"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

PARA SE SALVAR, DILMA TEM DE SEGUIR A RECEITA DA OPOSIÇÃO

 

A sorte está lançada. A presidente Dilma Rousseff iniciou, ontem, efetivamente o segundo mandato, ao anunciar a nova equipe econômica. O sentimento no Palácio do Planalto é o de que, ao rasgar a política que prevaleceu no primeiro mandato, a petista abriu mão de convicções importantes. Não está se dando o direito de errar.

Dilma sabe que o que está em jogo, daqui por diante, é a permanência do PT no poder. Se continuasse insistindo nos equívocos dos últimos quatro anos, certamente ajudaria a oposição a retornar, mais facilmente, ao Palácio do Planalto. A ironia é que a presidente está precisando seguir a receita da oposição para se livrar do fiasco.

Quem se der ao trabalho de recuperar o discurso de Dilma durante a campanha eleitoral verá que seu novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tratou de jogá-lo no lixo ao se apresentar como novo guardião dos cofres públicos.
Ele ressaltou que, sem um ajuste consistente nas finanças do governo, indicando compromissos com metas de superavit factíveis nos próximos anos, não há como o país sair do atoleiro em que se encontra.

PRÓXIMOS ANOS 

Levy foi taxativo: “O objetivo imediato do governo e do Ministério da Fazenda é estabelecer uma meta de superavit primário para os três próximos anos, compatível com a estabilização e declínio da relação dívida bruta em percentual do PIB (Produto Interno Bruto)”.
Desde que Dilma tomou posse, em 2011, e a gastança se instalou na Esplanada nos Ministérios, o endividamento total do país saltou de 53% para 61%. É o maior nível entre as nações emergentes.

O sucessor de Guido Mantega foi além, ao frisar que não haverá mais transferências de recursos do Tesouro Nacional para os bancos públicos. Durante a caminhada à reeleição, Dilma frisou que, se a oposição chegasse ao poder, “não ficaria pedra sobre pedra” nas instituições financeiras federais.
E alardeou que programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida e os financiamentos à agricultura, seriam destruídos. Nada disso vai acontecer. Apenas, com o rigor de Levy, todas as liberações de recursos públicos serão feitas de forma criteriosa.

SEM CRESCIMENTO…

Nem mesmo Nelson Barbosa, que comandará o Ministério do Planejamento e é mais alinhado ao pensamento de Dilma, deixou de jogar uma pá de cal sobre a política econômica do primeiro mandato da chefe. Ele ressaltou que, sem crescimento, não há como fazer inclusão social.
A petista, na corrida por mais quatro anos no Planalto, reforçou que a população não comia PIB.

A tendência é de que, nos próximos dias, a nova equipe vá anunciando uma série de medidas para mostrar que o compromisso de Dilma de fazer o país voltar a crescer com inflação na meta é para valer.
É verdade que as primeiras palavras de Levy não causaram a comoção que o mercado financeiro esperava. Foi firme, deu direções, mas não se aprofundou nos detalhes, até para não alimentar muitas expectativas, já que ele mesmo está caminhando sobre um terreno minado.

01 de dezembro de 2014
Vicente Nunes
Correio Braziliense

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