1815. A Quíntupla Aliança se reuniu pela última vez no Congresso de Verona, em 1822, para resolver os problemas relacionados a Revolução Grega e a intervenção francesa na Espanha. Os últimos encontros foram marcados por crescente antagonismo entre França e Inglaterra em questões como autodeterminação das nações, a unificação italiana e a Questão Oriental.
 
Intervenções

O Direito de Intervenção foi defendido pelo ministro austríaco, príncipe Metternich, segundo o qual as nações europeias interviriam onde quer que as monarquias estivessem ameaçadas ou onde fossem derrubadas. A aliança visou a a manutenção dos tratados de 1815, tendo em vista reprimir as aspirações liberais e nacionalistas dos povos oprimidos. Espanha e Portugal faziam parte do acordo, por isso a Santa Aliança tinha o direito de intervir nas colônias desses países caso elas tentassem libertar-se. Em 1818, o primeiro Congresso da Santa Aliança decidiu retirar as tropas de ocupação da França. Pouco depois, quando uma associação de estudantes alemães provocou distúrbios durante as comemorações do terceiro centenário da Reforma, a re­pressão se abateu com violência. As universidades foram vigiadas, as sociedades nacionalistas combatidas e os jornais censurados. Em 1820, posições liberais de militares contrários ao absolutismo na Espanha e no Reino das Duas Sicílias insuflaram uma revolta, que culminou com a imposição de uma Constituição aos dois reis. Fernando VII, da Espanha, e seu primo Fernando I, das Duas Sicílias, fingiram aceitar mas recorreram à Santa Aliança. Uma expedição militar, em 1823, pôs fim à revolta constitucionalista e restituiu Fernando VII como monarca absoluto.
 
Decadência

Este foi o último êxito da Santa Aliança, pois por volta de 1820 seu poder já se desfazia. Não conseguiu abafar a rebelião dos gregos contra os turcos (1821-1827) nem a independência das colônias da América do Sul (1810-1824). Ficou desmoralizada. A grande importância desta aliança não residiu no acordo em si mesmo mas no fato de ser um símbolo das políticas absolutistas e um instrumento para manter o estado vigente das coisas na Europa, uma volta ao que ficou conhecido como Ancien Régime. Como aspecto ilustrativo deste novo quadro absolutista, refira-se que diversas tentativas e experiências revolucionárias e democráticas, nacionalistas ou liberais, foram derrubadas com intervenção de tropas da Santa Aliança, em nome da manutenção da ordem absolutista. A Santa Aliança logo perderia força pois estava contra o moto da história, contra o capitalismo liberal que aumentava o poder econômico da população abrindo espaço para a facilitação das revoltas contra o absolutismo, que era um empecilho ao desenvolvimento do livre comércio. Com interesses nos Bálcãs, que saía do poder do Império Otomano, esses mesmos aliados “santos” iniciais iniciariam uma corrida militarista para se apossar dessas novas terras com um novo arranjo de alianças, entrando em conflito direto um com o outro.

Sobre o Congresso de Viena (1815) e a “Santa Aliança”

A Santa Aliança (em alemão: Heilige Allianz; em russo: Священный союз, Svyashchennyy soyuz) foi uma coalizão criada pelas potências monarquistas da Europa: Império Russo, Império Austríaco e Reino da Prússia. Sua criação foi uma conseqüência da derrota final de Napoleão Bonaparte pelo tsar Alexandre I da Rússia e selada em Paris no dia 26 de setembro de 1815.

Motivação e criação

Assim que o Império Napoleônico ruiu, as grandes potências se reuniram no Congresso de Viena para reorganizar o mapa político da Europa. Surgiu a Santa Aliança, tratado que tinha por objetivo conter a difusão do ideário revolucionário francês, semeado por Napoleão Bonaparte. A Santa Aliança foi inicialmente forjada entre Rússia, Prússia e Áustria, as 3 (três) potências vencedoras da Guerra contra Napoleão Bonaparte, como forma de garantir a realização prática das medidas que foram aprovadas pelo Congresso de Viena, bem como impedir o avanço nas áreas sob sua influência das ideias liberais e constitucionalistas, que se fortaleceram com a Revolução Francesa e que haviam desestabilizado toda a Europa. O bloco militar, que durou até as revoluções europeias de 1848, combateu revoltas liberais e interferiu na política colonial dos países ibéricos, já que era a favor da recolonização. Esta aliança foi proclamada no Congresso de Viena (reunido entre 1814 e 1815) como a união dos 3 (três) ramos da família cristã europeia: os ortodoxos russos, os protestantes prussianos e os católicos austríacos. Surgiu por inspiração do tsar da Rússia Alexandre I, que propôs aos outros príncipes cristãos reunidos em Viena governarem seus países de acordo com os “preceitos da Justiça, Caridade Cristã e Paz” e a formação de um bloco de potências, cujas relações seriam reguladas pelas “elevadas verdades presentes na doutrina de Nosso Salvador”. O czar teria sofrido influência da Baronesa de Krüdener e de Nicolas Bergasse (antigo constituinte francês). Bourquin observa, entretanto, que a influência da senhora de Krüdener teria sido pequena e que na realidade a Santa Aliança teria nascido do misticismo de Alexandre. Todavia, com a interferência do chanceler austríaco Metternich, a Santa Aliança foi apenas um instrumento da restauração monarquica. Estabelecida entre os soberanos europeus que pretendiam propagar os princípios da Fé cristã e, no fundo, manter o absolutismo como filosofia do Estado e sistema político dominante na Europa, a Santa Aliança foi firmada a partir dum tratado definido pelo czar russo, sendo posteriormente assinado em 26 de Setembro de 1815, em Paris, por Francisco I, imperador da Áustria, Frederico Guilherme III, rei da Prússia, e o próprio Alexandre I. O tratado da Santa Aliança só foi assinado por chefes de Estado, sem ser submetido a ratificação.

Evolução

A Inglaterra, embora tenha participado de todas as coligações formadas para combater Napoleão Bonaparte, nunca aderiu à Santa Aliança em razão da ideologia antiliberal que estava no centro do grupo, bem como pelo fato de ter interesses no comércio com as jovens nações (colônias). O negociador inglês, Lord Castlereagh, por entender que a aliança tinha por finalidade última colocar a Inglaterra à margem das questões políticas europeias, garantindo a proeminência da Rússia na Europa, propôs a criação da Quádrupla Aliança, reunindo a Inglaterra e as três potências signatárias da Santa Aliança, com o objetivo de realizar consultas quando a situação política do continente exigisse. Ela foi assinada em 15 de novembro de 1815. A Quíntupla Aliança se reuniu pela última vez no Congresso de Verona, em 1822, para resolver os problemas relacionados a Revolução Grega e a intervenção francesa na Espanha. Os últimos encontros foram marcados por crescente antagonismo entre França e Inglaterra em questões como autodeterminação das nações, a unificação italiana e a Questão Oriental.

Intervenções

O Direito de Intervenção foi defendido pelo ministro austríaco, príncipe Metternich, segundo o qual as nações europeias interviriam onde quer que as monarquias estivessem ameaçadas ou onde fossem derrubadas. A aliança visou a a manutenção dos tratados de 1815, tendo em vista reprimir as aspirações liberais e nacionalistas dos povos oprimidos. Espanha e Portugal faziam parte do acordo, por isso a Santa Aliança tinha o direito de intervir nas colônias desses países caso elas tentassem libertar-se. Em 1818, o primeiro Congresso da Santa Aliança decidiu retirar as tropas de ocupação da França. Pouco depois, quando uma associação de estudantes alemães provocou distúrbios durante as comemorações do terceiro centenário da Reforma, a re­pressão se abateu com violência. As universidades foram vigiadas, as sociedades nacionalistas combatidas e os jornais censurados. Em 1820, posições liberais de militares contrários ao absolutismo na Espanha e no Reino das Duas Sicílias insuflaram uma revolta, que culminou com a imposição de uma Constituição aos dois reis. Fernando VII, da Espanha, e seu primo Fernando I, das Duas Sicílias, fingiram aceitar mas recorreram à Santa Aliança. Uma expedição militar, em 1823, pôs fim à revolta constitucionalista e restituiu Fernando VII como monarca absoluto.

Decadência

Este foi o último êxito da Santa Aliança, pois por volta de 1820 seu poder já se desfazia. Não conseguiu abafar a rebelião dos gregos contra os turcos (1821-1827) nem a independência das colônias da América do Sul (1810-1824). Ficou desmoralizada. A grande importância desta aliança não residiu no acordo em si mesmo mas no fato de ser um símbolo das políticas absolutistas e um instrumento para manter o estado vigente das coisas na Europa, uma volta ao que ficou conhecido como Ancien Régime. Como aspecto ilustrativo deste novo quadro absolutista, refira-se que diversas tentativas e experiências revolucionárias e democráticas, nacionalistas ou liberais, foram derrubadas com intervenção de tropas da Santa Aliança, em nome da manutenção da ordem absolutista. A Santa Aliança logo perderia força pois estava contra o moto da história, contra o capitalismo liberal que aumentava o poder econômico da população abrindo espaço para a facilitação das revoltas contra o absolutismo, que era um empecilho ao desenvolvimento do livre comércio. Com interesses nos Bálcãs, que saía do poder do Império Otomano, esses mesmos aliados “santos” iniciais iniciariam uma corrida militarista para se apossar dessas novas terras com um novo arranjo de alianças, entrando em conflito direto um com o outro.
http://www.newadvent.org/cathen/07398a.htm
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30 de janeiro de 2015
Bernhard Odehnal
Publicado no site da Rádio Vox.

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