"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O PSICOPATA (QUE NÃO ESTÁ MAIS) EMBAIXO DA CAMA - PARTE III

Artigos - Globalismo

“Nossa maior arma secreta é privá-lo de um inimigo.”
Georgi Arbatov, dito em University of California Irvine, 1988
 
“A aceitação ocidental dessa nova ‘liberalização’ como genuína, criaria condições favoráveis para a realização da estratégia comunista [...]. A ‘Primavera de Praga’ foi aceita pelo Ocidente e não apenas pela esquerda, com uma espontânea e genuína evolução de um regime comunista para uma forma de socialismo democrático e humanista, a despeito do fato de que basicamente, o regime, a estrutura do partido e seus objetivos, permaneceram os mesmos [...]. Uma ‘liberalização’ em escala mais ampla na União Soviética e em outros lugares teria um impacto ainda mais profundo.”Anatoliy Golitsyn, New Lies for Old [1984]
 
“… a Rússia venceu a inércia provocada pelo colapso e começou a reavivar seu poder, enquanto o Ocidente, embalado pelo doce devaneio do ‘fim da história’ liberal, castrou suas forças armadas a tal ponto, que eles só poderiam ser eficientes liderando guerras coloniais contra inimigos fracos e tecnicamente atrasados. O equilíbrio de forças na Europa foi desajustado em favor da Rússia.”Pravda.ru, novembro de 2014.

Após a queda da União Soviética, os porta-vozes de Moscou convenceram o mundo que a Rússia estava fraca e, portanto, não representava mais qualquer ameaça a qualquer um. Com seu exército desintegrado e uma política pós-comunista, a Rússia passou a se disfarçar de “parceira” do Ocidente. Quando o soviético perito em assuntos americanos, Georgi Arbatov, disse em 1988 que a “grande arma secreta” dos soviéticos era privar a América do seu inimigo, ele estava falando seriamente. A abertura e a amizade eram literalmente armas para um novo tipo de guerra. O segredo, neste caso, não estava garantido pelo silêncio ou pela discrição, mas pela disposição que o Ocidente tem para ser enganado. Arbatov pôde jactar-se abertamente sem temer que a “grande arma secreta” do seu país fosse comprometida, pois como acabou se vendo a arma era irresistível. A opinião especializada, mesmo quando alertada que estava sob um novo tipo de ataque, jamais acreditou estar sendo atacada por sorrisos e amistosos apertos de mão.
 
A elite da KGB foi recrutada para ajudar nessa nova ofensiva, como disse o agente anônimo da KGB “Nikolay” à Karen Dawisha: “[Você será parte de uma] estrutura clandestina onde você trabalhará com a nata. Seus arquivos pessoais serão removidos dos demais arquivos.
Ninguém jamais saberá seu passado. Você se tornará um agente clandestino; você começará a trabalhar pela pátria”. Como afirmou Nikolay mais adiante, “Nós, os patriotas da KGB, estávamos movendo milhões e mais milhões de dólares de cofres de bancos. E junto desses mesmos canais movíamos dinheiro do crime organizado; chegamos ao ponto que eu não conseguia mais distinguir qual dinheiro pertencia à KGB e qual pertencia à máfia. Em resposta ao meu tímido questionamento eles responderam: apenas mova o maldito dinheiro. E eu movi.”
 
Uma das pequenas porém significativas discrepâncias que Karen Dawisha colocou em seu livro, Putin’s Kleptocracy, foi quando o guarda-costas agente da KGB, Viktor Zolotov, estava rondando Boris Yeltsin (enquanto ele estava em pé em um tanque) durante o golpe de agosto de 1991 (que teve apoio da KGB). Dawisha descreve Zolotov como um apoiador do golpe de agosto e não um apoiador de Yeltsin. É possível que haja uma explicação mais sutil do paradoxo de Zolotov, é claro, mas essa explicação poderia abordar o súbito ressurgimento da Rússia como um poder hostil? Oh — você diria — mas os integrantes da KGB eram apenas uma gangue de ladrões!
Uma gangue de ladrões ter tomado o controle da Rússia não explica como a Rússia emergiu com novas vantagens militares. Segundo Dawisha, “quando Putin foi a Moscou em 1996, uma das primeiras posições que ele ocupou foi no Diretório da Direção Central...” E qual era a verdadeira missão desse diretório?
 
De acordo com Dawisha, um memorando de agosto de 1990 vindo de Vladimir Ivashko, General Adjunto da Secretaria do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), pedia por um “canal autônomo para acessar o caixa do Partido, pois chegaria uma hora que o PCUS não seria o único partido na URSS.
 
Segundo o livro de Dawisha, “o memorando pedia medidas específicas para proteger os ‘interesses econômicos’ do Partido; formar novas estruturas econômicas em países estrangeiros para prover uma base para uma economia ‘partidária’ invisível; estabelecer um banco estrangeiro para que o Comitê Central ‘conduzisse operações monetárias’; e fazer uma consulta com relevantes instituições do Estado com o fim de usar a ‘propriedade nacional’...”
 
Então o voo do capital na Rússia e o parcelamento da propriedade do Estado sempre foram parte do plano? Evidências mostram que essas ações não foram em qualquer grau mais espontâneas que o próprio processo de liberalização. Isso não foi realização de meros oportunistas, mas algo arquitetado cuidadosamente pelos estrategistas do Partido Comunista. 
O memorando do General Adjunto Ivashko dizia mais adiante: “...deve haver uma estrita observância na discreta confidencialidade e no uso de fachadas anônimas para disfarçar o uso direto do dinheiro do PCUS. O objetivo final é construir uma estrutura econômica partidária ‘invisível’...”
Não havia intenção em se mudar para a democracia, diz-nos Dawisha, ou de desenvolver uma genuína economia de livre mercado. Nunca houve sinceridade. Foi tudo um engano.
 
As vastas somas movimentadas pela gangue de Putin nunca pertenceram à própria gangue. Na verdade, as contas externas e ações corporativas ainda pertencem a um partido que pretende manter-se “invisível” nos seus tratos. Com efeito, vemos esse padrão de invisibilidade por todo o mundo. Mais do que nunca, o comunismo começou a operar por meio de falsos fronts em Venezuela, Brasil, África do Sul e Europa. Sob esses fronts, os comunistas mantiveram em segredo suas vitórias.
 
Paul Klebnikov descobriu um memorando enviado ao PCUS por um coronel da KGB que também era o Primeiro Chefe do Diretório e que fora transferido para o Departamento Administrativo do Comitê Central do Partido Comunista. Lê-se o seguinte: “Os ganhos acumulados no tesouro do Partido que ainda não foram contabilizados em relatórios financeiros podem ser usados para comprar ações de várias companhias, empresas e bancos. Por um lado, isso criará uma fonte estável de renda, independentemente do que venha a acontecer com o Partido.”
 
Após a estratégia da falsa liberalização ter saído pela culatra na Alemanha Oriental, e a URSS supostamente ter se tornado menos estável em 1991, o Presidente da KGB, Vladimir Kryuchkov, autorizou “regulamentação provisória de uma estrutura secreta operante desde dentro da KGB”. Essa estrutura secreta tinha de possuir uma fonte de renda e consistir não apenas dos mais leais agentes da KGB, mas também dos mais dedicados de todo o quadro da organização.
 
O chefe da estação da CIA em Moscou, Richard Palmer, testemunharia mais tarde: “No verão de 1991, uma economia partidária invisível, gigantesca e sutilmente afinada envolvida de maneira corrupta até a raiz com o governo atual, passou à clandestinidade... Quanto disso eles conseguiram esconder?”
 
Na obra Russia’s Secret Rulers, Lev Timofeev escreveu: “O perigo não está naquele que até ontem era secretário do comitê distrital do Partido tornar-se um proprietário de indústria ou banqueiro. Deixe-o.
O problema é que, na verdade, essa pessoa é das antigas, uma pessoa atrelada à conspiração, amarrada pelas mãos e pelos pés à sua classe social — o próprio aparato [governamental], o complexo militar-industrial e a KGB.
Ele depende dessa trindade em tudo que ele faz, pois ele obtém seus direitos de propriedade deles por um preço: um juramento silencioso de lealdade. Se ele quebrar esse juramento, ele não continuará a ser proprietário por muito tempo”. (p. 143)
 
Dawisha descreveu a Rússia de Putin como “um complexo sistema informal onde os subgrupos são constantemente balanceados em relação aos outros, com Putin sozinho sendo o juiz supremo”. No sistema nazista, essa descrição serve perfeitamente para o papel de Hitler.
 
Mas ela realmente descreve o papel de Putin ou ela serve para nos confundir ainda mais? Se olharmos no padrão dos assassinatos e no enorme tamanho das estruturas soviéticas ocultas, pode existir apenas uma explicação para a coesão organizacional deles; e essa explicação é encontrada na teoria de que o Partido Comunista da União Soviética continua a ser moderador entre os vários corpos que agem nos bastidores (assim como o desertor da KGB Anatoliy Golitsyn previu quando disse, em 1984, que uma falsa liberalização estava por vir na URSS e que os comunistas se manteriam no controle).
 
Com efeito, isso é a unidade e a disciplina em níveis estratégicos na Rússia. Dawisha quer nos fazer crer que estamos diante de um consórcio privado de renegados da KGB; embora essa explicação se encaixe na explicação de muitos dos fatos, ela não serve para todos os fatos. Porquanto, se as estruturas ocultas do Partido não estivessem mais lá, e se o Partido Comunista da União Soviética não importasse mais, por que preservar os símbolos do Partido? Por que celebrar a data de nascimento da Cheka (que era a espada e o escudo do Partido)?
 
Recentemente Sergei Grigoryants, um dos mais bem conhecidos ativistas russos pelos direitos humanos, escreveu um artigo intitulado “O fim da perestroika, o ressurgimento da KGB russa e a guerra contra a civilização europeia”. De acordo com Grigoryants, o ressurgimento da guerra sempre foi parte do plano de Moscou.
 
Sendo assim, quando a ex-Secretária de Estado Madeleine Albright admitiu estar atordoada pelas mentiras russas, Grigoryants viu nesse ato uma triste admissão de ignorância. Afinal de contas, foi durante os anos 1990 que a maior parte das ultrajantes mentiras russas foram ditas; dentre essas mentiras estavam a de que a Rússia estava se tornando uma democracia e que a Guerra Fria havia acabado.
“Está na hora de percebermos qual mundo estamos nos aproximando”, disse Grigoryants, “qual é o balanço de forças, qual futuro nós vamos enfrentar e o que precisa ser feito”.
 
Enquanto admite que o Ocidente merece congratulações pela sua unidade ao enfrentar as ações agressivas russas, Grigoryants não pode dar aos líderes ocidentais nenhum crédito além desse. “Mesmo que essa unidade não possa dissuadir Putin de abandonar esse projeto, que é destruir a ordem global que foi estabelecida após a Segunda Guerra Mundial...” Os americanos sempre fizeram um julgamento errôneo da Rússia, ele observou.
 
Apenas o oficial da KGB, Anatoliy Golitsyn, previu acertadamente a perestroika de Gorbachev. Grigoryants louva o insight de Golitsyn, que lamentavelmente foi ignorado pelos estrategistas americanos. Ele jamais foi entendido. Eles ainda não entendem.
 
Se os alertas de Golitsyn fossem ouvidos pelos líderes ocidentais eles não seriam pegos desprevenidos; pois ao que parece, algo mais sério está por vir. De acordo com Grigoryants, “Infelizmente, a Sra. Albright e vários líderes dos Estados Unidos que se consideraram incondicionalmente vencedores da Guerra Fria terão que colher agora a recompensa da total incompreensão de tudo que aconteceu na União Soviética e na Rússia durante os anos da ‘perestroika’”.
Qual é esse problema “mais” sério que está por vir?
 
O Pravda.ru recentemente publicou um artigo intitulado “Rússia prepara surpresa nuclear para a OTAN”. O artigo delineia as falhas estratégicas do Ocidente. O Pravda regozija-se com o sucesso da política russa: “O que acontece é que hoje as forças nucleares estratégicas da Rússia (SNF) estão ainda mais avançadas em comparação às dos EUA, pois os russos se asseguram da paridade de ogivas usando como base com um número significantemente menor de armas nucleares estratégicas [como contagem].
Essa lacuna entre Rússia e EUA pode até crescer no futuro, dado o fato que os oficiais de defesa russos prometeram rearmar a SNF russa com uma nova geração de mísseis”.
 
Então eis a admissão: a Rússia ultrapassou a América graças às negociações do START-3. Tendo eliminado Moscou como um sério rival geopolítico”, explicou o Pravda, “e se iludindo com uma superioridade de uma tecnologia militar inacessível, Washington levou a si mesmo para uma armadilha da qual não se vê como se libertar mesmo em médio prazo”.
De fato, uma armadilha! E não “há saída”!
 
Em outras palavras, a Rússia conquistou superioridade nuclear e o Ocidente está em apuros. A segunda parte do artigo do Pravda é intitulada “Rússia toma completa vantagem das castradas forças armadas do Ocidente”. O regozijo continua com a seguinte sentença: “A ilusão de supremacia mundial fez com Washington uma piada cruel”. Evidentemente, ilusões não fazem piadas cruéis — apenas pessoas fazem piadas cruéis. Foram, na verdade, as estruturas secretas do Partido Comunista da União Soviética e a KGB que facilitaram essa piada cruel. Como se observou ainda no Pravda, “A situação tem se desenvolvido por duas décadas até chegar ao cenário supracitado”.
 
Venho prevendo esse momento por 27 anos; isto é, o momento quando os russos retirariam sua máscara do dia das bruxas e revelariam sua face totalitária. Nunca tive a ilusão de que a América ou o Ocidente fossem “acordar” antes que os líderes do Kremlin tivessem uma vantagem crucial. Ao mesmo tempo não acredito que eles prevalecerão no final.
 
Quando quase todo mundo perceber o que aconteceu, as pessoas pedirão uma prestação de contas. O que é escrito aqui é uma pequena tentativa em nome desse objetivo.
 
Não é questão de culpar alguém, mas de evocar ideias e unir pessoas na última hora antes do fim. Seja qual for o desastre que recaia sobre nós, estaremos mais bem equipados para enfrentar os perigos quando possuirmos uma imagem clara do que deu errado. Essa imagem deve incluir uma abordagem detalhada do otimismo fatal e sedutor que ainda mesmo agora nos impede de entender completamente o problema que enfrentamos.
 
Os líderes do Ocidente não poderiam mudar de caminho porque a lógica da nossa civilização é a lógica do otimismo econômico. Evidentemente, o otimismo econômico é em si mesmo necessário ao sucesso econômico. Tal otimismo é geralmente bom exceto pelo fato de que ele fracassa completamente quando confronta um inimigo.
 
O fiasco já vem sendo construído há um quarto de século e agora é hora de substituir o otimismo econômico com o realismo político. Não seja enganado pela aparente força do inimigo; pois enquanto a fraqueza do inimigo era uma fachada parcial, da mesma forma é sua atual força. Psicopatas politicamente organizados, sejam implacáveis e astutos o quanto for, só podem vencer se nós nos rendermos a eles. E jamais devemos fazer tal coisa.
 
O psicopata embaixo da cama agora saiu para agir; e embora ele tenha melhores ferramentas, ele ainda é um ser ineficaz, inadaptado, um fracasso. Ele pode machucar muitas pessoas, mas não pode construir nada de valor. Ele mora em uma Casa de Mentiras construída sobre um monte de cadáveres. Ele promete apernas morte, e não vida. E essa é uma verdade que não podemos esquecer.

http://jrnyquist.com

Tradução: Leonildo Trombela Junior
01 de dezembro de 2014
Jeffrey Nyquist

Um comentário:

  1. Ocidente é um Pederasta Veado, degenerado e podre! Os Estados Unidos são uma merda comunista-maçonica-judaizada que sustenta o comunismo global!

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